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A política de Platão

Por:   •  27/9/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.559 Palavras (11 Páginas)  •  314 Visualizações

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Através das diferenciações descritas no texto de Bobbio (2000), a cerca dos significados de “filosofia política”, é que me atento desenvolver uma relação entre a filosofia política de Platão, filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, com o primeiro modo de diferenciação, que segundo Bobbio (2000), trata das teorias sobre um modelo ideal de Estado.

Para se ter uma melhor alusão acerca do período, na qual precede o filosofo a ser discutido, o “Período pré-socrático ou cosmológico, do final do século VII ao final do século V a.C., quando a Filosofia se ocupa fundamentalmente com a origem do mundo e as causas das transformações na Natureza”(CHAUI, 2000, p.39).

No período seguinte, é que se situará Platão, discípulo de Sócrates. Nele ouve uma grande alteração, direcionando o interesse filosófico para homem, pois o “Período socrático ou antropológico, do final do século V e todo o século IV a.C., quando a Filosofia investiga as questões humanas, isto é, a ética, a política e as técnicas [...]”(CHAUI, 2000, p.40).

Platão tem grande inspiração através dos pensamentos de seu mestre, Sócrates, para construção de seus “diálogos platônicos”, sendo que através deles, se revela a primeira tentativa de reflexão sistemática sobre o poder político. Fundando a partir desse tema, o objeto central de três livros – A República, O Político e As Leis - já na sua maturidade. Como Platão era bom observador da democracia ateniense, ele assiste as várias reconfigurações que a democracia ateniense sofre, desde sua derrota depois da guerra do Peloponeso, à sua retomada depois da curta tirania dos Trinta Tiranos e após a sua vagarosa degradação durante todo o século IV (NAY, 2007).

Como ele provem de uma família aristocrática notável,

 [...] Platão experimenta uma hostilidade em relação ao regime democrático e, por este motivo, não lhe é confiada nenhuma responsabilidade na cidade. Como lembra na Carta VII, esse distanciamento dos assuntos públicos e suas próprias desilusões sobre a política ateniense o levam a fazer a escolha da reflexão filosófica e a se pronunciar sobre as formas ideais das “constituições” (entendimento no sentido grego de politeia, que se traduziria hoje por regime político). De fato, os escritos platônicos não visam influir concretamente sobre a confecção das leis atenienses. Não pretendem estabelecer as bases do melhor governo[...] Ocorrem numa reflexão geral sobre as condições ideais de realização do bem, da moral e da verdade (NAY, 2007, p. 40, grifo do autor).

Como a nosso ver, as formas ideais de Platão, se ajustam ao primeiro modo descrito no capítulo I – A filosofia política,

1. O modo mais tradicional e corrente de se compreender a filosofia política é entende-la como descrição, projeção, teorização da ótima republica ou, se quisermos, como a construção de um modelo ideal de Estado, fundado sobre alguns postulados ético últimos, a respeito do qual não nos preocupamos se, quanto e como poderia ser efetivamente e totalmente realizado. Dessa mesma forma de pensamento participam também certas – “utopias às avessas” – das quais tivemos exemplos conhecidos, sobretudo no último século – ,que consistem na descrição não da ótima república, mas da péssima república, ou, se quisermos, do modelo ideal de Estado que não se deve realizar (BOBBIO, 2000, 67-68, grifo nosso).

Através de sua obra A república, Platão levanta as idéias principais de seu pensamento político e começa a definir as características de uma cidade ideal. Baseando-se sobre a moral, ou seja, sobre um grupo de valores favoráveis à realização do justo e do bem. Segundo ele, o governo político deve seguir uma ordem hierarquizada e com excelência dos melhores.

Em sua idéia de busca por justiça, ele acredita que,

[...]só pode resultar da reconstrução completa da cidade, pela criação de um sistema que permite a cada um encontrar o lugar e a categoria que lhe convém segundo suas qualidades e competências. A justiça não pode existir senão numa sociedade onde os postos de responsabilidade estão “eqüitativamente” distribuídos entre os homens em função de uma lei abstrata que se aplica a todos. Ao contrário, leva em conta as particularidades ligadas a cada indivíduo [...] (NAY, 2007, p. 40).

Sendo assim, a cidade só é realmente justa, quando se é destinada a uma minoria de indivíduos os assuntos públicos, sendo eles praticantes da virtude, pois possuem conhecimento suficiente para poder governar. Como seu mestre Sócrates defende que, uma política justa, necessita ter o domínio da razão, ele faz uma ligação a análise do governo político a uma teoria geral do conhecimento.

Vale ressaltar que, neste aspecto, Platão se coloca contra a sofística, que através do poder de persuadir, ela alimenta a opinião da maioria, sendo essa opinião fundada na observação imediata do mundo visível, que seria uma fonte falsa, sendo, portanto, fontes imperfeitas do conhecimento, que nunca alcançaram a verdade plena da realidade (idéia que é apresentada através do mito da caverna, que está contido em A República). 

É feita, pela primeira vez, uma separação radical entre, de um lado a opinião e as imagens das coisas, trazidas pelos nossos órgãos dos sentidos, nossos hábitos, pelas tradições, pelos interesses, e, de outro lado, as idéias. As idéias se referem à essência íntima, invisível, verdadeira das coisas e só podem ser alcançadas pelo pensamento puro, que afasta os dados sensoriais, os hábitos recebidos, os preconceitos, as opiniões (CHAUI, 2000, p.46).

Chauí, ainda esclarece questões sobre o mito da caverna:

O que é a caverna? O mundo em que vivemos. Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade. O que é o mundo exterior? O mundo das idéias verdadeiras ou da verdadeira realidade. Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética. O que é a visão do mundo real iluminado? A Filosofia. Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembléia ateniense)? Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro (CHAUI, 2000, p.47).

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