Resenha Crítica do Livro Sidarta, de Hermann Hesse
Por: Gabriel Leite • 23/2/2016 • Resenha • 866 Palavras (4 Páginas) • 1.325 Visualizações
Aluno: Gabriel Leite
Turma: EC-1
Matéria: Língua Portuguesa 1
Professora: Filomena
Resenha Crítica do Livro Sidarta, de Hermann Hesse
Resenha Crítica do Livro Sidarta, de Hermann Hesse
Por Gabriel Leite
HESSE, Hermann. Sidarta. Editora Record, 56ª edição, Rio de Janeiro.
Hermann Hesse (1877-1962) é um dos mais renomados e premiados escritores da língua alemã na primeira metade do século XX. Nascido na Alemanha, e posteriormente naturalizado suíço, o autor possui uma respeitável lista de romances hoje considerados clássicos, como O Lobo da Estepe (Der Steppenwolf, no original) e Demian, que contribuíram para o Prêmio Nobel de Literatura, que Hesse ganhou em 1946.
Sidarta Conta a história de vida do protagonista que dá nome à obra, desde sua infância até os últimos momentos de sua vida. Sidarta, nascido na Índia, é filho de Brâmanes e desde criança possui uma aspiração à vida espiritual e à meditação, que o leva a, na juventude, a seguir um grupo de samanas e, consequentemente, conhecer a primeira encarnação de Buda, no livro, nomeado Gotama. Após esse encontro, Sidarta resolve não seguir mais nenhuma doutrina, e acaba recomeçando sua vida na cidade, onde conhece Kamala, uma cortesã que o introduz no mundo da ganância e do amor carnal. Passados anos, o protagonista sai da cidade e recomeça sua vida como ajudante de um barqueiro, o qual vira uma espécie de mentor e grande amigo de Sidarta.
É palpável a presença de uma temática teosófica nesta obra, sendo muito influenciada pela viagem que o autor fez em 1911 à Índia, Nepal e Sri Lanka, visto que o livro, mesmo publicado apenas em 1922, foi escrito em 1912. Hesse foi fortemente influenciado pelo sucesso de outro autor de origem alemã, Arthur Schopenhauer, que também tratava de um tipo de “filosofia metafísica” em sua obra, e Sidarta possui a temática mais relacionada às religiões provenientes da Índia, principalmente o budismo, já desenvolvida pelo escritor suíço. Afinal, o enredo do livro é baseado abertamente na juventude de Buda, cujo nome de nascimento é Siddhārtha Gautama, e o escritor divide esse personagem histórico em dois, criando uma relação de intertextualidade com seu outro livro Demian, como será adiante.
É interessante comentar que boa parte da obra de Hermann Hesse se relaciona com uma temática teosófica, mas sobre abordagens distintas. Em Demian, por exemplo, o protagonista, Sinclair, passa por uma série de indagações parecidas com as de Sidarta, sobre um mundo “de luz” e outro “de escuridão” que permeiam nossa existência. Porém, devido ao contexto diferente em que se encontra, contemporâneo à autoria do livro, nas vésperas da Primeira Guerra Mundial na Alemanha, tudo é visto sobre o ideário cristão da criação de Sinclair, fazendo-se alusão à Marca de Cain, um conto bíblico, e à descoberta de Abraxás, um deus pagão. Para um grupo de críticos literários, Sidarta representa o meio-termo na evolução de um mesmo personagem, que começa em Demian, onde há um maior foco na juventude do protagonista, passa por Sidarta, e termina em O Lobo da Estepe, considerado o maior sucesso do autor.
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