RESENHA CRÍTICA: LARANJA MECÂNICA
Por: Giovanna Meneghetti • 14/5/2018 • Resenha • 738 Palavras (3 Páginas) • 1.332 Visualizações
DEPARTAMENTO DE DIREITO[pic 1]
BIOÉTICA NO CINEMA
POR: GIOVANNA MENEGHETTI (201420739)
RESENHA CRÍTICA: LARANJA MECÂNICA
O filme “Laranja Mecânica” (originalmente “A Clockwork Orange”) de Stanley Kubrick, produzido em 1971, foi adaptado da obra de mesmo nome escrita em 1962, por Anthony Burgess. A história retrata um bando de rua futurista baseado nos Teddy Boys, Mods e Rockers, que lutavam nas praias da Inglaterra no final da década de 1950 e princípio de 1960. No centro da narrativa está o jovem Alex, um rapaz muito inteligente, porém imerso em sua contextualidade de sexo, drogas, violência e amor pela música erudita de Ludwig Van Beethoven. Alex é líder de seu grupo punk, formado por seus três “drugues” (Pete, George e Tapado), que adoram divertir-se sem limites, obtendo prazer através de delitos e da criminalidade. Nas madrugadas, o grupo cometia todos os tipos de ilícitos: espancamentos, brigas com grupos rivais, assaltos, estupros e até mesmo assassinato; porém, certa vez, os amigos de Alex armam contra ele, pois estavam cansados de sua liderança autoritária. Quando pego pela polícia nessa armação, Alex é enviado para prisão, sentenciado há 14 anos. Cumprindo dois anos de sua pena, é convidado a ser voluntário de uma experiência de terapia intensiva para aversão comportamental. O jovem logo aceita oportunidade uma vez que esta mostrava possibilidade de soltura antecipada da cadeia.
Aqui é cabível um comentário com relação a pesquisas humanas que buscam seus voluntários em presídios, uma vez que, sendo oferecidas recompensas como redução da pena ou qualquer outro tipo de vantagem não possível de se obter de outra maneira dentro do sistema carcerário, certamente o consentimento livre e esclarecido dos participantes fica prejudicado. Exemplificando, percebe-se a postura de Alex no filme perante a proposta da terapia em teste.
O tratamento a que ele é sujeitado trata-se de uma tentativa de “cura behaviorista”, por meio do condicionamento respondente, de modo que Alex era o paciente ideal, devido a seu perfil agressivo. O procedimento consistia em forçá-lo a assistir filmes com cenas explícitas de violência e de sexo, ao som da Nona Sinfonia de Beethoven, enquanto um medicamento que provoca uma terrível sensação de náusea era administrado. Era esperado com isso que Alex se sentisse mal e repelisse seus pensamentos e comportamentos indesejados. E de fato isso aconteceu, após a consecução deste tratamento por duas semanas, qualquer pensamento violento ou lascivo remetia à sensação insuportável de náusea.
Depois de sair da prisão Alex se sente mal em inúmeras oportunidades em que tem a chance de se engajar em comportamento violento ou quando presencia alguma cena de violência. As fortes sensações de náusea sentidas por Alex o incapacitavam de cometer atos de violência. No entanto, observa-se que isso não apenas moldou o jovem para uma postura correta socialmente, mas tornou-o também submisso e com medo das situações violentas que encontrava pelas ruas. Assim, mostra-se falha essa forma de moldagem de comportamento coercitiva e negativa, pois se equipara a um pai que ameaça um filho com uma chinelada: o filho terá medo da consequência de seus atos por uma coerção, não por uma alteração de postura e pensamento crítico que o leve a escolher não agir errado. Ao contrário, melhor seria se Alex tivesse a oportunidade de acessar fontes de incentivo positivo todas as vezes em que se engajasse em comportamentos mais funcionais.
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