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Como Conversar com um Fascista - Reflexões sobre o Cotidiano Autoritário Brasileiro

Por:   •  31/8/2016  •  Ensaio  •  1.471 Palavras (6 Páginas)  •  393 Visualizações

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“Como Conversar com um fascista – Reflexões sobre o Cotidiano Autoritário Brasileiro”, como base para curso de formação[1]

Andréa Cristiane Marins Coelho

Juliana Joucoski

Meire Donata Balzer

Paulla Helena Silva de Carvalho

Sobre a autora

Marcia Tiburi é graduada em filosofia e artes e mestre e doutora em filosofia pela UFRGS, atua na área de Filosofia Social e Política, com base nos estudos de Adorno. Publicou diversos livros de filosofia, entre eles  “As Mulheres e a Filosofia” (2002), Filosofia Cinza – a melancolia e o corpo nas dobras da escrita (2004); “Mulheres, Filosofia ou Coisas do Gênero” (2008), “Filosofia em Comum” (2008), “Filosofia Brincante” (2010), “Olho de Vidro” (2011), “Filosofia Pop” (2011) e Sociedade Fissurada (2013), Filosofia Prática, ética, vida cotidiana, vida virtual (2014). Publicou também romances: Magnólia (2005), A Mulher de Costas (2006) e O Manto (2009) e Era meu esse Rosto (2012). Em 2015 publicou Como Conversar com um fascista – Reflexões sobre o Cotidiano Autoritário Brasileiro, livro base do texto de opinião a seguir. Foi professora da Pós-graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Mackenzie, em São Paulo até o final de 2015 e hoje é colunista da revista Cult.

Contexto da obra

O livro é escrito em 2016, momento atual no qual o tema merece atenção, pois a sociedade revive momento de exaltação dos princípios fascistas. Porém, acreditamos que, não podemos ficar numa análise rasa e, por isso, não achamos suficiente a abordagem dada pela autora neste livro para ser referencia em uma formação de política sindical. Muitos de nós já ouviu a fala da prof Márcia Tiburi e acaba indo à sua obra com sede de aprofundamento do tema, o que não ocorre.

Ao pesquisar sobre ela e o contexto da obra sabe que seu ponto de partida foi um diálogo com sua família, quando um membro exaltava o Bolsonaro. Supomos que por ter advindo de uma situação informal, seu texto toma a informalidade como forma da escrita do texto, chegando a parecer a compilação de uma série de textos publicizados em colunas ou blogs.

Análise da obra

A autora utiliza-se do “diálogo” como chave para convencimento, assim como necessidade para uma formação política. Quase que automaticamente Tiburi toma a negação do diálogo e do outro como princípios do fascismo. Realmente está é uma análise verdadeira, porém, não é suficiente para definir ou caracterizar o fascismo, ainda mais no tempo em que vivemos, quando personagens fascistas aparecem como redentores dos problemas do mundo, principalmente na perseguição e desconstrução de um governo brasileiro dito “comunista”. Até para esta afirmação necessitamos de elementos de análise, qualquer pessoa que compreenda o comunismo em sua totalidade, sabe que o governo Lula ou o governo Dilma têm um projeto de política social, porém, negam por muitas vezes as concepções comunistas, principalmente no que diz respeito à classe trabalhadora, por uma série de intencionalidades. Ou seja, compreender superficialmente o fascismo, assim como o comunismo, parece-nos uma armadilha. Diante desta análise, seguimos com algumas considerações  sobre o fascismo, despertados a partir do livro, nas quais qualquer reconhecimento do cenário atual não é mera coincidência. Lembrando o pensamento marxista de que a história não se repete da mesma forma, pois a primeira vez aparece como tragédia, a segunda vez é farsa. Atentemo-nos assim às farsas que têm sido instauradas na política nacional!

O fascismo, como uma forma de radicalismo político autoritário  nacionalista, é organizado pela hierarquia representado por um líder  carismático no topo. Este sistema, afirma que as nações e raças superiores devem conseguir espaço eliminando aquelas consideradas fracas ou inferiores. Prega-se a adoção de medidas de discriminação e perseguição contra estes últimos, considerados inimigos do regime e perigosos para a integridade da nação. Além disso, prestigia a negação às diferenças, o que reflete no diálogo. Como dito no livro, o autoritarismo é o empobrecimento dos atos políticos pela interrupção do diálogo. A outra pessoa é o que o fascista não pode reconhecer como outro. Assim, a violência surge quando o diálogo não entra em cena. E por isso, não suportam a democracia, entendida como concretização dos direitos fundamentais de todos, como processo de educação para a liberdade e de limites ao exercício do poder. É neste processo todo que se instaura o ódio enquanto motriz do fascismo e produção da paranoia coletiva!

Ódio é um afeto, uma emoção passional.  Necessário pensar que o afeto é o que afeta alguém, contagia, provoca, não é natural, é aprendido. Ressalta-se que tais questões subjetivas são determinadas pelas objetividades! Vivemos uma época tecnológica onde o ódio é disseminado sem limites e as questões subjetivas ganham força descolada de questões macro, principalmente sociais. A obra de Tiburi reduz-se a descrever que diariamente convivemos com imagens e discursos propagados nas mídias. A autora afirma que os programas sensacionalistas tem cada dia mais audiência, as pessoas param em frentes aos aparelhos de televisão para ver e viver as desgraças que acontecem em seus bairros, suas cidades, no país. Estes programas funcionam assim como propagadores do ódio sem limites. Os telespectadores promovem julgamentos dos fatos sem se apropriar do acontecido, criam um ódio do que não conhecem a fundo. A partir de fatos que tem pouco conhecimento, acabam por odiar o outro. Assim também funciona com as questões políticas. É de interesse do capitalismo exterminar a política, por isso quanto maior for a disseminação do ódio maior será o ódio pela política e maior o fascismo com as pessoas que defendem as ideias que não são de interesse do capitalismo.

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