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A INFLUÊNCIA DOS ATOS, ESCOLHA E DELIBERAÇÃO NA VIRTUDE EM ÉTICA A NICÔMACO

Por:   •  21/8/2020  •  Artigo  •  2.497 Palavras (10 Páginas)  •  232 Visualizações

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO UNISAL – CAMPUS SÃO JOSÉ

Marcelo Camillo Stempinhaki[1]

A INFLUÊNCIA DOS ATOS, ESCOLHA E DELIBERAÇÃO NA VIRTUDE EM ÉTICA A NICÔMACO

Lorena

2018

RESUMO

Este artigo se dedica a estudar o filósofo grego Aristóteles e sua obra Ética a Nicômaco, conhecida por ser um conjunto de orientações a seu filho e à sociedade ateniense como um todo. Tem-se o objetivo de abordar a influência dos conceitos de atos, decisões e deliberações na virtude. Para isso, os livros II e III foram considerados com maior atenção, justamente por ter como foco o conceito supramencionado. Além disso, os estudiosos Giovanni Reale e Úrsula Wolf com as respectivas obras História da Filosofia e Comentários a Ética a Nicômaco contribuíram para a discussão empreendida.

Palavras-chave: Aristóteles, Ética a Nicômaco, Virtude.

INTRODUÇÃO

Aristóteles, em seu livro Ética a Nicômaco, conduz-nos por um caminho que tem como seu destino final o bem-supremo, o homem tem intrínseco em si essa busca, ou seja ele sempre estará a procura dela. O escritor e filósofo nos diz que esse bem-supremo pode ser traduzido como a felicidade. Assim, o fim último do ser humano é chegar a ela e isso só é possível se praticarmos o bem.

Para conquistá-la, devemos passar por um logo processo, no qual a abordamos neste artigo, que é a pratica das virtudes, tanto as éticas quanto as dianoéticas, e quando nos referimos a praticar as virtudes, estamos falando de um exercício, que depois vai se tornar hábito e depois virtude, mas só isso não basta. O filosofo clássico também nos traz o meio-termo para não cairmos nem na falta e nem no excesso, que ele dá o nome de vício.

Para isso, apresentamos a relação e a importância dos atos, escolhas e deliberações em relação as virtudes e tão importante. Isto se deve, porque a relação dos três é o que vai determinar, se o “ser” está no caminho certo e se ele torna-se virtuoso, e alcança a felicidade, ou cairá no vício, que é o antagonista da virtude.

  1. Conceito de virtude

Aristóteles, em seu livro Ética a Nicômaco, afirma que somos atraídos pela procura das coisas boas com objetivo de chegar à felicidade, que vem do grego eudaimonia. O meio que o filósofo grego nos apresenta para encontrarmo-la é a virtude. O homem, segundo o autor, está em busca do bem para chegar à eudaimonia, que está relacionada com a atividade da alma consoante à virtude. Com isso, podemos dizer que essa busca pela felicidade já está dentro de nós, em nossa alma.

O discípulo de Platão aponta que a virtude tem dois estados, a saber: um ligado à razão que é a camada de virtude dianoética e outro à virtude ética, a qual daremos mais atenção nesse estudo. A diferença entre elas é que a primeira está associada ao ensino, seja no seu princípio como também no seu crescimento, em outros termos, necessita de experiência e tempo. A segunda é resultado do hábito, isto é, o seu desenvolvimento vem através da prática, depois de um certo tempo, ela torna-se hábito (habitus).

Em decorrência disso, a virtude moral não é gerada naturalmente em nós, ela precisa ser praticada, até tornar-se hábito, logo, nada que é gerado naturalmente no “ser” pode ser mudado pelo hábito. Aristóteles nos dá um exemplo que esclarece esse postulado: “[...] como a pedra, por exemplo, que se move por natureza para baixo, não se habituaria a mover-se para cima, nem se alguém, dez mil vezes, habitua-se a jogá-la para cima [...]” (ARISTÓTELES, 2017, p.41). Por conseguinte, não é por natureza e nem contraditória a ela que o “ser” adquire a virtude, entretanto, é algo intrínseco no ser humano adquiri-las e aprimorá-las pelo hábito.

Aliás, sobre as coisas que são dadas por natureza, temos primeiramente sua potência, em seguida a ela, adquirimos as ações, como bem explica Aristóteles: “[...] (o que é precisamente manifesto em relação aos sentidos, pois não foi por ver muitas vezes, ou ouvir muitas vezes, que adquirimos os sentidos, mas, ao contrário, já os tínhamos antes de usá-los, e não após de ter feito uso deles é que os possuímos)” (ARISTÓTELES, 2017, p.41). Já a virtude ocorre ao contrário deste caminho, porque precisa de uma experiência para ser aprendida, por exemplo, é correndo que os homens se tornam bons corredores. Também, a virtude é construída e destruída pela mesma razão e pela mesma maneira, como verifica Aristóteles:

[...] pois é a partir do tocar a cítara que são gerados tanto os bons quanto os maus citaristas. De modo análogo também para os construtores de casa e todas as demais artes, pois a partir do construir bem haverá bons construtores, e a partir de construir mal, maus construtores. De fato, se não fosse assim, nem haveria necessidade de um construtor, mas todos viriam a ser bons ou maus. (ARISTÓTELES, 2017, p.42).

Neste sentido, o autor de Ética a Nicômaco quer nos dizer que se escolhe ser bom ou mau, exemplo disso, seria quando “jogamos bola”, podemos tanto ser ruins quanto bons jogadores, isso depende se escolhemos criar ou não o hábito de “jogar bola”, o que demanda tempo e sacrifício.

Essa capacidade de adquirir a virtude pelo hábito ocorre porque a virtude está envolvida com as paixões e ações. As paixões estão diretamente relacionadas às nossas emoções, já as ações têm seu significado como ato que emana do homem ou de um poder específico (ALBBAGNANO, 2000). Para além disso, devem ser controladas, pois do contrário, cair-se-á naquilo que Aristóteles chama de vício, que é um hábito irracional do homem (ALBBAGNANO, 2000), cujo antídoto é o meio-termo, ou seja, o equilíbrio entre as paixões e as ações.

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