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Arquipélago de Fernando de Noronha

Por:   •  23/9/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.711 Palavras (7 Páginas)  •  220 Visualizações

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Fernando de Noronha é um pequeno arquipélago vulcânico situado no Atlântico Sul equatorial, a 350 km de Natal. É constituído de rochas do alto de um monte vulcânico que faz parte da cadeia homônima desenvolvida numa zona de fraturas oceânicas orientadas a E-W. Tem cerca de 18,4 km², 90% dos quais na ilha principal que lhe dá o nome. Além dela possui 18 pequenas ilhas, que se destacam acima de uma reduzida plataforma insular que trunca a montanha vulcânica a até cerca de 100 m de profundidade. As rochas são vulcânicas e subvulcânicas fortemente alcalinas e subsaturadas. Representam dois episódios vulcânicos maiores cujos produtos constituem as formações Remédios e Quixaba. As do mais antigo, datado do Mioceno Superior, são piroclastos penetrados por domos, plugs e diques fonolíticos e traquíticos e por numerosos diques de variados tipos de rochas alcalinas. Processos erosivos destruíram as rochas vulcânicas desse ciclo, seguindo-se Quixaba, do Plioceno Superior, representado por derrames de ankaratritos, rochas piroclásticas e raros diques de nefelinito. O arquipélago tem população de pouco menos de 3.000 habitantes, concentrados na ilha principal, e pequena população flutuante de turistas e pesquisadores. É um Parque Nacional Marinho. Tem clima agradável, belo relevo, lindas praias e mar muito limpo, com golfinhos, tartarugas e muitos peixes. Acessível a aviões, constitui um importante atrativo turístico, embora não disponha de estrutura adequada. O turismo não é incentivado, objetivando a preservação da ecologia. Fernando de Noronha Archipelago - A record of a volcanic mount of the South Atlantic Fernando de Noronha is a small volcanic archipelago in the equatorial South Atlantic, 350 km off the city of Natal, the Rio Grande do Norte State capital, northern Brazil. The archipelago consists mainly of highly alkaline and subsatured volcanic and subvolcanic rocks and are part of a homonymous volcanic mountain developed along an E-W oceanic fracture zone. It encompasses an area of 18.4 km², 90% of which within the main island. There are also 18 minor islands outcropping on a reduced island platform that truncates the volcanic mountain as deep as approximately -100 m. The Remédios and Quixaba formations represent two major volcanic episodes. The former one, dated Upper Miocene, comprises pyroclastics intruded by phonolite and trachyte domes, plugs and dikes, as well as by a number of dikes showing a varied types of alkaline rocks. Erosion processes destroyed the volcanic rocks from this cycle, and was followed by the Quixaba Formation, during the Upper Pliocene, represented by ankaratrite lava flows, pyroclastic rocks and rare nefelinite dikes. The archipelago has a population of no more than 3,000 inhabitants, concentrated in the principal island, and a small floating population of tourists and researchers. It is a Marine National Park accessed by air flights, offering a pleasant weather, beautiful landscapes, wonderful beaches and very clean seawater, with dolphins, turtles and many fish types. Despite of its natural attractions, the tourism has not been stimulated, not only due to the poor available infrastructure, but also to preserve the local ecology. Sítios geológicos e paleontológicos do Brasil 361 362 Arquipélago de Fernando de Noronha O estudo das pequenas ilhas oceânicas oferece um especial interesse científico pelas informações que pode trazer sobre a natureza da crosta oceânica e os processos relacionados com sua expansão. Além disso, podem constituir sítios aprazíveis para o turismo (Figura 1) e importantes pesquisas ecológicas. O arquipélago situa-se no Atlântico Sul equatorial a 3º 51' S e 32º 25' WG (Figura 1). Constitui-se de uma ilha principal que lhe dá o nome, com cerca de 16,4 km² que representam 91% da área do arquipélago. Rodeiam-na 20 ilhotas das quais Rata (Figura 1-detalhe), a maior, tem 81 ha. Elevam-se de uma plataforma de erosão com cerca de 3 a 4 km de largura e até uns 100 m de profundidade, além da qual crescem rapidamente os fundos para comporem um monte cônico com cerca de 60 km de diâmetro na base apoiada no assoalho oceânico a 4.000 m de profundidade. Essa montanha participa de um alinhamento de montes vulcânicos submarinos que compõem a Cadeia de Fernando de Noronha, orientada a E-W, na zona de fratura do mesmo nome. Na projeção desse alinhamento em direção à costa do Ceará apresenta-se o guyot do Ceará, que interrompe o talude continental. Nos arredores de Fortaleza ocorrem rochas intrusivas da mesma natureza que as de Fernando de Noronha, tendo Cordani (1970) datado fonólito que acusou idade de cerca de 30 Ma. Tais fatos sugerem que a zona de fraturas afetou a borda da crosta continental. O atol das Rocas também é um guyot vulcânico dessa cadeia, arrasado pelo mar e inteiramente coberto por recifes de algas Lithothamnium e areias provenientes de organismos marinhos. O arquipélago foi descoberto oficialmente por Américo Vespúcio em 1503 e recebeu no ano seguinte o nome de um fidalgo português, Fernão de Loronha, a quem foi doado pela Coroa. Foi ocupado pelos holandeses em 1612 e 1635-1654 e franceses em 1736, logo expulsos pelos portugueses, que então fortificaram a ilha principal. Na segunda metade do século XIX foi visitado por diversos investigadores estrangeiros, desde que C. Darwin (1839), que nele esteve em l832 na histórica viagem do Beagle, divulgou suas observações sobre a geologia e petrografia, e a natureza vulcânica da ilha principal. Amostras de rochas coletadas por essas expedições foram estudadas por diversos petrógrafos, destacando-se Smith e Burri (1933). Devese a Branner (1888, 1889, 1890) descrições mais específicas sobre a geologia do arquipélago e posição ocupada por muitas das rochas coletadas e descritas por vários investigadores. Ele fez interessantes observações sobre os calcarenitos, dunas e praias do arquipélago. Na primeira metade do século XX foi grande o descaso pelos estudos de geologia e petrografia do arquipélago, mas em 1948 o Departamento Nacional da Produção Mineral enviou a ele o engenheiro Pouchain, que no ano seguinte teve publicados os resultados de suas investigações relativas aos fosfatos e calcarenitos da ilha Rata. O presente autor, como engenheiro desse Departamento, teve oportunidade de realizar três viagens ao arquipélago, quando executou seu mapa geológico (Figura 2) em escala 1:15.000 e realizou estudos sobre sua geomorfologia, petrografia, história geológica, geoquímica e petrogênese (Almeida, 1955). Trabalhos publicados posteriormente analisaram sobretudo os aspectos geoquímicos (Gunn e Watkins, 1978; Gerlach et al. 1987; Schwab e Block, 1985; Weaver, 1990; Ulbrich et al., 1994). Ulbrich (1994) descreveu a petrografia e discutiu a diversificada nomenclatura e classificação das rochas do arquipélago. Cordani (1970) datou várias de suas rochas pelo método K-Ar. Maringolo (1994) elaborou tese sobre os diques da ilha principal. O arquipélago tem sido sucessivamente administrado por diversos órgãos governamentais, pertencendo hoje ao Estado de Pernambuco. Aspectos Geográficos Fernando de Noronha apresenta relevo modesto para uma ilha vulcânica oceânica. Em sua região central existe um baixo platô a cerca de 30 a 45 m sobre o mar que resulta de uma superfície de erosão esculpida em tufos e brechas vulcânicas em condições subaéreas. Dele se elevam morros de rochas fonolíticas (Figura 3) dos quais o mais alto e também o mais elevado da ilha, é o do Pico (321 m), uma curiosa forma de erosão devida à queda de blocos de juntas (Figura 4). Morros fonolíticos destacam-se dessa área aplainada, na qual foi construída a pista de aviação. Esse platô central é ladeado por dois planaltos de relevo suavizado que se elevam a altitudes de 150-200 m. Ambos se constituem de rochas piroclásticas alternadas com derrames de lava ultrabásica nefelínica (ankaratrito). Apresentam escalonamento obedecendo ao declive suave dos derrames. Terminam em talude moderado em direção à costa, ou ainda em elevadas falésias. Os traçados dos vales, normalmente secos, são muito influenciados pela SITUAÇÃO 363 Sítios geológicos e paleontológicos do Brasil estrutura geológica e têm origem nos morros fonolíticos. As pequenas ilhas do arquipélago oferecem aspectos diversos, de acordo com sua constituição geológica. As fonolíticas apresentam-se como picos destacados (ilhas do Frade, Sela Gineta, Cabeluda). As de derrames de lava são tabulares, como Rata e São José, ou rochedos escarpados (Dois Irmãos). As ilhas formadas por calcarenitos são baixas e de relevo tabular (ilhas do Meio e Rasa). Junto às bordas sul e oriental da ilha principal, mais expostas ao embate das vagas originadas pelos ventos alísios, existem falésias nas lavas; são abundantes os recifes de algas Lithothamnium e escassas as praias arenosas, que têm maior desenvolvimento no litoral norte. Dunas ativas existem junto às praias arenosas do litoral norte. Níveis marinhos antigos são presumíveis ou reconhecíveis na ilha principal. O mais alto serviu de nível de base para a erosão que esculpiu o planalto central. Estaria a uns 30 m acima do nível atual do mar. Outro é atestado pela presença de calcário marinho formado por algas Lithophyllum nas vizinhanças do porto, na península de Santo Antônio (Figura 5). Depósitos de praia contendo seixos rolados, restos de peixes, corais e outros organismo marinhos existem nessa península elevados a 7 m sobre o nível do mar e afastados 70 m da linha de costa. Depósitos semelhantes em outros locais podem ser reconhecidos Figura 1 – Arquipélago de Fernando de Noronha: (A) Morro do Pico (fonólito), (B) Ilha Cabeluda (fonólito); (C) Vista sobre a Ilha Dois Irmãos (derrames de ankaratrito). Fotos de C. Schobbenhaus. (D) Ilha Rata (foto G. Barreto, rev. Terra, dez 1999, p. 33). Figure 1 - Fernando de Noronha Archipelago:(A) Pico Mountain (phonolite), (B) Cabeluda Island (phonolite); (C) View facing Dois Irmãos Island (ankaratrite lava flows).Photos by C. Schobbenhaus. (D) Rata Island (photo by G. Barreto, rev. Terra, dez 1999, p. 33). 0 100 km 6 oS Brasil FN Fortaleza Natal João Pessoa Atol das R tol das Rocas Arquipélago de Arquipélago de Fernando ernando de Noronha de Noronha Arquipélago de Arquipélago de Fernando de Noronha ernando de Noronha Oceano Atlântico 4 o 32o 34o 36o 38 Wo A B C D 364 Arquipélago de Fernando de Noronha a até 12 m sobre o nível do mar atual. O arenito das Caracas, que descreveremos adiante, é posterior a esse nível, pois recobre seus depósitos. Esse arenito formouse quando o nível do mar se achava a uns 6 m abaixo do atual. Extensas praias existiam então a sul e leste do arquipélago e dunas de areia calcária cobriam as atuais ilhas a nordeste (Figura 6). Conglomerados e arenitos antigos na pequena ilha Chapéu de Nordeste, Rata e outras repousam sob o arenito eólico Caracas.

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