A Próxima Vítima
Por: Zé Pereira • 4/1/2020 • Trabalho acadêmico • 2.197 Palavras (9 Páginas) • 175 Visualizações
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A PRÓXIMA VÍTIMA:
Proposta de Adaptação para os Novos Média
Rodolfo Pereira | 91453
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Resumo Este trabalho propõe-se a apresentar um projeto de
atualização para os novos média da novela A
Próxima Vítima, criada por Sílvio de Abreu e dirigida
por Jorge Fernando, exibida pela Rede Globo de
Televisão entre março e novembro de 1995. Após
a identificação dos principais elementos narrativos
da novela, eles serão encaixados em um novo
formato que mistura uma proposta de remake para
a trama original em formato de “supersérie” (trama
mais curta, com maior domínio do autor), além da
adição de diversos elementos de uma estratégia
transmídia.
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Introdução: Quem matou?
As telenovelas têm uma relação íntima com a cultura brasileira. A primeira a ser produzida no Brasil foi “Sua Vida Me Pertence”, exibida entre dezembro de 1951 e fevereiro de 1952 pela extinta TV Tupi. Dirigida, escrita e estrelada por Wálter Forster, como o videotape ainda não havia sido inventado, a trama sobre um triangulo amoroso teve todos os seus capítulos encenados em direto. Surgida como uma tentativa de adaptar o formato de radionovela, muito popular na época, para a recém-inaugurada televisão, a aposta acabou por começar um formato que hoje é um dos principais produtos televisivos do país.
As novelas no Brasil são um fenómeno de massa. Apesar de estar na periferia do mundo e tomado pela desigualdade social, a penetração da televisão no país
- enorme e paradoxal. As telenovelas são uma presença constante que dita regras de consumo, tendências e até jeitos de falar. Elas têm o poder de construir uma comunidade nacional, mesmo em um país tão amplo e múltiplo como o Brasil (Lopes, 2003).
No inicio, as novelas brasileiras seguiram de perto o que os outros países latinos estavam fazendo, dramalhões exagerados e tramas extravagantes tomam conta da TV, até que entre os anos 1960 e 1970, a novela brasileira acha seu formato, mais focado no cotidiano e na realidade do país, despedindo-se do estilo exagerado e focando em melodramas mais próximos da realidade (Xavier, 2015).
As novelas brasileiras também divergem das Soap Operas americanas, ao passo em que começam com um prazo definido, geralmente de 9 meses, com uma história básica para ser contada, mas que pode (e é) alterada devido a reação do público aos personagens e suas tramas (Paixão Da Costa, 2001).
Mocinhas inocentes, vilões imorais, as tragédias do início e os casamentos do último capítulo, diversos são os arquétipos e clichês repetidos pelas novelas, entre eles está um artifício muito usado, especialmente quando a audiência está abaixo do esperado, o famoso “quem matou?”.
Em tramas recheadas de personagens e de dramas familiares, não é difícil arrumar desculpa para um assassinato, uma artimanha narrativa que permite ao autor mover o foco das confusões amorosas para uma trama de suspense, dando a possibilidade de alongar um pouco mais a história antes de deixar os mocinhos terem seu merecido final feliz. Diversos são os assassinatos famosos na televisão brasileira, o de Odete Roitman, em “Vale Tudo” (1988) é considerado um marco, o capítulo em que é revelado seu assassino conseguiu 86 pontos de audiência (a média geral da novela foi de 56 pontos).
Subvertendo esse artificio e com pretensões de ser uma combinação do melodrama característico das telenovelas com uma trama policial de suspense, estreia em 1995 a novela “A Próxima Vítima”.
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A Próxima Vítima
Uma tempestade cai sobre São Paulo. As ruas alagam e nas grandes avenidas os carros estão parados. Paulo Soares (Reginaldo Faria, um dos principais nomes do elenco) atende um telefonema. Nervoso com o que quer que tenha ouvido do outro lado da linha, ele sai de seu escritório em disparada. Invade a rua tentando parar um taxi quando um Opala preto avança com tudo em sua direção. O carro se choca contra Paulo que cai no asfalto já desacordado. Seu sangue escorre junto com a chuva pelo bueiro. O assassino do zodíaco chinês fazia sua primeira vítima.
Assim começava, em 13 de março de 1995, a novela “A Próxima Vítima”, escrita por Sílvio de Abreu, autor famoso por suas tramas policiais e dirigida por Jorge Fernando, famoso pelo seu tom cômico. Exibida na faixa das 20h, o principal horário de novelas da TV Globo, a novela tenta casar uma trama de perseguição a um assassino serial com o melodrama familiar costumeiro.
Localizada nos bairros da Mooca e do Bixiga, ambos centros de forte imigração italiana localizados no coração da capital paulista, a novela segue a história de Ana, dona de uma cantina italiana que tem um relacionamento extraconjugal por 20 anos com Marcelo, que por sua vez é casado por interesse com a rica Francesca (e ele também tem um caso com Isabela, sua sobrinha). Ana, por outro lado, é cortejada pelo feirante Juca, meio-irmão de Marcelo e... bom, mais complicado que o mistério policial é o emaranhado de triângulos (quadrados, hexágonos...) amorosos da trama. Em linhas gerais, existem dois núcleos principais, o de Ana, focado no bairro do Bixiga e com personagens mais pobres, e o de Francesca, cercada por pessoas ricas no bairro da Mooca.
Nas suas tramas secundarias, a novela tratou de diversas questões sociais. Foi uma das primeiras a apresentar uma família negra de classe média em seu núcleo principal, um dos filhos dessa família se revelou gay durante a trama e manteve um relacionamento com Sandro, filho da protagonista Ana. Além do racismo e homofobia, a novela também tratou da questão das crianças desaparecidas, da prostituição como profissão e de relacionamentos entre pessoas com idades discrepantes.
A trama principal era a investigação dos assassinatos. Ao todo, ocorreram 12 mortes, todas as vitimas recebiam uma lista com o horóscopo chinês e o Opala preto do assassino estava sempre por perto, prenunciando as tragédias. As mortes eram variadas, iam de atropelamento e tiros até um acidente de cavalo forjado. As vitimas pareciam aleatórias, mas ao final dos 203 capítulos, é revelado que as mortes estão conectadas, foram motivadas por queima de arquivo. Adalberto (pai de Isabela) assassinou Gigio di Angelis em 1968, em uma festa em um Iate, ele foi ameaçado por alguém que sabia da verdade e decide matar todos os que estavam no Iate ou que poderiam saber de algo. Quem acaba por descobrir tudo é Irene, uma estudante de direito que teve o pai e a tia assassinados.
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