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Propostas realista de Maquiavel, idealista de Campanella e utópica de Tomas Morus e as contribuições de Bodin e Grotius para esse novo contexto político da modernidade.

Por:   •  18/1/2021  •  Pesquisas Acadêmicas  •  2.041 Palavras (9 Páginas)  •  281 Visualizações

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JONAS GALDINO DOS SANTOS

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Propostas realista de Maquiavel, idealista de Campanella e utópica de Tomas Morus e as contribuições de Bodin e Grotius para esse novo contexto político da modernidade.

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RECIFE

2020

Maquiavel

O realismo político de Maquiavel, se baseia em uma conclusão fria e cruel sobre a política.  Para ele o objetivo principal de qualquer governo é perpetuar-se no poder, não importando os meios para alcançar tal fim. Ele separa a política de toda influência da moral religiosa medieval, desprezando a Ideia do Bem e a Justiça e excluindo os sistemas filosóficos de Platão e Aristóteles que reconheciam o homem como ser racional e político, ou seja, como aquele que tendia naturalmente à associação para criar um espaço de felicidade, tornando-o um bom cidadão. De fato, na idade média, a ordem no mundo dos homens dependia de Deus. A autoridade do rei e do imperador fundavam-se na delegação do poder divino, onde o chefe político era escolhido por Deus e ele deveria agir para que a ordem divina se concretizasse no mundo.

As reflexões políticas de Maquiavel traçam um caminho diferente. Ele distancia-se das interpretações antigas e medievais, bem como das renascentistas que começavam a aparecer — fundamentadas em teorias prontas — para implantar uma teoria de ações concretas e reais.

O contexto histórico no qual viveu Maquiavel nesta época foi de grande influência para a formação de suas ideias e pensamentos, e se levarmos em conta essa situação, perceberemos que todos os pensamentos de Maquiavel não são soltos, como proposta para quem quiser usar, mas nascidos com o propósito de defender a sua cidade. Ele busca criar de forma concreta um jeito de solucionar os problemas existentes daquele momento. Maquiavel propõe uma conduta política imediata e não ética, pois o momento que se vive é uma realidade prática e não abstrata. Foi algo criado para o contexto de vida da época como medidas de defesa, segurança e proteção do estado. Neste contexto, ele retoma para o homem a autonomia política, transformando a política em uma arte feita para combater as ameaças.

As tiranias em pequenos principados; disputas entre poderosas cidades-repúblicas, como Florença e Veneza; poder religioso de Roma; presença das grandes nações, como França e Espanha, interessadas no controle de parte do território italiano e de vários polos de poder, criaram uma realidade, que ao longo dos anos, fez com que a Itália sofresse uma série de invasões externas, além de inúmeros conflitos internos. A economia italiana declina ao mesmo tempo em que aquele sistema declinou. A Itália agora torna-se impotente e refém diante dos interesses dessas nações.

Esse ambiente de disputa, levou Maquiavel a uma visão clara de que é preciso observar a realidade política e compreender nela o seu desenrolar, pois a observação rigorosa jamais engana, e que o erro é produto do pensamento especulativo, desvinculado da realidade. Maquiavel compreende a sociedade pela análise efetiva dos fatos humanos, procurando encontrar neles a verdade de suas causas, sem se perder em vãs especulações. Para o filósofo florentino, os homens são os autores da sua história. Como homens são movidos pelas paixões, a história tende a se repetir, como que em ciclos, nas suas linhas mestras (Comentários, Livro I, cap. 2, p. 23-27).

Diante disso, Maquiavel tem a percepção de que o poder se funda na força e que somente pela força pode se deslocar o poder de um senhor para outro senhor. Agora não é a tradição, nem a religião, tampouco a vontade popular que legitima o soberano no poder, mas exclusivamente a sua força criadora e sua astúcia. Para Maquiavel, a soberania política depende de justiça e armas, porque todos os homens são egoístas e ambiciosos e só recuam da prática do mal quando são coagidos por uma força maior que eles.

Maquiavel cria também o conceito de virtude e fortuna, onde para ele, os virtuosos são aqueles que estão atentos a todos os acontecimentos e são levados compreender e saber agir na hora exata, antecipando-se aos acontecimentos, e a fortuna seria a sorte que vem e que se vai. Por isso, o homem virtuoso deve estar atento à sorte e saber agir segundo as ocasiões se pretende alcançar ou manter-se no poder. No pensamento de Maquiavel, para organizar o estado e manter o poder, os fins justificam os meios. Para ele, o político de virtude é isento de qualquer culpa no comando do estado, isto é, na manutenção do poder. Em nome da condução diante de qualquer perigo iminente para a comunidade, ele pode dispor de quaisquer meios para defendê-la.

Segundo Maquiavel, o governante deve ser bom ou ruim, dependendo da ocasião, no entanto, seria positivo se ele fosse sempre bom, mas como isso é impossível, que ele pareça sempre mau; o príncipe nunca pode fazer o bem de uma vez, mas aos poucos, para não deixar seus súditos mal acostumados, já o mal deve ser feito de uma vez, de modo que crie nos súditos o respeito e a certeza de que o mesmo pode ser feito sempre que houver os mesmos fatos. Assim, é melhor que ele pareça cruel do que bondoso, o que o levará a ser temido e respeitado.

Thomas More

Ao contrário de Maquiavel, Thomas More apresenta uma dimensão política nascida totalmente do espírito humano, como representação imaginária de uma realidade inexistente. Essa realidade sonhada por Thomas, indica um lugar que não existe, a não ser como desejo de algo que poderia existir. Essa realidade era tida só nos sonhos de alguém que passava por grandes necessidades. Influenciado pelas doutrinas estoicas, tomista, humanismo erasmiano e principalmente pelo pensamento Platônico, em “A República”, do governo ideal, o humanista inglês descreve uma ilha imaginária em que existia uma sociedade perfeita, sem propriedade privada, sem preocupação com riqueza, onde todos trabalhavam de maneira igualitária e viviam felizes sem nenhum tipo de perseguição ou intolerância de qualquer tipo.

A formação da monarquia e o seu absolutismo; as consequências da reestruturação do sistema agrícola, com a expulsão dos camponeses de suas terras; as disputas religiosas, a intolerância e a insaciável sede por riqueza dos súditos da realeza inglesa; as substituição das áreas ocupadas com a agricultura, base da sobrevivência da população camponesa e a ida dos camponeses às cidades em busca de trabalho, fez aumentar a população da cidade, a pobreza e, consequentemente, a violência,  foi o ambiente vivido por More durante sua época, ou seja, um ambiente coberto de aflições e dificuldades por parte da população mais pobre.

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