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O Conceito de Educador Nietzsche: Uma Abordagem SÓCIO-FILOSÓFICA DO ENSINO

Por:   •  21/8/2016  •  Artigo  •  3.045 Palavras (13 Páginas)  •  494 Visualizações

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FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ

O conceito de educador em f. nietzsche: uma abordagem SÓCIO-FILOSÓFICA DO ENSINO

Resumo: Neste trabalho investigo o conceito de educador a partir do filósofo alemão F. Nietzsche

(1844-1900), traçando um paralelo entre as críticas que o autor levanta sobre educação de época e

a situação do ensino no contexto atual. No primeiro momento, exponho uma visão panorâmica da

sua formação pedagógica. Na segunda parte, analiso as influências dos seus mestres, assim como a

denúncia do filósofo sobre o domínio da erudição nas escolas, isto é, da “pseudocultura” que

constituía uma tradição “decadente”, predominante dentre as instituições de ensino na Alemanha

do séc. XIX. Por fim, destaco as relevâncias das ideias de Nietzsche para educação, porém,

pensando nos dias atuais.

Palavras-chave: educação – formação – mestre - Nietzsche

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1. Introdução

Apresentar as ideias de Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) sobre o tema: educação de

forma singular e pura não seria uma tarefa fácil, pois nos escritos deste autor encontramos

distintas e fortes influências. Em obras como: O nascimento da tragédia (1871) podemos sentir a

influência e presença do mestre , amigo e compositor alemão : Richard Wagner (1813-1883), que

deixou marcas profundas em seu pensamento, como o gosto musical e a maneira de lidar com os

mitos. Nietzsche e Wagner também compartilhavam o desejo de recuperar uma tradição anterior: a

época trágica, dos Gregos na era helênica., período marcado pela contestação de tudo que se

experimentava , como o conhecimento sob a custódia da moralidade, os conceitos prévios e as

verdades puras e irrefutáveis. A partir deste contexto, uma das maneiras de compreender o ideal

pedagógico nietzschiano seria percorrer tais influências, e, segundo o autor brasileiro Weber

(2011), analisar o conceito de formação e como ele se desdobra na medida em que Nietzsche

constrói e desconstrói seus “ídolos ”. Assim, é possível afirmar que Nietzsche levanta a discussão

acerca da educação através dos seus mestres, como o filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-

1860). Desta maneira, Nietzsche resgata o tema educação da mediocridade que caíra, visto que o

foco da Europa no século XVIII e XIX era o desenvolvimento científico, a especialização e

manipulação conhecimento.

Assim, analisando genealogicamente o problema do mestre, Nietzsche atravessa os séculos com

suas críticas ao “homem erudito” e científico. Tipos que não deveriam, nem em extremo caso,

assumir as instituições de ensino, pois adequavam o saber às medidas tradicionais e ultrapassadas,

atendendo, assim, os egoísmos do Estado, da ciência, do comércio e da “bela forma.”

Contemporizando , nos é oferecido assim o pensar, pelo fato de o mundo contemporâneo e seus

impasses carecerem, sobretudo, de discussões mais profundas acerca das vantagens e

desvantagens da massificação do indivíduo; sobre a tendência de facilitação, aceleração e

especialização do conhecimento. Em suma, sobre o descaso frente uma formação mais

humanística.

2. Uma breve análise acerca da formação de Nietzsche

Falar da formação de Nietzsche, sua relação com a educação e as considerações que fez durante a

juventude seriam uma excelente porta de entrada para este assunto. Assim, exponho uma visão

panorâmica da primeira fase do nosso autor que, vale ressaltar, lecionou durante dez anos a

cátedra de filologia na Universidade da Basiléia, entre os anos de 1869 e 1879. Um período

marcado pelos seus projetos pedagógicos que avançaram e recuaram nos encontros e desencontros

com seus modelos e referências.

Dito isto, seria importante iniciar com a própria escolaridade de Nietzsche, que começa em

Naumburg, na Turíngia, onde se destacava por sua inteligência e dedicação. Em 1858, é enviado a

um rigoroso internato de ensino religioso chamado Pforta. Ocasião em que se debruçou sobre os

estudos da língua materna, o hebraico, o grego e o latim. Nos primeiros meses de internato,

realizou seus estudos com dedicação, no entanto, já sentia falta de aplicar seus conhecimentos à

vida , compreendendo o peso e a responsabilidade da própria educação, frente à perda prematura

de seu pai. De fato, este seria o início de uma autodisciplina invejável.

Os anos se passaram e Nietzsche ingressa a Universidade de Bonn, frequentando dois cursos ao

mesmo tempo: teologia e filologia. Porém, desiste da primeira opção e acaba se dedicando

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exclusivamente ao curso que mais lhe agradava naquele momento. Aos 24 anos, mesmo sem os

últimos graus universitários, redige um ensaio que expressa uma nova vontade:

“Em Leipzing, limitei-me a observar como se ensina, como se transmite aos jovens o método de

uma ciência. Também me esforcei em aprender como deve ser um mestre, e não estudar apenas o

que se estuda na universidade. Meu objetivo é tornar-me um mestre verdadeiramente prático e,

antes de tudo, despertar nos jovens a reflexão e a capacidade crítica pessoal indispensável para que

eles não percam de vista o porquê, o quê e o como de uma ciência” (DIAS, 1993: 26 )1.

Estas anotações repercutiram, e em 1869 o jovem será convidado a ministrar a cátedra de filologia

clássica na Universidade da Basiléia e na escola Pädagogium. Em correspondência ao amigo

Gersdorff, Nietzsche confessa que irá assumir uma postura diferenciada, pois jura lutar contra a

erudição para encarar suas novas tarefas com a face mais serena do que a maioria dos filólogos,

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