O Estudo da Bíblia

BURKE, Peter. Um novo paradigma? In: ____. O que é História Cultural? Tradução Sergio Goes de Paula. 2ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora. 2008. p. 68 – 98.

“As marcas deixadas pela antropologia em geral e por Geertz em particular ainda são visíveis, mas a chamada “nova historia cultural” tem mais de uma fonte de inspiração. Ela é mais eclética, tanto no plano coletivo como no individual [...] A NCH é a forma dominante de história Cultural- alguns até mesmo diriam a forma dominante de história- praticada hoje. Ela segue um novo “paradigma”, no sentido do termo usado na obra de Thomas Kuhn sobre a estrutura das “revoluções” cientificas, ou seja, um modelo para a pratica “normal” da qual decorre uma tradição de pesquisa.” (p.68)

“As teorias podem ser vistas como reação a problemas e também como reconceitualização deles. Certas teorias culturais fizeram com que os historiadores tomassem consciência de problemas novos ou até então ignorados, e ao mesmo tempo, criassem por sua vez novos problemas que lhes são próprios. A preocupação com a teoria é uma das características distintivas da NCH.” (P.70)  

   

“Esta seção focaliza quatro teóricos cuja obra foi particularmente importante para os praticantes da NCH. Mikhail Bakhtin, Norbert Elias, Michael Foucault e Pierre Bourdieu [...] Já a visão de Bakhtin sobre a importância da subversão e penetração da “alta” cultura pela “baixa”, especialmente por meio do riso popular, corre ou, ou pelo menos corria o risco de se transformar em nova ortodoxa, aceita sem critica.” (p.70-72)

“Norbert Elias foi um sociólogo que sempre se interessou por historia e se preocupou com a “cultura” (literatura, música, filosofia e assim por diante) e com a “civilização” (arte da vida cotidiana) [...] A explicita suposição do autor de “civilização” é um fenômeno fundamental ocidental também acabou por parecer muito estranha. Pode-se resumir a reação dos historiadores culturais ás ideias de Elias dizendo que muitas vezes eles criticam sua interpretação da historia, mas acham que sua teoria social e cultural é muito boa como ferramenta de pesquisa. ”(p.72-73-74)    

“Foucault que foi o primeiro filósofo e se tonou historiador, depois de historiador das ideias que se tornou historiador social [...] Foucault também chamou atenção para as descontinuidades culturais, ou “rupturas”, por exemplo, a mudanças na relação entre as palavras e as coisas em meados do século XVII, a “invenção” da loucura também nesse século e da sexualidade no século XIX. Em todos esses casos, que Kuhn chamaria de novo “paradigma” substituiu com relativa rapidez um outro anterior. A ênfase das recentes contribuições á NCH sobre a construção cultural” [...]. (p.74)

“Uma teoria de Bourdieu que teve maior influencia o que ele chama de produção “cultural”, processo pelo qual um grupo, como por exemplo, a burguesia francesa, mantém a sua posição na sociedade por meio de um sistema educacional que parece autônomo e imparcial, embora na verdade selecione para a educação superior alunos com as qualidades que lhes são inculcadas desde o nascimento naquele grupo social.” (p.77)

“Bourdieu usou bastante uma metáforas abrangente tirada da economia e analisou a cultura em termos de bens, produção, mercado, capital e investimentos.” (p.77)

“ “praticas” é um dos paradigmas da NCH: a história religiosas e não da teologia, a história da fala e não da linguística, a história do experimento e não da teoria cientifica.” (p.78)

  “O trabalho de Bourdieu sobre a distinção inspirou muitos estudos a respeito da historia do consumo, enquanto a ideia de Foucault sobre uma sociedade disciplinar em que eram adotadas novas praticas para reforçar a obediência foi adaptada para estudar outras partes do mundo.”  (p.79)  

“A guinada para a historia das práticas cotidianas é ainda mais óbvia na história da ciência. Antes vista como uma forma de história intelectual, agora está mais preocupada com o significado de atividades como a experimentação.” (p.81)