Círculo de Viena

Círculo de Viena

Gerson R Bassan

        O Círculo de Viena teve a sua origem na Universidade de Viena, em 1924, onde um grupo de intelectuais se reunia com o objetivo de traçar diretrizes à orientação dos procedimentos à atividade científica. O grupo utilizou os conceitos trazidos pelo Positivismo, Iluminismo, método da ciência empírica entre outros. Para exemplificar a busca inicial dos pensadores podemos citar a leitura, apurada, do texto “Tratactus Lógico-Philosophicus” de Ludwig Wittgenstein. O sistema filosófico ficou conhecido como “Positivismo Lógico” e teve como resultado deste trabalho a divulgação, em 1929, da “A Concepção Científica do Mundo”, no qual traçava as diretrizes básicas à definição do que é ciência e o que não é ciência.

        A sua concepção está alicerçada em três pilares fundamentais, sendo: deverá haver uma concepção única, onde todas as ciências deverão trilhar os mesmos procedimentos, chamada pelos autores como “ciência unificada”; segundo, o caminho sistemático de todas as ciências deveram estar alicerçadas no uso da lógica matemática; e por último, possibilitar a clarificação dos conceitos científicos, das teorias empíricas e dos esclarecimentos dos fundamentos matemáticos.

        O grupo delineou a direção a ser tomada pela ciência com base na verificabilidade, isto é, uma proposição está obrigatoriamente vinculada à possibilidade de verificação. As proposições devem ser colocadas à prova através do método empírico, quando não satisfazerem tais métodos serão consideradas falsas, rejeitadas. Uma segunda diretriz determinava a obrigatoriedade da proposição ser antimetafísica, pois os conhecimentos metafísicos não possuem métodos da validação, ditas destituídas de significado devido a sua generalidade e ambigüidade, assim não poderiam compor procedimentos de verificabilidade. Um terceiro fator é a aceitação da linguagem fisicalista, pois somente através de procedimentos semânticos e sintáticos rigorosos poder-se-ia interpretar corretamente seus enunciados, depurando a linguagem científica de suas imprecisões. E por último, a nova proposição para ser aceita como ciência deveria estar de acordo com as proposições anteriores, as quais já fazem parte do rol de conhecimentos científicos, caso contrário seria rejeitada.

        Em 1934, Karl Popper questionou o procedimento de verificabilidade, identificando suas deficiências e insustentabilidade, e para contrapor este procedimento apresentou a teoria da falseabilidade, na qual um conhecimento só passa a ser aceito como teoria científica quando este é substituído por outro, ou seja, são apresentadas novas evidências e estas demonstram que a teoria não era perpétua, pois se o fosse, seria considerada metafísica.

        O trabalho elaborado por este grupo, Círculo de Viena, foi de extrema importância ao rumo da ciência, sendo a mola propulsora à geração de uma nova disciplina da filosofia, a Filosofia da Ciência. Ainda,  dando autonomia e orientação à prática de métodos e condições ao trabalho do cientista.

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