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Resenha: Ética a Nicômaco

Por:   •  9/11/2017  •  Resenha  •  2.611 Palavras (11 Páginas)  •  416 Visualizações

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Ética à Nicômaco

O tema central da obra Ética à Nicômaco é a felicidade, tratada como um bem comum e supremo, ao qual todos almejam. Foi assim “batizada” por Aristóteles em homenagem a seu pai, Nicômaco, que era médico e chegou a prestar serviço ao rei Amintas e também ao seu filho. Dentre as demais obras do filósofo foi considerado o escrito mais maduro, com um sistema filosófico próprio e definitivo.

Nesta obra Aristóteles trata de assuntos um tanto quanto polêmicos que marcam a busca humana pela felicidade. Alguns desses assuntos são a virtude, o caráter, a moral, a justiça, a felicidade... Entre outros.

Para este filósofo grego, a felicidade do homem dependia diretamente do exercício da razão por meio das virtudes intelectuais e morais. A obra, composta por dez livros, foi escrita na época da fundação do Liceu (em 335 a.C. a 323 a.C.). Aristóteles considerava o homem como um animal político por natureza, e isso justifica o fato de a ética ser tratada como uma parte ou capítulo da política, antecedendo a própria política, tratando do indivíduo em seu relacionamento com o coletivo

A obra foi escrita pela necessidade que havia na época de se compreender o valor da moral nas relações humanas e a possibilidade de se viver uma vida feliz, contribuindo para a criação de um mundo melhor. Na tentativa de analisar o lugar da ética na vida social, Aristóteles assume um papel de pedagogo preocupado com a educação e felicidade de seu filho e trata de conceitos como o bem, a educação para a virtude e o equilíbrio.

Todos devem se esforçar para obter a felicidade e dado que a felicidade é certa atividade da alma segundo perfeita virtude, devemos investigar a virtude porque assim teremos uma melhor visão da felicidade. A felicidade é abordada como uma função abrangente e necessária para a realização humana, e o caráter e a moral são a condição de se atingir a felicidade.

Sobre a Felicidade

Para Aristóteles, a felicidade é operação própria do homem segundo a virtude numa vida perfeita, e a busca desta justifica a ação humana. Todos os bens são meios para atingir o bem maior (a felicidade), por isso toda arte e toda indagação, assim como toda ação e todo propósito visam a algum bem: o bem é aquilo a que todas as coisas visam e o bem maior, ao ser atingido, justifica os bens anteriores. Segundo o caráter, as pessoas são tais ou tais, mas é segundo as ações que são felizes ou o contrário. Por isso, as personagens não agem para imitar os caracteres, mas adquirem os caracteres graças às ações.

Em Aristóteles existem vários tipos de bens a serem alcançados: os relativos e os intrínsecos. Os relativos são os bens necessários para a vida cotidiana, os bens materiais que trazem prazeres e são substituíveis sempre que necessário. Os intrínsecos são os bens supremos, dos quais faz a felicidade parte. Muitos confundem os bens supremos  com prazeres, luxúrias, honrarias, riquezas... porém é necessário entender que os bens supremos são muito maiores que as partes que os compõem.

A felicidade é um bem final, que requer complementos, e está sempre sendo adquirida e em constante construção a partir do movimento das ações. É um ato humano e essencial, conquistada apenas pela prática de boas ações. Diz se que requer bens exteriores pois seria impossível  ao homem praticar boas ações sem os instrumentos próprios, e há certas coisas que podem empanar a felicidade – como boa estirpe, bons filhos, beleza – uma vez que o homem que não as possua terá dificultadas as suas chances de ser feliz. Por isso é que alguns identificam a felicidade com a boa sorte, e outros, com a Excelência.

O homem não consegue viver isolado, é um animal por natureza político, e é vivendo socialmente que tem possibilidade de se tornar virtuoso. É na convivência com os demais e na busca conjunta do bem comum que o homem exercita a sua natureza política. Quem age visando o bem comum vive feliz, então a felicidade pode ser definida como viver bem, que se renova na própria ação do bem viver.

A comunidade política tende a um fim perfeito, supremo e nobre, sendo algo maior e mais complexo que os indivíduos. Olhando por esse aspecto, cada indivíduo e a sociedade em que está inserido possuem identidade comum de configurar e conquistar a perfeição pela ação e raciocínio constantes que propiciam ao homem os meios de transformar suas potencialidades em atos. Para Aristóteles, o melhor para o homem é a realização do seu fim em uma comunidade política e relacionando-se com os demais de sua espécie. As ideias de perfeição e autossuficiência do homem moderno estão subtendidas na ideia aristotélica de felicidade porque os objetivos para os quais tendem as ações humanas só podem ser realizados por meio da convivência amiga entre os indivíduos. Conclui-se então que a felicidade, como um bem perfeito e supremo, só pode ser desenvolvida pela razão e se manifesta através do agir e controle das emoções, já que todas as ações devem ser guiadas pela razão.

Sobre a Razão

A razão é uma faculdade fundamental na compreensão da felicidade, condição que diferencia os homens dos demais animais, pela qual o homem pode decidir sobre seus comportamentos e praticar ações virtuosas. O homem se torna virtuoso através do exercício de executar ações conscientes e virtuosas.

A atividade intelectual, o pensamento e a razão que o  segue é que fazem a marca especifica do homem, a fonte da verdadeira felicidade. O preço da felicidade humana é a subordinação do que é sensível ao que é racional, somente sendo o homem feliz ao se aperfeiçoar nas atividades que lhe são próprias segundo a razão. Para ser feliz, Aristóteles diz que o homem deve viver pela inteligência e segundo a inteligência. Quando as ações estão em conformidade com a razão, o homem pode então ser feliz.

O papel primeiro da razão é fazer com que os homens entrem em acordo sobre um bem futuro, porque somente as coisas futuras podem ser percebidas pela razão, e as coisas presentes não, sendo medidas pelos homens de acordo com seus desejos individuais. Portanto diz-se que a paz é o objeto final da razão, e que a própria natureza desta é a atividade racional.

Sobre a Educação

Baseado na ideia de que a vida está fundamentada em escolhas adequadas e no aprimoramento das boas ações, Aristóteles defende que o indivíduo deve estar em constante exercício, dirigindo suas ações a um determinado fim na busca de atingir a perfeição. Quando se está inclinado a formar boas cidadãos, o treino no uso da racionalidade - que é a própria educação – deve começar cedo.

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