O impacto do racismo sofrido por Daniel Alves nas coberturas dos jornais El País e Estadão
Por: Lorena Valença • 28/11/2018 • Monografia • 5.071 Palavras (21 Páginas) • 312 Visualizações
O impacto do racismo sofrido por Daniel Alves nas coberturas dos jornais El País e Estadão
Autores:
Jade Nayara, João Gonçalves, Lorena Valença, Mariana Quintanilha, Marcia Silva, Stephanie Almeida
Resumo:
O preconceito e o racismo estão presentes na sociedade há muito tempo, no futebol não seria diferente, ocorrem muitos casos de discriminação, por isso o objeto de estudo escolhido retrata esse tema com o caso do jogador Daniel Alves, que em 2014 foi vítima de racismo durante o jogo do Barcelona, time que pertencia na época.
O presente estudo teve como intuito comparar a abordagem da mídia nacional e internacional, tendo como objetos de pesquisa os veículos Estadão e El País. Foram utilizadas as teorias Newsmaking e Agenda Setting para relacionar as construções dos fatos obtidos através das notícias dos veículos já citados.
Palavras Chave:
Preconceito, Racismo, Negro, Futebol Brasileiro, Banana.
Introdução
O caso que foi selecionado neste artigo é o do Daniel Alves, que em 2014, vítima de racismo, durante o jogo do time em que jogava (Barcelona), quando um torcedor do time adversário jogou uma banana no campo e o xingou de macaco. Daniel tomou uma atitude inesperada e comeu a banana como resposta do acontecido. Diversas celebridades, sensibilizadas com o caso, criaram uma campanha de apoio ao jogador e combate ao racismo, por meio de redes sociais.
Os meios selecionados para o artigo foram, o El País e Estado de São Paulo, onde será analisada a diferença de cobertura e posicionamento de ambos os veículos. Posicionando ao leitor qual a tendência e objetivo de tais abordagens, propondo um pequeno resumo de conteúdo disponível em cada veículo, bem como curiosidades de ambos e como cada país abordou o assunto em seus jornais.
Em seguida, são feitas análises e descrição das notícias pré-selecionadas, para a melhor compreensão dos leitores referente ao trabalho, onde obtém uma breve leitura das notícias em questão, com maior relevância para a análise do objeto do estudo.
Por fim, construiu-se os fatos relacionados com as teorias, Newsmaking, Agenda Setting, Mauro Wolf e Galtung & Ruge, onde o leitor poderá então compreender e comparar as teorias utilizando também as coberturas jornalísticas do caso. Na Conclusão, faz-se uma análise final das informações levantadas, respondendo as questões que impulsionaram o desenvolvimento deste trabalho.
Apresentando trechos de entrevistas semiabertas, pesquisa Survey e dados coletados em pesquisa para complementar o contexto e relação entre Racismo e preconceito, histórico e o Racismo no Futebol.
Apresentação do assunto
Em 2014, o jogador Daniel Alves foi vítima de racismo, durante um jogo do time Barcelona, durante a partida contra o Villareal, um torcedor adversário jogou uma banana no campo e o xingou de macaco. Em forma de protesto, Daniel em atitude inesperada, pegou a banana e a comeu. Diversas celebridades, sensibilizadas com o caso, criaram uma campanha de apoio ao jogador e combate ao racismo por meio de redes sociais.
Racismo x preconceito
Segundo o psicólogo, Kwame Yonatan Poli dos Santos, a origem do preconceito no ser humano é:
"Os diferentes preconceitos possuem diferentes origens. Temos preconceitos, porque somos ignorantes, temos preconceitos porque odiamos. Acima de tudo, todas e todos nós aprendemos a ser preconceituosos, foi-nos ensinado, desde muito cedo, que ser diferente é ruim, que diferença significa desigualdade e ser igual a maioria é bom. Porém, a diferença nos une e só aprendemos com a diferença, o conceito de maioria é vazio e não abarca ninguém".
O preconceito racial é o que mais ocorre em todo o mundo, pois as pessoas julgam as demais por causa da sua cor, costumes ou cultura ou são julgadas e discriminadas por ser de uma etnia diferente, religião, idioma ou origem.
O racismo e o preconceito estão interligados já que o racismo é um tipo de preconceito étnico, uma ideia pré-concebida e pejorativa a respeito de uma etnia ou grupo social, e o preconceito pode não estar ligado exclusivamente à aparência física de uma pessoa ou povo, pode estar relacionado ao seu estilo ou opções de vida.
A primeira classificação racial dos seres humanos que se pode ser notada foi a chamada "nova divisão da terra pelas diferentes espécies ou raças que a habitam”, originária da antropologia em 1684, segundo o livro “Racismo - A batalha histórica contra o preconceito: Guia mundo em foco especial”, por On Line Editora, edição 05, página 6.
O referido livro menciona que, em 1758, houve a identificação e classificação dos seres vivos em quatro categorias de homem, atribuindo a cada uma delas características físicas, morais e específicas que contribuem para os futuros pensamentos. Esta possuía a seguinte classificação: Americano – Vermelho e de mau comportamento; Europeu – Branco e sério; Asiático – Amarelo e Melancólico; Africano – Preto e Preguiçoso: e uma outra raça sem definição de geografia chamada de Homo Sapiens Monstruoso.
Essa classificação fez que o mundo fosse concebido por uma “linha de Diáspora europeia”, termo usado para se referir às comunidades em todo o mundo, descendentes do movimento imigratório europeu. A emigração da Europa começou em grande escala, durante os impérios coloniais europeus, dos séculos XVIII e XIX e continua até os dias atuais.
Racismo no Brasil
No Brasil foram 300 anos de escravidão, e já são 128 anos de sua abolição. Também fomos o último país Ocidental a extingui-la. O Brasil é ainda um país racista e quem declara esta verdade é a própria ONU: "Os processos de discriminação étnica e racial, histórica e contemporaneamente, ainda sofrida por indígenas e negros no Brasil são efeitos de uma estrutura social que se fundamenta em uma ideologia racista e sexista.” Segundo o relatório de orientações das nações unidas no Brasil para denúncias de discriminação étnico-racial, (pagina 10, parágrafo 4).
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