DECISÕES FILOSÓFICAS SÃO APENAS REFLEXÕES DA VIDA COMUM METODIZADAS E CORRIGIDAS
Por: rafaela.anddrade • 2/4/2016 • Projeto de pesquisa • 1.279 Palavras (6 Páginas) • 320 Visualizações
INVESTIGAÇÃO SOBRE O ENTENDIMENTO HUMANO – DECISÕES FILOSÓFICAS SÃO APENAS AS REFLEXÕES DA VIDA COMUM METODIZADAS E CORRIGIDAS
Rafaela Matos de Andrade[1]
Marcos Ribeiro Balieiro[2]
David Hume foi um filósofo escocês que fez uma profunda investigação sobre a origem e limites do conhecimento. Também escreveu o livro “Investigação sobre o Entendimento Humano”, no qual proferiu coisas que são temas para estudos e debates até os dias atuais.
Nesse livro, Hume tem como uma das questões principais a causalidade, ou, a relação de causa e efeito. Esse tema está altamente relacionado com o título do nosso artigo.
Primeiramente o filósofo nos apresenta que nossas percepções estão divididas em impressões e ideias. As ideias seriam as percepções menos fortes e vivazes, e as impressões, todas as nossas percepções mais vívidas e denominadas pelos sentidos.
Ele aborda também os três tipos de princípio de conexão das ideias, os quais são semelhança, contiguidade e causa e efeito. Dessas últimas, a causa e efeito é a única que nos permite que alcancemos além do que está a nossa vista.
Sabe-se que todos os nossos raciocínios seguem uma relação de causa e efeito. Isto é visto quando inferimos a existência de outro (ex.: onde há fumaça, há fogo) ou então como decorrência de outro. Esta inferência só nos é possível pela existência de uma ligação dos objetos ou eventos. É assim que se dão as inferências, inclusive as crenças na história e filosofia, salvo a aritmética e geometria.
Os argumentos se baseiam na relação de causa e efeito, ou seja, nossas conclusões experimentais se baseiam na suposição de que o passado será igual ao passado.
As questões da experiência, não se fundamentam na razão mediante raciocínios nem nas questões de fato. Em nossas inferências experimentais, há um passo que a mente dá sem o apoio de nenhum raciocínio. Se a mente não é levada a efetuar esse passo por argumentos, tem que ser induzida por algum princípio equivalente. Uma pessoa normal, quando passa a observar a conjunção regular de objetos ou acontecimentos, tende a fazer inferências, mas nenhum processo de raciocínio lhes daria conhecimento pelo qual um objeto produz outro. Apesar disto, a pessoa estaria determinada a fazer inferência por algum princípio.
Esse princípio é o do costume ou hábito. Ele, por sua vez, torna nossa experiência útil a nós e, nos faz esperar no futuro, uma sequência de eventos similares aos que nos apareceram no passado. Sem sua influência seriamos meros ignorantes acerca de toda questão de fato, já que é ele quem as fundamenta. No entanto, para que o hábito produza as inferências causais, algum fato deve estar presente aos sentidos, já que o hábito é uma espécie de instinto natural, e não um raciocínio.
“Mas nenhum homem, tendo visto apenas um único corpo mover-se após ter sido impelido por outro, poderia inferir que todos os outros corpos mover-se-iam após um impulso semelhante. Todas as inferências da experiência são, pois, efeitos do hábito, não do raciocínio.”
É importante saber que, para deduzir algo é demandado experiência, pois só ela fornece o material necessário que se pode inferir que é a própria situação, o fato. Deste modo, se imaginarmos uma pessoa com entendimento, mas sem experiência, ela nunca será capaz de inferir o efeito de um objeto, isto porque o efeito não é simplesmente enxergado na causa nem é a comparação de ideias. Tal afirmação pode ser facilmente alicerçada no final do §7 da Seção V do livro já referido (“se não partirmos de algum fato...”). Assim fica clara a necessidade da experiência para a inferência. A experiência corresponde presenciar a relação um número suficiente de vezes para possibilitar a dedução.
Com base nesta crença da uniformidade da natureza é que são produzidos os conceitos, ou seja, todos os argumentos são baseados nela. Daí decorre que o hábito é quem nos faz crer nesta uniformidade da natureza. A minha mente é induzida ao efeito costumeiro, simplesmente pela conjunção constante.
Esta crença não resulta de uma idéia peculiar que se apresenta anexada à idéia do objeto no qual se acredita, pois se isto fosse verdade, a imaginação teria a liberdade de crer no que quisesse, já que ela possui a faculdade de unir idéias. Sendo assim, a crença não acrescenta nenhuma idéia nova à nossa concepção. Ademais, nas questões de fato, elas não se estabelecem por um critério intelectual, mas sim por um sentimento especial de caráter forte e vívido relacionado à idéia de uma impressão presente. Este é um modo diferente de conceber o objeto, algo diferente de um simples devaneio da imaginação.
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