A Análise - Rota 66
Por: Bruna Klingspiegel • 4/10/2020 • Resenha • 328 Palavras (2 Páginas) • 359 Visualizações
O livro Rota 66 – A história da polícia que mata é muito mais do que uma “extensão da reportagem”. Caco apresenta todos os dados colhidos durante a pesquisa. Ele analisa documentos, entrevista diversas fontes, as observa e investiga todo o material colhido, além de contextualizar o período histórico explorado. O texto utiliza-se da linguagem literária e tenta aproximar o leitor dos fatos investigados. O subtítulo prevê o que será afirmado ao decorrer do livro: A ROTA mata inocentes e recorre aos mesmos métodos utilizados na ditadura na caça aos guerrilheiros da oposição.
O AI-5 durou até 1979. O Ato institucional em questão possibilitava o presidente da república de ter plenos poderes para fechar o congresso, intervir nos Estados e Municípios, caçar mandatos e suspender direitos políticos. Com o AI5, ficou suspensa a garantia a Habeas Corpus aos acusados de crimes contra segurança nacional e infrações contra ordem econômica e social e a economia popular. O Estado de exceção converteu o 1º Batalhão “Tobias de Aguiar” nas Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA). A princípio, ela agia apenas na Ronda Bancária contra os assaltos a banco da guerrilha. Com a derrota da guerrilha, ainda no início dos anos 70, as Tropas de Choque foram mantidas no policiamento e na repressão ao crime comum.
Rota 66 revela o elo entre centenas de assassinatos mal explicados pelos policiais, pelos órgãos oficiais e até pela própria imprensa.
A partir dos fatos narrados por Caco, é possível compreender não só o papel da polícia durante o regime militar, mas também serve como análise da estrutura e do papel da polícia no Estado nos dias de hoje. Onde a falta de treinamento, a cultura do combate e a impunidade estão enraizadas e fazem parte do cotidiano militar ou seja a Polícia militar brasileira guarda um perfil semelhante ao da polícia do período ditatorial, onde a impunidade e a conivência do Estado reforçam o racismo estrutural e os assassinatos de inocentes nas periferias.
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