Síntese do filme O Senhor das Moscas
Por: Breno Bittencourt • 28/11/2018 • Trabalho acadêmico • 2.184 Palavras (9 Páginas) • 373 Visualizações
- ANALÍSE CRÍTICA
O filme “O Senhor das Moscas” é baseado no livro de mesmo nome, escrito por Willian Golding em 1954. Esse possui duas interpretações no cinema, um em 1963 e outra em 1990, sendo a primeira mais fiel a historia. O romance ganhou o prêmio Nobel de Literatura somente em 1983. O autor escreveu o livro como parodia de um livro popular do século 19 “ Coral Island”, e por consequência da segunda guerra mundial e seu holocausto ao qual ele viveu e coloca nessa historia o seu questionamento, “qual a origem de tanta maldade?”, e juntamente aborda o porquê que crianças podem chegar a matar.
A primeira vista este pode parecer mais uma historia de aventura, envolvendo crianças que ficam perdidas numa ilha e com união e bravura conseguem sobreviver, porém, “O Senhor das Moscas” não cumpre nossa expectativa, ele nos leva além, para um nível de reflexão filosófica e sociológica que não estamos acostumados, a confrontação com o nível de realismo nu e cru, o fato das ações dos personagens irem contra a visão ética vigente na sociedade e o nosso senso comum.
Golding simbolizou cada personagem com ideias vastas e abstratas de características que todo ser humano possui, fazendo a historia se tornar uma fabula. Nos temos cinco personagens principais que se caracterizam pelos seus traços de caráter: Ralph, que representa a democracia; Porquinho, que simboliza a prudência e a razão; Jack, o fascismo e a barbárie; Simom, a fé e a coragem; e Roger, representa o mal que habita em todos. O autor coloca garotos presos numa ilha com a intenção de provar que as coisas impostas pela sociedade podem rapidamente ruir. Ele escolhe crianças, pois acredita que elas sem adultos por perto podem rapidamente se entregar a barbárie, sendo que essas crianças são uma prévia do homem.
A história se inicia após uma tragédia onde crianças que estavam sendo transportadas de uma zona de guerra na Inglaterra, sofrem um acidente de avião e vão parar numa ilha deserta, onde apenas elas habitam. O primeiro personagem que nós é apresentado é o Porquinho, seu verdadeiro nome nunca é pronunciado, ele possui um corpo roliço, pele rosada, usa óculos de grau e tem asma, em contrapartida é bastante articulado e possui um grande conhecimento e discernimento para sua idade. Logo ele se encontra com Ralph, o seu oposto em aspecto físico, este já é esguio, forte, alto e carismático, desse encontro nasce uma afinidade quase imediata e ao andar pela praia eles avistam uma concha, o porquinho logo tem a ideia de usar a concha como um instrumento sonoro para atrair os outros garotos que possam estar vivos na ilha, porém devido a asma ele passa a concha para Ralph que o sopra com vigor, logo aparece crianças de todo canto da ilha e em especial um grupo bem organizado que caminha em uma espécie de marcha liderados por Jack.
Tudo começa bem quando todos concordam que deve existir um líder, para dar uma ordem. Jack insistiu em ser o líder, porém na votação Ralph ganha. Para apaziguar a situação, o novo líder escolhe Jack para coordenar os caçadores e assim começa a ironia da historia, porque Ralph se engana da natureza de Jack que a primeira vista se mostra ser uma pessoa totalmente o oposto ao que ela é. Jack possui uma natureza agressiva e é acompanhado por seu tenente Roger que possuía um lado obscuro. A primeira ordem é fazerem uma fogueira para que a fumaça possa mostrar aos navios onde eles estavam e utilizam o óculos de Porquinho para acender, é o símbolo que marca o auxilio da ciência para a sobrevivência. A segunda ordem é que se faça abrigos, só que todo esse trabalho atrapalha a diversão, afinal, estamos falando de crianças sem adultos. Só que para Jack era diferente, sua diversão era a caça e isso faz com que a historia caminhe para seu conflito.
Quando chega a primeira noite na ilha uma das crianças menciona “ a cobra” e o quanto lhe dar medo. Nesse momento, notamos que a cobra menciona ao primeiro livro da bíblia, Gêneses, e a ilha está associada ao pecado original. Como também o nome do filme “ O Senhor das Moscas” é uma menção ao demônio Belzebu, a personificação do segundo pecado.
Ao começarem a caçar todos pintam seus rostos para se camuflarem e isso se torna um fardamento para eles. Como se veem hoje em grupos e tribos, é uma forma de nomear quem são. Podemos comparar a situação com as gangues, pois elas também não possuem uma supervisão de “adultos” e criam suas próprias regras. Hoje em Fortaleza existem três gangues, que criaram suas próprias regras e os seus símbolos, o PCC, GDE e CV. Tudo isso que fazem a se tornar um grupo é um justificativa para fazerem coisas extremas em ambientes extremos. Para os caçadores, o porco que tantos eles caçam é como se fosse o seu inimigo, e isso é o que se passa em suas mentes.
No decorrer da historia começa a surgir dois mundos diferentes. O de Ralph que é ligado pelo dever e pela responsabilidade e o de Jack que está consumido pela ânsia do sangue e a fome de caçar. Isto se torna o fim da pequena sociedade democrática, e é como um símbolo do estopim de uma guerra. Sem democracia, sem ordem e sem regras, o fim da ética como implantada pela sociedade.
Agora surge na historia “a fera”, é o símbolo da chegada do medo, o tormento, o pânico e isso governa a ilha. Como dito no documentário sobre o livro; O SENHOR DAS MOSCAS. Duração de 46:56 minutos. Disponível em : “https:// www.youtube.com/watch?v=u8ObxBwDC3Q”. Acesso em : 17 agosto de 2018; “ (20:40 minutos) O medo é real e se manifesta nas pessoas gerando um comportamento que normalmente não teriam”. Quando matam o porco fazem uma festa ao redor da fogueira para comemorar e dividir a carne, eles começam a cantar e dançar ao redor do fogo e isso se torna um frenesi. Simom era epiléptico, e não sentia medo da fera, então ele decide nessa mesma noite se encontrar com a tal fera e descobre que era apenas um simples piloto preso pelas cordas do paraquedas morto. Simom então corre para contar aos outros só que no caminho ele se depara com uma cabeça de porco na ponta de uma lança, que Jack havia colocado como uma oferenda a fera, e isso lhe causa uma convulsão epiléptica. No meio do ataque epiléptico, Simom tem uma visão onde se diz “ este é o Senhor das Moscas, e escuta o que ele fala, não a ninguém para ajuda-lo, só eu, e eu sou a fera. Estranho a fera ser algo que pode caçar, matar, você sabia não é? Sou parte de você, intimamente”. Ao escutar essa parte da historia, podemos notar que o senhor da mosca somos nos mesmo, é o Jack, o Roger, todos nós. Ao voltar ao grupo que estava no frenesi acaba sendo morto pelas crianças, porém elas acreditavam que aquilo que viam era a fera. Nesse momento a morte de Simom simboliza a morte da fé e da coragem, o fim da crença de que poderiam ser salvos um dia.
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