O princípio da amoralidade como fundamento para a estabilidade política em Maquiavel
Por: Delfimserro • 19/11/2015 • Trabalho acadêmico • 2.727 Palavras (11 Páginas) • 660 Visualizações
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
Faculdade de Filosofia
Delfim Gustavo Serro
O princípio da amoralidade como fundamento para a estabilidade política em Maquiavel
Licenciatura em Filosofia
Maputo
Outubro-2015
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE Faculdade de Filosofia Delfim Gustavo Serro O princípio da amoralidade como fundamento para a estabilidade política em Maquiavel Trabalho de Investigação Científico apresentado à disciplina de História da Filosofia Moderna II, IIº Ano-Laboral, da Faculdade de Filosofia da UEM como exigência de avaliação.
Docente: Dr. Raimundo Alberto Maputo Outubro-2015 |
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 5
1. Contextualização do pensamento de maquiavélico 6
2. Características do pensamento maquiavélico 7
3. Relações entre ética e política 8
3. Impacto social da política maquiavélica 9
CONCLUSÃO 11
BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO
A fundamentação deste trabalho versa sobre princípio da amoralidade política em Maquiavel como a garantia de estabilidade política, dada a sua referência exalta a sua pertinência na medida em que aborda o carácter que a política deve tomar para que seja autêntica sem interferência que podem levar a desviar o seu foco.
O trabalho pretende responder a questão se a política deve vincular-se com a ética? Ou deve caminhar independente? Como resposta prévia a política deve caminhar independente da ética, porém se apoiando somente nos princípios políticos.
A presente pesquisa pretende discutir um tema que em voga desde o período antigo ao nosso tempo: as relações entre a Ética e a Política. Esta discussão se dará no âmbito da teoria maquiavélica, mediante o pensamento de maquiavélico e suas características que é a exaltação do realismo político a rejeição da Ética Cristã, a constituição de uma ética laica, o estabelecimento de um novo conceito de "virtu[1]", a subordinação da ética à política; a relação entre ética e política e o impacto social da política maquiavélica. Com intuito de se alcançar uma directriz de uma boa governação que reserva uma parte ética partindo das ideias maquiavélicas.
Para discutir o presente tema, recorreu-se a obra o princípe de Nicolau Maquiavel como referência básica e outras como complementar, consequentemente para a concretização do trabalho foi usado o método de pesquisa bibliográfica baseada na leitura, apoiada na hermenêutica que consiste na interpretação das obras consultadas.
O trabalho vai desde a introdução; o desenvolvimento na qual se congrega o pensamento maquiavélico e sua característica a exposição da relação ética e a política, e o impacto social da política maquiavélica em particular a ética; seguir-se-á a conclusão; constituindo a fase final de toda argumentação desenvolvida e por último a bibliografia.
1. Contextualização do pensamento de maquiavélico
Segundo AMARAL (2012) o pensamento maquiavélico é, sem dúvida, no âmbito da teoria política, que provocou bastantes reacções de protestos ao longo do tempo. Durante séculos e por inúmeras pessoas, foi difundido o mito do maquiavélico enquanto atitude imoral, traiçoeira, astuciosa, que devia a todo custo ser repudiada. Maquiavel, entre outros qualificativos, foi tachado de ferrenho defensor da monarquia absoluta, de ateu, de pagão e de fazer a apologia do crime. Não só suas ideias foram condenadas, mas esta condenação recaiu também sobre sua pessoa. De acordo com Aranha (1993) Em nossa linguagem comum, por exemplo, é frequente o uso da expressão “maquiavélico(a)” como atributo daquelas pessoas cínicas, ardilosas, traiçoeiras, que para atingir seus fins se valem dos artifícios da mentira e da má-fé. Chegou-se até a atribuir, de uma maneira infundada, a Maquiavel a frase: "Os fins justificam os meios".
De acordo com Chevalier (2012) Para que os aspectos principais do pensamento de Maquiavel, presentes na sua obra mais controversa “O Príncipe”, sejam entendidos é de fundamental importância que se observe a exigência do contexto político, em que encontrava-se a Itália do seu tempo com muita precisão, visto que a situação política da Itália era propícia a essa irrupção dos indivíduos plenos de virtú, a seu florescer além do bem e do mal. O sentimento de Itália, obscuro na maioria, claro em alguns espíritos raros, juntamente com o orgulho da herança romana, achava-se sufocado por uma poeira de principados efémeros. Ao redor de quatro eixos fixos, Roma, Veneza, Milão e Florença, havia uma multidão de Estados, “proliferando, corrompendo, fazendo-se, desfazendo-se, refazendo-se”, frequentemente com auxílio dos estrangeiros, franceses e espanhóis, que haviam invadido a Itália, a Roma pontifical, que oferecia (em particular sob Alexandre VI Bórgia) o menos edificante, o menos evangélico dos espectáculos, empregava também, quando oportuno, exércitos estrangeiros, como qualquer outro meio conveniente para aumentar, quer a sua propriedade temporal, Os condottieri, que alugavam pela melhor oferta seus bandos mercenários, batendo-se mal e traindo melhor, esforçavam-se para saquear mesmo em tempo de paz. Tal era a Itália em fins do século XV, devastada por dissensões e crimes, em meio a mais esplêndida floração artística que a humanidade jamais conheceu desde os tempos antigos.
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