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O Memória em Santo Agostinho

Por:   •  22/5/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.624 Palavras (11 Páginas)  •  434 Visualizações

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FACULDADE SÃO BASÍLIO MAGNO

Disciplina: História da Filosofia Medieval

Curso: Bacharelado em Filosofia

Professor: Rogério Miranda de Almeida

Ano: 1º Ano

Semestre: 2º Semestre

Período: 2º Bimestre

Aluno: Edson Alves de Sousa

Memória em Santo Agostinho

Curitiba – PR

2018[pic 1]


Neste trabalho iremos abordar sobre o tema memória em Santo Agostinho, sendo que iremos ter como fonte principal o Livro X da obra Confissões de Agostinho.  Neste trabalho iremos abordar qual é a função da memória e também dizer como ela age. Iremos nos utilizar dos dicionários filosóficos para tentarmos mostrar uma visão mais filosófica sobre o tema. Também usaremos o decimo livro da obra confissões de Santo Agostinho e por fim faremos uma conclusão.

No primeiro parágrafo iremos abordar a definição de memoria de acordo com os dicionários filosóficos, para que possamos ficar ciente dos conceitos filosóficos direcionados para o tema abordado no trabalho.  Iremos utilizar dois dicionários filosóficos, o de Abbagnano e de J. Ferrater, com a intenção de demonstra duas opiniões diferentes sobre a mesma questão discutida, para que possamos nos questionar sobre as definições apresentadas e que possamos criar a nossa própria definição sobre o tema em questão.

No segundo capítulo iremos apresentar o tema propriamente abordado pelo trabalho que é a memória em Santo Agostinho. Neste capítulo iremos falar como Agostinho define a memória, quais as funções que a memória estabelece, o que é captado pela memória e o que não é. Iremos falar daquilo que está presente na memória, mas não são captados pelos sentidos e da tentativa de Agostinho para explicar a memória através da metáfora do estomago.

No terceiro capítulo iremos fazer a conclusão, onde faremos alguns breves questionamentos acerca da memória, onde faremos também, um breve comparativo da metáfora do estômago Agostinho com a teoria do inconsciente de Freud.  Fizemos uma ligação entre a reminiscência de Platão com a memória.  E finalizamos o capítulo com nossa opinião sobre o tema abordado, onde no final de tudo, deixamos uma questão a ser respondida.


Comecemos falando sobre a definição de memória no dicionário filosófico de Abbagnano. Ele diz que a memória é possibilidade de se utilizar dos conhecimentos do passado.[1] Portanto, o conhecimento do passado, o qual ele se refere, é conhecimento que que já se passou, mas que um dia se fez presente. O que não pode ser confundido com o sentido de ser um conhecimento novo, onde não participamos, onde não nos fizemos presentes, mas sabemos que tal coisa aconteceu no passado.

Demos aqui um exemplo, atualmente descobrimos muitas coisas sobre o nosso planeta e isso é um conhecimento do passado, mas não estávamos presentes neste ocorrido em que descobrimos, pois isso pode ter acontecido a milhares de anos atrás. Logo, não podemos nos utilizar deste conhecimento do passado como presente em nossa memória, pois não estávamos presentes quando ocorreu.

        Segundo Abbagnano a memória pode ser composta por duas condições ou momentos distintos. A primeira fala de quando acontece a insistência ou conservação, de uma certa forma, trazida pelos conhecimentos do passado que, por serem passadas, devem ter sidos roubados pela vista. Este momento ficou conhecido com o nome de retentiva.[2] Nesse sentido, podemos dizer que a memória acontece quando captamos a imagem de algum objeto pelos olhos, assim esta imagem fica guardada em nossa memória. Logo, quando trazemos a imagem de algo a memória é porque esta imagem foi captada pelos olhos e conservada na memória. Assim como a memória guarda a imagem do objeto, ela também guarda o conhecimento do passado.

        A segunda condição é de chamar o conhecimento passado e de torná-lo atual ou presente, a isso chamamos de lembrança.[3] Aqui nos deparamos com a questão de quando trazemos o passado para o presente, por exemplo. Neste momento estamos visitando um amigo, mas os anos se passam desde o momento da visita. E começamos recordar deste momento novamente, então nesse instante, tornei presente na memória aquele acontecimento do passado, logo estou tendo uma lembrança deste fato ocorrido.

        Por fim, a memória é constituída, segundo Abbagnano, por duas categorias: uma é a retentiva, a qual guarda o conhecimento do passado; e a outra a lembrança, a qual torna presente o conhecimento do passado. E assim finalizamos o breve apanhado sobre memória segundo Abbagnano. Agora daremos continuidade ao trabalho, destacando o dicionário filosófico de J. Ferrater Mora, o qual iremos utilizar para definir memória


De acordo com o dicionário filosófico de J. Ferrater Mora, às vezes, a memória estabelece uma distinção entre a recordação e a memória. Sendo que a recordação é o ato de recordar ou então o recordado. E a memória é uma capacidade, disposição, faculdade, função. Ainda segundo Ferrater, esta distinção já existia desde os tempos antigos. Platão mencionava uma diferença entre memória e recordação. Neste caso, a memória seria a faculdade do recordar sensível, seria a retenção das percepções e impressões. Enquanto a recordação seria um ato espiritual, o ato pelo qual a alma vê no sensível o inteligível.[4] 

        Ferrater também apresenta para nós uma problemática que diz: “a vontade intervém ou não intervém na memória e até que ponto intervém ou pode intervir.”[5] Pois como podemos observar, percebermos que temos memoria somente quando fazemos uso dela, sendo assim, usamos de nossa vontade para acessar nossa memória. Mas a questão que se apresenta para nós é a seguinte: a memória exerce a sua função independentemente de nossa vontade? Pois como já falamos antes, ela é acessada pela nossa vontade, a memória está em algum lugar do nosso cérebro e a acessamos quando quisermos. Mas será que a memória age sem a nossa vontade? Assim como o nosso coração bate ou como respiramos sem nos dá conta, também, desta forma, atua a nossa memória, pois há uma força em nosso ser que ordena tudo isso.

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