O problema do conhecimento especializado e o seu efeito emburrecedor na cultura contemporânea
Por: Sérgio Felipe • 19/9/2018 • Dissertação • 927 Palavras (4 Páginas) • 363 Visualizações
O problema do conhecimento especializado e o seu efeito emburrecedor na cultura contemporânea
Clara Kevilla [1]
Monaliza da Costa Rocha[2]
Esta comunicação ambiciona analisar, no seio de uma pesquisa mais ampla o problema do conhecimento especializado e o seu efeito na sociedade espetacular. Serão assim consideradas as críticas de Guy Debord (1931 – 1994) a especialização generalizada no capitalismo espetacular, em seu texto, Da miséria no meio estudantil (1966), e a sua função no mundo proletarizado na obra, A Sociedade do Espetáculo (1967). Debord argumenta que o ensino mecânico e especializado está profundamente degradado, pois o sistema econômico reclama a produção em massa de estudantes incapazes de pensar. Para desenvolver a problemática apresentada será realizado um estudo minucioso do texto Da miséria no meio estudantil e dos capítulos 1 e 2 da obra A Sociedade do Espetáculo, ambos os textos do pesador Guy Debord. Em síntese, a comunicação pretende contribuir para pensar a especialização generalizada do conhecimento e seus efeitos na sociedade.
Palavras-chave: Debord. Conhecimento. Especialização. Cultura. Contemporânea.
Na contemporaneidade tornou-se generalizado o problema do conhecimento especializado. Essa é uma questão recorrente no ensino médio, universitário e nas ciências, onde cada vez mais o conhecimento é transmitido de forma parcial, fragmentado de tal forma que o indivíduo não é capaz de fazer relação direta desses conhecimentos com a realidade que o cerca.
Ademais, as separações em disciplinas e em áreas distintas das ciências produzem um efeito emburrecedor na sociedade atual. Por exemplo, há inúmeros indivíduos que resguardam-se sob a titulação de doutor por ter certa profundidade de conhecimento em um objeto especifico, porém alguns destes não conseguem relacionar o seu conhecimento especifico com o mundo que os cerca. Ou até mesmo os médicos que por vezes se veem incapazes de diagnosticar um paciente e ficam indicando terceiros, e estes por sua vez indicam outros e assim por diante. Desta forma, deve-se investigar a raiz dessa especialização generalizada e seus efeitos.
Acerca dessa problemática é interessante levar em consideração a posição de Guy Debord (1931-1994). Debord em sua teoria crítica do espetáculo aborda uma perspectiva interdisciplinar. O pensador dialoga com a filosofia, arte, cinema e literatura, desta última, relaciona-se diretamente com as vanguardas dadaístas e surrealistas.
Debord se posiciona de forma crítica em seu texto Da miséria no meio estudantil. Nesse texto, o pensador argumenta que o ensino mecânico e especializado está profundamente degradado, porque a realidade que o domina, o sistema econômico, requer a produção em massa de estudantes incapazes de pensar por si sós.
O ensino mecânico e especializado que recebe está tão profundamente degradado (em relação ao antigo nível de cultura geral burguesa) quanto ao seu próprio nível intelectual quanto a altura em que o tal ensino acede, e isso pelo simples fato que a realidade que domina o conjunto destas coisas – o sistema econômico – reclamar uma fabricação maciça de estudantes incultos e incapazes de pensar. (DEBORD,1966)
Para Guy Debord a universidade, como instituição, está a serviço da lógica de produção capitalista, pois baseia-se na hierarquia e na ditadura da economia e do Estado. O pensador, em sua obra A sociedade do Espetáculo (1967), faz uma ampla critica a sociedade como um todo, a economia e o Estado. Nessa obra o pensador desenvolve sua tese de proletarização do mundo, que segundo ele trata da submissão de todo tempo de vida ao tempo de trabalho. Onde ele denomina o capitalismo contemporâneo de capitalismo espetacular, visto que todos que sob ele vivem, perderam o controle da totalidade de suas vidas e tornaram-se espectadores da própria vida. Abaixo, a tese de número 42 da obra:
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