Ética em Aristóteles e Santo Agostinho
Por: Erika Mayara • 26/12/2016 • Trabalho acadêmico • 1.595 Palavras (7 Páginas) • 1.755 Visualizações
Universidade Federal de São Paulo
Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.
Ciências Sociais
A ÉTICA ABORDADA POR ARISTÓTELES EM “ÉTICA A NICOMACO” E POR SANTO AGOSTINHO EM “CONFISSÕES”
FILOSOFIA GERAL
Prof. Dr. Sergio Xavier Gomes de Araujo
Erika Mayara de Sousa – 113.929 – Vespertino
Guarulhos
2016
1. Ética Aristotélica em Ética a Nicomaco;
Aristóteles (384 – 322 a.C.) é conhecido como o filósofo fundador dos estudos acerca da Ética e Moral, tendo como principais obras abordando sobre os temas a Ética a Nicomaco, Ética a Eudemo e Magna Moralia. O primeiro destes ficou conhecido por ser o primeiro tratado da história a abordar o agir humano, a respeito de suas condutas e a finalidade que os levam a determinadas ações. Logo, se essas ações tendem a um fim e este fim é um bem soberano (summum bonum), portanto o fim das ações humanas é o bem. Para o filósofo, a felicidade é este bem supremo, para onde todas as coisas tendem, e é na busca da felicidade que se justificam as boas ações praticadas pelo homem.
A obra Ética a Nicomaco, Aristóteles analisou o aspecto da felicidade e do bem, os quais marcam a busca dos seres humanos na sua caminhada de realização. Ele inicia o seu texto com a ideia de que o bem é a finalidade de todas as coisas. Isso significa que tudo o que fazemos tem o bem por finalidade. A medicina? Visa o bem dos corpos. A equitação? Visa o bem dos cavalos, etc. Entretanto, neste texto Aristóteles não está preocupado nem com as artes, nem com os instrumentos. Sua preocupação está nas ações humanas. Ele defende a felicidade como uma função abrangente e necessária para a realização humana. Segundo ele, há uma diversidade de compreensão, por parte dos homens, acerca da natureza da felicidade.
Muitas pessoas confiam que a felicidade está nos prazeres; outras nas honrarias e riquezas. Sobre ela, há também divergências: alguns a identificam com coisas diferentes, dependendo das circunstâncias. Estes bens (dinheiro, prazeres, honrarias, saúde, etc), são denominados por Aristóteles de bens relativos. Eles são apenas pré-requisitos para atingir a felicidade e, portanto, são meios para se chegar ao fim último (bem supremo).
E como se atinge este bem supremo? Em resposta a esta pergunta, ao longo da obra Aristóteles salienta que somente através da virtude é possível se atingir este sumo bem, e um homem virtuoso nada mais é que aquele que sabe equilibrar a razão e suas paixões. Virtude é a capacidade humana de aplicar a racionalidade e fazer dela uma coisa prática, colocando a razão sempre acima das paixões. Aristóteles aponta que a virtude é o justo meio, uma medida de equilíbrio entre as coisas.
Segundo a ética aristotélica, a felicidade não está relacionada com os prazeres, nem implica em honrarias, mas se estrutura em uma vida repleta de posturas e comportamentos virtuosos. A virtude é uma qualidade positiva que faz com que o indivíduo aja de forma a fazer o bem para si e para os outros, e como pensamento Aristotélico deve-se salientar que este sumo bem (felicidade) não se trata de uma concepção de bem individual mas sempre relacionado á pólis, um bem que abranja o coletivo. Portanto, a felicidade é um fim último e um bem supremo que todos os homens desejam.
2. Ética Agostiniana em Confissões;
Agostinho de Hipona (354 – 430 d.C.) é conhecido mundialmente como um dos mais importantes filósofos e teólogos do cristianismo, sendo até os dias atuais venerado como Doutor da Igreja Católica, desenvolvendo uma filosofia e teologia com uma variedade de métodos e perspectivas desconhecidas até aquele momento. Como cristão convertido, Agostinho acreditava que a graça de Deus era indispensável para a liberdade do homem. Suas principais obras são “A Cidade de Deus” e “Confissões”. Destas obras, Confissões é a obra cujo assunto predominante é a Ética.
Para o teólogo cristão, o homem que conhece as criaturas, mas desconhece o pai que as criou, é infeliz. Agostinho atribuiu a existência de todas as coisas a Deus. Tudo existe, tudo é por obra, vontade e amor de Deus para conosco.
“Donde podia vir semelhante criatura, se não de Vós, Senhor? Alguém pode ser artífice de si mesmo? Ou pode derivar-se doutra parte algum manancial por onde corram até nós o ser e a vida, diferentes do que nos dais, Senhor – Vós, em quem o ser e a vida equivalem, porque sois o Ser supremo, e a Suprema Vida?” (p. 29 – “Confissões”).
Analisando esta obra, pode se identificar a Ética como a ciência dos atos morais ligada ao pensamento cristão. As condições necessárias para que o homem possa viver em consonância com a sociedade está refletida no cristianismo. Aliás, essa felicidade – primeiro princípio da ética, pois aqui se fala na felicidade não do ser individual, mas no ser em comunidade, pois assim prega o cristianismo -, só pode ser alcançada se as virtudes dos homens não forem propensas aos pecados carnais, capitais, e qualquer tipo de virtude que possa ser pecar contra Deus. Aqui, a ética cristã mostra-se como um fio condutor nas questões que possam ser pertinentes com relação ao que possam parecer ser erros humanos.
Agostinho mostra nas Confissões que a ética não esta separada apenas aos caminhos da felicidade, mas como parte da resolução do problema sobre a origem do mal – pois se Deus existe, é bom e criador de tudo que há no mundo, quem poderia ter criado o mal? Com o afastamento do pensamento maniqueísta, Agostinho propõe que o mal não pode ser outra coisa a não ser a privação do bem. Ao designar que o homem se afasta das verdades e da bondade divina para seguir caminhos que o levem a um bem próprio, ou seja, um bem não seja coletivo, que não vise à felicidade de todos, este está se afastando do bem.
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