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O Meio radiofônico: Invenção e reinvenção do tambor tribal

Por:   •  26/4/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.095 Palavras (9 Páginas)  •  290 Visualizações

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AULA 07

 O meio radiofônico: invenção e reinvenção do tambor tribal 

Para ele o veículo seria uma espécie de transe, uma magia tribal percussiva que, como mostra um relato em uma pesquisa de opinião levantada pelo autor, nos coloca dentro de um meio.

Marshall McLuhan criou a expressão tambor tribal para referir-se ao rádio.

“Quando ouço rádio, parece que vivo dentro dele. Eu me abandono mais facilmente ao ouvir rádio do que ao ler um livro” (McLuhan, M. Os meios de comunicação como extensões do homem, São Paulo: Cultrix, 1969, p.335).

Desse abandono a uma prestação eficaz de serviços aos ouvintes – como as condições do trânsito nas grandes cidades – vai-se uma história fantástica de um meio que em plena era da velocidade de informação procura outras condições de existência, pois veloz ele já era por excelência.

Nessa aula veremos a história desse meio no Brasil e no mundo. Da sua invenção técnica aos dias de hoje.

De sua vocação amadora e elitista em radio clubes/sociedades ao profissionalismo desse que não perderá possivelmente jamais sua voz; pequena caixa que não ficará muda de repente ...

A invenção e disseminação do rádio

Como quase toda invenção técnica, o rádio tem uma pré-história.

Certas necessidades de se comunicar a distância já estavam presentes antes que Guglielmo Marconi através da experiência de Pontecchio em 1894 conseguisse captar os sinais do código Morse através de um transmissor rudimentar situado centenas de metros de distância.

Era a comprovação de “que a perturbação eletromagnética das ondas hertzianas podia ser captada sob a forma de sinais, amplificada e transmitida a distância como sinal análogo” (Carlo Sartori, O rádio - um veículo para todas as ocasiões, In Giovanni Giovannini. Evolução na comunicação. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987, p. 217-218. ).

Essa pré-história da comunicação a distância atravessa o pombo-correio, os serviços postais, o telégrafo e envolve os estudos físicos de Maxwell e Hertz.

Como o rádio fora usado primariamente para coordenar viagens de navios (...) Marconi estabeleceu uma série de estações de rádio de praia a fim de receber e retransmitir sinais cruzando o oceano”. (Staubhaar e Larose. Comunicação, mídia e tecnologia. São Paulo: Thomson, 2004, p. 56)

Alguns casos do rádio

O modelo que prevalece é o comercial nesse primeiro momento e em grande parte até hoje.  Alguns casos são interessantes de serem levantados por aqui:

Em 1920, a estação KDKA, da Westinghouse, transmite ao vivo a eleição do candidato repubicano Warren Harding (eleito, mas que não completou o mandato devido a sua morte). Já no ano seguinte a RCA transmite uma luta de boxe ao vivo, primeira experiência do rádio com os esportes.

O rádio e “A Guerra dos Mundos” – O cineasta Orson Welles protagoniza esse marco na história do rádio as vésperas do festa do dia da bruxas nos EUA em  1938. Wells fez a adaptação da obra de ficção científica de HG Wells em que marcianos chegam a terra. Os ouvintes aterrorizados com o que ouviam no rádio entraram em pânico achando que alienígenas chegavam de fato ao planeta. Fundindo radioteatro e radiojornalismo e percebendo que o rádio é um veículo altamente sensorial, Welles fazia cinema no rádio com imagens mentais.

Por fim, um trecho de um discurso de Hitler nos idos de 1930 em uma rádio em Munique:

Sigo meu caminho com a segurança de um sonâmbulo.

Sonâmbulo como o povo alemão que pelas ondas do radio entrava na onda do terceiro Reich

O rádio como meio de comunicação de massa;

Do caráter mais experimental à necessidade de comunicar com rapidez e em um amplo espectro, o rádio torna-se um veículo de massa.

A única lei vigente era a Radio Act de 1912 que concedia licenças para transmissão e só existia no EUA.

Através de três mudanças, o rádio torna-se veículo de massa:

Consumo em massa de aparelhos receptores: Através de aparelhos mais simples de usar e mais baratos

Regulamentação do uso das frequências: A insuficiência legislativa leva a regulamentação estatal. O novo Radio Act, de 1927, regulamenta as frequências e a transmissão passa a ser regular.

Constante  patrocínio  para tornar a produção regular: Surgem redes nacionais que conjugam programação local e nacional.  Multiplicam-se as transmissões ao vivo.  A publicidade se aproveita dessa novidade.

“A publicidade teve, desde o início, uma influência penetrante sobre o rádio, claramente direcionando sua programação para o desenvolvimento. Intimamente ligada ao consumismo e à promoção de uma nova e moderna ética do prazer. A publicidade endereçou o formato de programação radiofônico norte-americano para a música popular e leve”.  

(Carlo Sartori. O rádio um veículo para todas as ocasiões, In Giovanni Giovannini. Evolução na comunicação. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987, p. 225. )

Nos EUA predomina

O modelo comercial desde o inicio, visando conquistar público para vender sua atenção aos anunciantes. Surge a primeira rede radiofônica, Att, 1924.

 O Rádio difundiu novos gêneros musicais como o jazz. Os anos 20 também conhecidos como a “era do jazz” têm no rádio voz decisiva. Uma boa referência para entender essa década nos EUA é  F Scott Fitzgerald que publica seu “Contos da Era do Jazz” em 1922.

A indústria radiofônica tem importância fundamental para o surgimento do cinema sonoro.

Na Europa predomina>>Modelo público capitalista

Independente do Governo, regime de concessão e monopolista, financiado pelos usuários (através de sistema de assinaturas).

 Principais objetivos são divertir e educar.

Publicidade é banida.

Programação que continha música, dramaturgia, aulas.

Serve de modelo para outros países, principalmente depois da Segunda Guerra.

Objetividade na informação (que se tornará principal característica do veículo).

Na Alemanha predomina: O rádio é veículo chave, como já observamos para difusão do nacional-socialismo.

Sartori coloca que:

“  A RADIOFONIA CONHECEU UMA DIFUSÃO EXCEPCIONAL SOB O NAZISMO: EM 1936 JÁ SE CONTAVAM COM 7 MILHÕES DE APARELHOS RECEPTORES (...) A ESTAÇÃO DE BERLIM TRANSMITIA EM ONDAS CURTAS PROGRAMAS EM 28 LÍNGUAS, COM O OBJETIVO DE SUSCITAR A SIMPATIA DA OPINIÃO PÚBLICA INTERNACIONAL E O APOIO ATIVO DE PATROCINADORES DO NAZISMO NO EXTERIOR” Carlo Sartori. O rádio um veículo para todas as ocasiões, In Giovanni Giovannini. Evolução na comunicação. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987, p. 230- 231.

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