JUSTIÇA E SOCIEDADE: PARADIGMAS DA VISÃO DE PLATÃO
Por: Igor Costa Gressler • 14/2/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 1.128 Palavras (5 Páginas) • 473 Visualizações
JUSTIÇA E SOCIEDADE: PARADIGMAS DA VISÃO DE PLATÃO
Igor Costa Gressler[1]
Leonardo Argenta Dutra[2]
- INTRODUÇÃO
Nesse texto será retratado o conceito de cidade ideal descrito na obra “A República” de Platão, cidade em que imperava a tão sonhada justiça. Nela, Platão afirma que justiça é essencialmente: a) Justo é dizer a verdade e devolver aquilo que se recebeu de alguém; b) Fazer bem aos amigos e mal aos inimigos; c) Justo é o vantajoso ao mais forte. Ainda, a cidade justa só poderia existir se cada homem cumprisse com suas funções. Com essa finalidade, ele dividiu os homens em três classes distintas, como explica o filósofo e professor Paulo Ghiraldelli Jr.: “A República Platônica foi elaborada com uma divisão social estruturada em três estamentos: o dos trabalhadores manuais, responsáveis pela produção artesanal e agrícola da cidade; o dos guerreiros, responsáveis pela ordem interna e pela proteção da cidade contra invasores; e dos sábios, governantes que formariam o conselho do qual deveria sair o rei – o rei-filósofo. ”
Nesse contexto, é importante ressaltar o atual cenário brasileiro que concerne à justiça. A seguir, serão feitas abordagens que correlacionarão a sociedade ideal de Platão com a que vivemos hoje.
- FORMA IDEAL DE GOVERNO
A forma correta de governo deveria ser aquela em que cada um exerce uma função de acordo com sua natureza, e essa deveria seguir às três classes. Caberia àqueles dotados da razão- os filósofos- a atribuição de coordenar a cidade, pois esses eram dotados da sabedoria, atributo essencial para se tomar as melhores condutas éticas. Já aqueles detentores da cólera os guerreiros, devido a sua coragem, teriam a atribuição da pacificação social. O terceiro grupo era comandado pelos desejos, que no corpo humano seria afim da região do baixo ventre. Essa classe, a dos artesãos, deveria controlar seus desejos para conseguir manter a temperança. Para isso eles deveriam empregar a força resultante de seus desejos naquilo que possuem habilidade para realizar, os seus trabalhos específicos.
Frente à essa demanda, fez-se necessário a criação de um método para inibir a corrupção e incompetência com relação à gestão pública. Desse modo, a cidade ideal ou sociedade justa, tão somente deveria ser governada por aqueles que possuíssem o dom da sabedoria (filósofos). Os mesmos, seriam escolhidos e submetidos à diversas avaliações. E, após receber a aprovação, receberiam o título de Filósofo-Rei, ou seja, seriam aqueles com a capacidade necessária para realizar a chamada “justiça social”, por meio de sua inegável sabedoria. Para se chegar, portanto à uma igualdade a todos, seria necessário o cumprimento das incumbências das classes.
O brasil, apesar de ser considerado um país subdesenvolvido, é um país em pleno desenvolvimento e, mesmo tentando evoluir-se num desenvolvimento sustentável, não está conseguindo um desenvolvimento de ordem progressiva, e sim, um desenvolvimento em prol da injustiça social, do crime, da corrupção, das doenças, entre outras consequências negativas.
Contrastando com a sociedade platônica, a sociedade brasileira demonstra um narcisismo inaceitável, na medida em que busca sempre o interesse próprio e não – o ideal – coletivo, acarretando consequências deletérias à sociedade. Exemplo disso, são aqueles que misturam volante e bebida alcoólica pondo em risco de outrem inocente, mesmo com a existência de inúmeras campanhas e leis contrárias a isso. Essa é apenas uma de tantas negligências irresponsáveis e narcisistas que expõe inocentes a uma sociedade injusta, diferente da relatada por Platão.
Diferentemente do que é visto na sociedade contemporânea, na sociedade ideal, o indivíduo sempre busca o interesse coletivo. Assim, o narcisismo seria inaceitável, sendo o altruísmo necessário para a existência da justiça. Outrossim, verifica-se à inexistência do altruísmo no povo brasileiro, na medida em que pensa somente em si mesmo, e, por isso, realiza ações perversas, gerando consequências à sociedade. Por exemplo, beber e dirigir, é uma ação negligente que pode tirar a vida de outrem sem culpa, e, apesar de existirem inúmeras campanhas contrárias ao fato descrito, o indivíduo ainda assim o faz.
Platão dizia que era importante que toda a cidade fosse feliz, mas para ter-se à felicidade, era necessário haver justiça, e para haver justiça seria necessário começar desde a base. As crianças deveriam ser retiradas de suas mães, e serem educadas pelo Estado, de modo que nem pais nem filhos, se conhecessem. Com isso, não existiriam os laços familiares, as pessoas seriam menos egoístas e alheias aos maus hábitos. Portanto, com as crianças sob custódia do “Estado”, seria preciso um sistema educativo que desenvolvesse as virtudes necessárias para cada classe.
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