Resumo do livro: “As verdades e as formas jurídicas” (MICHEL FOUCAULT)
Por: Cones1 • 1/12/2016 • Monografia • 5.722 Palavras (23 Páginas) • 2.229 Visualizações
Universidade Federal Fluminense
Faculdade de Direito
Departamento de Segurança Pública Disciplina: Discursos Criminológicos II Professora: Klarissa Platero
Alunos: Nathaly Batista Thaliana Pinheiro Josemar Silva Rachel Carmoniz Fernanda Conceição Paulo Silva
Resumo do livro: “As verdades e as formas jurídicas” (MICHEL FOUCAULT)
CONFERÊNCIA I
O livro “A verdade e as formas jurídicas” de Michel Foucault é uma coletânea de cinco conferencias apresentadas na Pontifícia Universidade católica (PUC) no estado do Rio de Janeiro no ano de 1973. Em seu primeiro capítulo intitulado Conferência I sua primeira parte de sua obra o filósofo Michel Foucault trata da dinâmica de como ocorrerá essas conferências, logo em seguida apresenta a objeto de reflexão que é a “reflexão metodológica” dos pontos de convergência de três pesquisas existentes.
1. “Como se puderam formas domínios de saber a partir de práticas sociais?”
A primeira reflexão se apresenta com o seguinte questionamento: “como se puderam formar domínios de saber a partir de praticas sociais?”. Foucault explica que a tendência denominada “marxismo acadêmico” que baseia-se em supor que as condições econômicas, sociais e politicas da existência são dados prévios do que o sujeito, o sujeito de conhecimento deve ser questionada.
Michel Foucault explicita que as praticas podem, na verdade, formar domínios de saber e que elas formam novos sujeitos e não reproduzem os mesmos tipos de sujeitos, tal como acreditam o “marxismo universitário”.
2.“A análise dos discursos”
O segundo eixo desta pesquisa será a analise dos discursos. Afirma Foucault: “O discurso é esse conjunto regular de fatos linguísticos em determinado nível, polêmicos e estratégicos em outro”
3.“Reelaboração da teoria do sujeito”
O terceiro eixo da sua pesquisa é o encontro com os dois primeiros eixos: a reelaboração da teoria do sujeito. “Essa teoria foi profundamente modificada e renovada, ao longo dos últimos anos, por um certo número de práticas, entre as quais, é claro, a psicanálise se situa em primeiro lugar”
(FOUCAULT, 1996 pp.9)
Para Foucault foi a teoria que “reavaliou de maneira mais fundamental a prioridade um tanto sagrada conferida ao sujeito”, que segundo Descartes se estabeleceu no pensamento ocidental. O autor elucida que há dois ou três séculos a filosofia ocidental demostrava o sujeito como fundamento. Por mais que a psicanálise tenha se disposto a por em questão essa posição absoluta do sujeito, Foucault, acredita que a teoria do sujeito ainda permanece muito filosófica: “muito cartesiana e kantiana”, alega. Abraça como proposta tentar enxergar como seria se através da historia não enxergássemos o “sujeito de conhecimento”, mais sim, um sujeito se constituiu no interior da história verdadeiramente. E é nessa alusão ao qual Foucault vai abordar ao decorrer deste capítulo.
3.1.A constituição histórica do sujeito de conhecimento”
Dessa forma voltamos a primeira reflexão em relação a tradição acadêmica ou universitária do marxismo. A ponderação de Michel Foucault consiste na constituição histórica do sujeito de conhecimento através do discurso tomado como um conjunto de estratégicas que fazem parte das práticas sociais. Para ele as práticas jurídicas , dentre as outras formas de subjetividade, as praticas judiciárias estão entre as mais importantes.
3.2.As práticas judiciárias
As práticas, segundo Foucault, são uma das formas pelas quais nossa sociedade definiu tipos de subjetividade, formas de saber e, dessa maneira, relações entre o homem e a verdade. Certas formas de verdade podem ser definidas a partir da prática penal. Por isso o inquérito para o autor é uma forma bem característica da verdade na nossa sociedade.
3.3.“O inquérito como forma de investigação da verdade”
O inquérito originou-se no meio da Idade Média como forma de investigação da verdade no núcleo da ordem jurídica que em seguida tornaram-se objeto de estudo na ordem científica e na ordem da reflexão filosófica. Da mesma forma, no século XIX também inventaram, a partir de problemas jurídicos uma forma de analise que não era mais o inquérito, mas sim, exame (examen). Tais formas deram origem à Sociologia, à Psicologia, à Psicopatologia, à Criminologia, à Psicanalise. Foucault explica que tais formas análise tem com base de sua formação um certo controle políticos e sociais.
3.4.“conhecimento não está em absoluto inscrito na natureza humana” Utilizando à obra de Nietzsche, que para Foucault é a melhor escolha, pois segundo ele: “é o melhor, o mais eficaz e o mais atual”. A partir deste trecho da obra de Nietzsche citado na conferencia 1: “Em algum ponto perdido deste universo, cujo clarão se estende a inúmeros sistemas solares, houve, uma vez um astro sobre o qual animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o instante da maior mentira e da suprema arrogância da historia universal”
Desconsiderando erros que sabemos que na época eram entendidos com verdades Foucault realça a seguinte afirmação de Nietzsche: “animais inteligentes inventaram o conhecimento” e com sua conclusão brilhante que o ideal não tem origem. Ele foi fabricado, inventado, produzido por uma serie de pequenos mecanismos. Logo, dizer que o conhecimento foi inventado é dizer que o conhecimento não esta em absoluto inscrito na natureza humana, segundo Foucault.
“O conhecimento é simplesmente o resultado do jogo, do afrontamento, da junção, da
luta e do compromisso entre os instintos. É porque os instintos se encontram, se batem e
chegam, finalmente, ao término de suas batalhas, a um compromisso, que algo se produz. Este algo é o conhecimento”
(FOUCAULT, 2002. pp. 16)
Esta é a ideia central da primeira conferencia de Foucault é que será base para a discussão das próximas conferencias. O autor vai demostrar como de fato as condições politicas, econômicas de existências não são atravanco para o sujeito de conhecimento, mas sim aquilo pelo qual se formam os sujeitos de conhecimento e em consequência as relações de verdades.
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