Resenha "O Capital" - Karl Marx, capítulo 1, itens 1, 2 e 4
Por: paulllos • 8/7/2019 • Resenha • 1.336 Palavras (6 Páginas) • 383 Visualizações
Resenha de “O Capital”, por Karl Marx
Capítulo 1, itens 1, 2 e 4
Professora: Thalita
Aluno: Paulo Henrique Valeriano (180138154)
Em sua obra, “O Capital”, Marx debate de forma intrínseca e complexa a questão da mercadoria e sua relação social, de forma muito minuciosa, passando por diversos aspectos referentes ao objeto mercadoria em si, à sociedade, a quem produz, quem compra e quem vende a mercadoria de forma separada, e as relações sociais diretas e indiretas entre estes geradas pela mercadoria na forma em que se é dada no sistema mercadológico capitalista no qual vivemos. Traz também análises mais gerais de outros modos e sistemas de relações de mercado ou não em outras sociedades hipotéticas ou que já foram reais com o que pode se chamar de produto, dissecando a questão ao seu máximo.
O autor começa por definir os dois fatores da mercadoria, valor de uso e valor (substância do valor, grandeza do valor), definindo a mercadoria em si como um objeto externo que se faz, de alguma forma, necessário às necessidades humanas, não sendo importante para a discussão a natureza de tais necessidades, sejam elas diretas ou indiretas. Ao apresentar o conceito de valor de uso, auto explicativo e que não depende de como a mercadoria foi produzida, afirma que tal valor apenas se efetiva no uso ou consumo do objeto, constituindo o suporte do material do valor de troca, o qual se entende pela relação quantitativa de valor entre dois valores de uso (mercadorias).
Para que se possa estabelecer um valor de troca, deve-se ter consciência de que alguma coisa de igual há entre as duas mercadorias, sendo assim ambas iguais a uma terceira em algum aspecto. Assim, deve-se abstrair os valores de uso das mercadorias para possibilitar a concretização da relação de troca. Nota-se, então, que o que há de comum entre duas mercadorias, sempre, é que ambas serão produtos do trabalho, trabalho esse uma ação do homem, independente do caráter útil de tal trabalho. Assim, o autor vê a mercadoria como uma forma cristalizada do trabalho humano, independente de como esse trabalho foi despendido. E isso dá abertura para enxergar o valor de troca independentemente do valor de uso, como deve ser. Dessa forma, finalmente, pode-se enxergar que o que determina o valor do produto é apenas a quantidade de trabalho que está cristalizada no mesmo.
Seguindo, no segundo item, é tratado o duplo caráter do trabalho representado nas mercadorias em si. O autor retoma resumidamente pontos importantes do primeiro item de seu texto e continua com um exemplo que se segue por todo o trecho: o exemplo do casaco e das dez braças de linho.
Considera-se que o casaco tem o dobro do valor das dez braças de linho, e nota-se que caso essas duas coisas não fossem valores de uso diferentes em qualidades, não poderiam se confrontar como mercadorias; não se troca produto de trabalho por produto de trabalho igualmente qualitativo. A partir dessa percepção, se desenvolve um sistema complexo no qual é presente uma divisão social do trabalho. Para explicá-lo, passamos da mercadoria como objeto de uso para o valor-mercadoria.
Relembrando que o valor da mercadoria é representado unicamente por dispêndio de trabalho humano e a necessidade de abstração das qualidades da mercadoria, percebe-se que deve-se também abstrair as qualidades do trabalho; assim, um trabalho mais complexo vale o mesmo que um trabalho simples, porém potenciado ou multiplicado, nas palavras do filósofo, e para citá-lo “[…] uma quantidade menor de trabalho complexo é igual a uma quantidade maior de trabalho simples.”, o produto de um trabalho mais complexo se equipara em grandeza de valor ao produto de um trabalho mais simples, entretanto.
Para finalizar o exemplo do casaco e do linho, o autor retoma, exemplificando um trecho já tratado no texto na íntegra, no qual chama atenção para o fato de que, se caso a quantidade de trabalho necessária para a produção de um casaco dobre, um casaco terá o valor que antes tinham dois casacos, e assim também inversamente, se o trabalho necessário à produção caia pela metade. Isso porque nesse tipo de situação se altera a quantidade de trabalho a ser despendido na produção, e já se entende que uma quantidade maior de trabalho, constitui uma maior riqueza material. Porém, há de notar-se também que, se a quantidade de riqueza material aumenta, pode haver, simultaneamente, uma queda de sua substância ou grandeza de valor, dado o duplo caráter do trabalho, em que independente da produtividade do tempo de produção de bens ou serviços, a grandeza de valor será sempre a mesma, contudo, se houve aumento da força produtiva, é fornecida maior quantidade de bens em menor tempo de trabalho, o que significa que é fornecida maior quantidade de bens em menor tempo de trabalho, diminuindo assim a grandeza de valor da massa total de produção, pois a substância do valor é diretamente influenciada pela quantidade de trabalho.
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