Resumo Verdade e Método de Gadamer
Por: GabrielBegali • 24/3/2020 • Resenha • 6.371 Palavras (26 Páginas) • 596 Visualizações
SUMÁRIO
Introdução 4
1. A linguagem como médium da experiência hermenêutica 5
1.1. A Lingüisticidade como determinação do objeto hermenêutico 6
1.2. A lingüisticidade como determinação da execução hermenêutica 6
2. A cunhagem do conceito de "linguagem" ao longo da história do pensamento do mundo ocidental 9
2.1. Linguagem e logos 9
2.2. Linguagem e Verbum 11
2.3. Linguagem e formação de conceito 12
3. A linguagem como horizonte de uma ontologia hermenêutica 14
3.1. A linguagem como experiência de mundo 14
3.2. O centro (Mitte) da linguagem e sua estrutura especulativa 16
3.3. O aspecto universal da hermenêutica 18
Conclusão 21
Referência Bibliográfica 22
INTRODUÇÃO
O ser humano em toda história se manifesta sempre como um ser que está à procura de sentido, por isso, ele nunca poderá deixar de atribuir significado, isto faz parte de sua natureza. Deste fato, podemos perceber que ao mesmo tempo em que o homem está a atribuir significado, também está à procura de interpretá-los, seja seus símbolos, atos ou ainda os seus signos.
Assim é tida a hermenêutica, como a busca de interpretação. A hermenêutica teve sua raiz no pensamento teológico, mas também teve sua contribuição na história da filosofia, e quando se fala no contexto histórico da filosofia sobre hermenêutica, não podemos deixar de destacar a figura de Gadamer.
Hans-Georg Gadamer foi um importante filósofo alemão do século XX, marcou de forma fecunda o pensamento ocidental com sua obra-prima Verdade e Método, publicada pela primeira vez em 1960, onde o autor desenvolve uma hermenêutica filosófica.
O filósofo foi influenciado pelos estudos de Martin Heidegger, de quem foi aluno e assistente na Philipps-Universität Marburg, trouxe a historicidade para suas reflexões, no seu dizer “se o tempo é o horizonte de toda compreensão, todas as teorias devem converter-se inelutavelmente em formações históricas, e isso afetara o núcleo da razão”. Gadamer não se preocupa com o estabelecimento de um método, como propunha Dilthey, uma vez que, nos termos de Campos, não se destina a resolver problemas hermenêuticos práticos, mas sim, a construir uma teoria acerca de questões preliminares ligadas ao fenômeno da compreensão, pois para ele, a compreensão é como o modo de existência do próprio indivíduo em suas mais variadas possibilidades, ou seja, caracteriza-se como uma ontologia fundamental.
Assim neste resumo buscaremos apontar para alguns traços de sua hermenêutica, como também perceber como suas reflexões muito contribuíram tanto para a filosofia quanto para o homem de hoje que está continuamente em busca de significado como também na procura de interpretá-los.
TERCEIRA PARTE – A VIRADA ONTOLÓGICA DA HERMENÊUTICA NO FIO CONDUTOR DA LINGUAGEM
A linguagem como médium da experiência hermenêutica
Costumamos dizer que "levamos" uma conversação, mas a verdade é que, quanto mais autêntica é a conversação, menos possibilidade têm os interlocutores de "levá-la" na direção que desejariam.
Na análise da hermenêutica romântica tivemos ocasião de ver que a compreensão não se baseia em um deslocar-se para o interior do outro, em uma participação imediata de um no outro. Compreender o que alguém diz é, como já vimos, pôr-se de acordo sobre a coisa, não se deslocar para dentro do outro e reproduzir suas vivências, e todo este processo é um processo linguístico. O caso da tradução nos faz conscientes da lingüisticidade como o médium do acordo, através do fato de que este meio tem de ser produzido artificialmente através de uma mediação expressa, vemos então que a conversação é um processo pelo qual se procura chegar a um acordo.
Como toda interpretação, a tradução implica uma reiluminação. Quem traduz tem de assumir a responsabilidade dessa reiluminação. Com isso toda tradução que leve a sério sua tarefa torna-se mais clara e mais fluente que o original. O tradutor tem, muitas vezes, dolorosa consciência da distância que o separa necessariamente do original, seu trato com o texto tem também algo dos esforços do pôr-se de acordo numa conversação. Deste modo, a situação do tradutor e a do intérprete vem a ser no fundo a mesma. A tarefa de reprodução, própria do tradutor, não se distingue qualitativa, mas somente gradualmente da tarefa hermenêutica geral que qualquer texto coloca.
A linguagem é o médium universal em que se realiza a própria compreensão. A forma de realização da compreensão é a interpretação. O fenômeno hermenêutico se mostra como um caso especial da relação geral entre pensar e falar, cuja enigmática intimidade motiva a ocultação da linguagem no pensamento. Assim como na conversação, a interpretação é um círculo fechado na dialética de pergunta e resposta. A lingüisticidade da compreensão é a concreção da consciência da história efeitual.
A Lingüisticidade como determinação do objeto hermenêutico
O fato de que a essência da tradição se caracterize por sua lingüisticidade, adquire seu pleno significado hermenêutico onde a tradição se torna escrita. Assim a tradição escrita não é somente uma porção de um mundo passado, mas está sempre acima deste, na medida em que se elevou à esfera do sentido que ela mesma enuncia.
A verdadeira tarefa hermenêutica face aos textos escritos. Escrita é auto alheamento. Sua superação, a leitura do texto, é, pois, a mais elevada tarefa da compreensão. A tarefa hermenêutica, em relação com uma inscrição, só pode ser colocada quando já houver uma decifração supostamente correta.
Convém recordar que na origem, e primordialmente, a hermenêutica tem como tarefa a compreensão dos textos. Foi somente Schleiermacher que minimizou o caráter essencial da fixação por escrito com respeito ao problema hermenêutico, quando considerou que o problema da compreensão estava dado também face ao discurso oral, e quiçá na sua plena realização. A escrita também possui, para o fenômeno hermenêutico, uma significação central, na medida em que nela a ruptura com o escritor ou autor, assim como com o endereço concreto de um destinatário é trazida, por assim dizer, a uma existência própria.
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