Resenha: A Razão Dialética
Por: Guilherme Souza • 4/11/2021 • Resenha • 726 Palavras (3 Páginas) • 240 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO
EDUCAÇÃO E FILOSOFIA
Texto: A Razão Dialética – Leandro Konder
A razão dialética vem a ser a exposição do pensamento através do diálogo que implicitamente manifesta a razão, forma de resoluções fundamentada no raciocínio, e foi iniciada pelo filósofo alemão, Hegel. Antes desse pensamento, a dialética que era empregada para a compreensão da contradição exposta nos fenômenos observados no movimento dos seres e consequentemente o movimento da sociedade. Desta forma, no poema “traduzir-se” de Ferreira Gullar o ponto de vista dialético é perceptível ao abordar os aspectos e logo em seguida as ideias contrárias e na obra, “o operário em construção”, de Vinícius de Moraes o operário é colocado em relação de submissão ao patrão e a contradição também é vista na ação do operário em produzir diversos objetos sem que possa desfrutar dos mesmos ou ter que pagar pelos produtos que ele mesmo produziu.
Como foi dito, “traduzir-se” explicitou a forma que o ser humano é moldado com o passar do tempo e através das escolhas que faz. O meio em que está inserido também se transforma à medida que o ser possui características físicas similares que permanecem, mas a forma de pensar, agir, lidar com o mundo dentre outros se modifica a cada nova questão. Questões relacionadas ao emocional, principalmente, desencadeiam fenômenos que levam ao devenir. A cada indagação é originado um raciocínio sobre determinada complexidade. Por mais que a razão pura tente demonstrar o raciocínio único e a previsão do caminho percorrido, a razão dialética surge com o estudo da contradição, em preocupar-se, refletir para assim entender os pontos por suas expectativas diretamente relacionadas ao contato com outros indivíduos pelo diálogo.
Por outro lado, “o operário em construção” trata o conceito dialético a partir da contradição social que existe entre um operário, que tem todo o trabalho físico da produção, e o patrão, o qual apenas por ser o dono dos equipamentos lucra através do sacrifício de seus funcionários. Trata da questão de submissão em que os trabalhadores são submetidos, passam a observador passivo da realidade. Os objetos produzidos pelo operário, como apresentados no poema, serviram como gatilhos para que o devir ocorre-se no operário e desenvolve-se condição diferente de ser passivo e passou a ter pensamentos reflexivos gerados pela percepção da contradição do eu.
Por todas essas razões, as leituras permitiram perceber a abrangência da razão dialética no cotidiano dos seres humanos e essa permite que ocorra a mutação que nasce das contradições presentes na realidade. Diferentemente do princípio da identidade, “o que é, é, o que não é não é”, que o ocidente se fundamentou. Pois a realidade só pode ser entendida na dinâmica (fenômeno) que vem a ser o rearranjo do que já existe. Ao propor que a razão, sem o exercício da expressão, limita as possibilidades do homem em uma “ordem certa e única” que valoriza o objeto enquanto deveria valorizar o sujeito em primeiro momento. No primeiro poema, Ferreira Gullar usa a razão dialética para realizar uma autoanálise do eu que muda a cada acontecimento, diálogo ou adversidade que gera reflexão ou contradição e não pode ser prevista. Entretanto na segunda obra, Vinícius de Moraes inicia seu poema com o operário na condição apriori, ou seja, antes e sem consciência de sua condição social em situação similar a escravidão. Posteriormente em versos adiante, o trabalhador refletiu a partir da observação de objetos produzidos por eles ou operários como ele e obteve a consciência de sua alienação diante do sistema e o momento relaciona-se a posteriori ao obter o raciocínio a que estava inserido de realidade objetiva.
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