Reformadores Católicos (A Invenção Do Psicológico)
Artigo: Reformadores Católicos (A Invenção Do Psicológico). Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: PsicoKa • 5/5/2013 • 1.245 Palavras (5 Páginas) • 586 Visualizações
Reformadores católicos
O padre Luís Palacín, no seu livro Santos do atual calendário litúrgico (1982), apresenta um total de 178 santos. São dezenove séculos de cristianismo, e destes 178 santos 34 viveram parte de suas vidas no século XVI, ou seja, 19% do total. Alguns destacaram-se na expansão da cristandade em terras asiáticas e americanas. A maioria deles esteve ligada ao movimento de reforma do catolicismo ou tiveram participação decisiva na consolidação do movimento reformador. Os mais interessantes, no entanto, foram os fundadores de novas ordens e instituições religiosas ou reformaram as já existentes, dando-lhes novo fundamento. Neste caso estão Santa Angela de Merici, que fundou as Ursulinas; São Jerônimo Emiliano que fundou a Congregação dos Servos dos Pobres; São Filipe Neri, que fundou os Oratórios do Amor Divino; Santo Antônio Maria Zacarias, que fundou os Barnabitas; São Caetano, que fundou a Congregação dos Clérigos Regulares; Santo Inácio de Loyola que fundou a Companhia de Jesus e Santa Teresa d’Ávila que reformou o Carmelo fundando os conventos de Carmelitas Descalças, , entre outros. Nem todas as fundações ocorreram no século XVI, algumas se anteciparam e algumas se atrasaram. Mas, sem dúvida, o século XVI foi o grande século das fundações e bastavam para isso as obras de Santo Inácio e de Santa Teresa.
Quase todos os santos da época passaram por grandes tribulações: alguns foram missionários e viajantes levando o cristianismo para fora da Europa , ou levando o catolicismo romano (papista) a regiões da Europa dominadas pelos protestantes; muitos foram martirizados: sofreram perseguições por parte da própria hierarquia católica e/ou por parte de grupos rivais dentro do catolicismo, alguns estiveram presos e passaram longos períodos marginalizados. Quase todos sofreram uma ou mais experiências de conversão.
As conversões eram experiências individuais e privadas acompanhada de um profundo e nítido reconhecimento do caráter privativo e singular da vocação, no qual o converso ou 're-converso’ rapidamente buscava o apoio de uma coletividade em que ‘manter-se unido’ fosse indispensável como forma de conservar e limitar o isolamento e o desenraizamento do mundo produzidos pela conversão.
Santo Inácio de Loyola (1491-1556), nobre biscainho, cortesão e militar, passou pela primeira conversão quando estava preso, aos trinta anos de idade. E nos muitos anos de estudo ele dedicou-se a arregimentar companheiros segundo sua missão "guerreira" e pedagógica de nova ordem religiosa.
A religiosidade inaciana é viril, determinada, militar. A Companhia ao se constituir como ordem adota princípio monárquico. A conclusão a que se chegou é que prefigura o contrato hobbesiano destinado a assegurar a manutenção de cada um pela manutenção da paz social. Este contrato marcaria a renúncia individual a determinados direitos e a transferência destes direitos — uma alienação definitiva deles— a uma autoridade suprema. No mesmo espírito, diz a ata dos jesuítas: "é mais conveniente para nós, mais necessário, prometer obediência a um dos nossos”.
Determinação, obediência e método são características marcantes dos jesuítas nas suas atividades apostólicas e, em especial, no campo da educação. A lealdade inquebrantável à causa — que é a causa de Cristo em geral e a causa da própria Companhia em particular — e a autonomia e auto-suficiência do indivíduo. São elas que podem sustentar física e moralmente estes indivíduos em missões prolongadas, esta duplicidade está presente em toda parte do pensamento e da prática de Inácio de Loyola.
O que vemos claramente é a submissão incondicional aliada à valorização do trabalho, do esforço, das obras, da liberdade individual e da responsabilidade de cada um — em detrimento da predestinação, da fé e da graça — na constituição de militante. Santo Inácio propõe e exige a submissão total do indivíduo à Igreja hierárquica para que no contexto desta obediência, ele possa exercer a liberdade e o esforço de vontade.
Os próximos trechos constam das instruções para o exame de consciência cotidiano:
Pela manhã, logo ao levantar, deve-se propor evitar com diligência aquele pecado particular ou defeito que se quer corrigir e emendar.Depois da refeição do meio-dia, pedir a Deus nosso Senhor o que se quer, a saber, graça para se recordar quantas vezes se caiu naquele pecado particular ou defeito e para se emendar para o futuro. Em seguida, faça-se o primeiro exame, pedindo conta a si mesmo daquele ponto particular previsto de que se quer corrigir e emendar. Percorrerá cada uma das horas da manhã ou cada espaço dc tempo, começando desde o momento de levantar até a hora e instante do exame atual. E, marque na primeira
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