Uma crítica à Teoria Institucioinal da Arte
Por: JudahNahum • 26/1/2018 • Trabalho acadêmico • 1.133 Palavras (5 Páginas) • 471 Visualizações
UMA CRÍTICA À TEORIA INSTITUCIONAL DA ARTE
Definir ou conceituar o que é a arte é, desde as mais antigas tentativas, algo difícil e trabalhoso; porém, as tentativas de conceituar à arte, sempre foram revisitadas ao longo da história da arte, da estética ou de qualquer campo onde esse conceito seja estudado. Mas como todo conceito sempre pode ser formulado, reformulado e criticado por algum teórico, o argumento pode abrir margem para uma possível crítica. No presente ensaio analiso a definição de arte, proposta por Georgie Dickie, e tento explicitar o porquê de sua tentativa de conceituar a arte, pode não ter sido bem-sucedido.
A escolha dessa critica se dá por conta de alguns equívocos que a definição de Dickie apresenta; equívocos que poderiam ser evitados, caso o autor usasse uma escrita mais clara, evitasse termos que comprometam a interpretação do leitor, e que dão margem para levantar objeções.
Criada e desenvolvida por Georgie Dickie, desde a década de sessenta, em Art and Aesthetic (1969), a chamada “Teoria Institucional” foi aprimorada ao longo dos anos, na medida em que foi sendo criticada por outros filósofos da arte. Porém não deixou de ser problemática por alguns aspectos. Mas antes, é preciso conhecer a definição de arte proposta por Dickie. A definição de arte, para Dickie, poderia ser conceituada dessa forma:
Uma obra de arte, em sentido classificativo, é (1) um artefacto (2) com um conjunto de aspectos que fez com que lhe fosse conferido o estatuto de candidato à apreciação por parte de alguma pessoa ou pessoas, agindo em nome de uma certa instituição social (o mundo da arte). (RAMME, p.07, 2011)
O que ele quer dizer com essa definição é que todo objeto artístico, a partir do momento em que é criada por um artista, e, com todas as características necessárias para ser um objeto de apreciação pelo mundo da arte (estudantes, teóricos, artistas ou qualquer pessoa ligada ao estudo da arte), é, em termos simples, uma obra de arte.
Essa definição apresentada, sobre o conceito de arte, abre espaço para possíveis objeções. Elenquei três objeções a essa teoria. A primeira, é uma objeção que eu mesmo levanto acerca desse conceito; a segunda e a terceira, extraí do artigo “Teorias da Arte” (2005), do Claudio F. da Costa:
i – Quais aspectos de um objeto o tornam candidato à apreciação artística?
ii – A definição também é problemática por dar a entender o termo o ‘mundo da arte’ num âmbito muito formal, como sendo uma instituição burocrática, onde um artefato recebe o estatuto de candidato à apreciação por vias “legais”, erro que ocorre por falta de clareza do autor.
iii – A definição de Dickie pressupõe observadores ideais (pessoas do mundo da arte).
Como já foi mencionado aqui, Dickie vem tentando solucionar os problemas de sua teoria desde que ela foi publicada pela primeira vez e, dessa forma, ele tem respondido às inúmeras objeções que apareceram, inclusive as do Costa, que apresentei aqui. Para responder a segunda objeção, ele recorre à história da arte. Segundo Dickie, se um artefato recebeu o estatuto de candidato à apreciação, é porque ele possui aspectos que lhe dão essa condição, e só quem está apto a notar tais aspectos são os especialistas do mundo da arte.
Mesmo assim essa resposta não é muito satisfatória, pois com ela chegamos à objeção número 3 (a de supor observadores ideais) excluindo assim a possibilidade de que alguém, fora do mundo da arte, mas que possua um bom conhecimento sobre, possa também opinar. Além de conter aparentemente na sua definição um argumento circular (arte é tudo aquilo que especialistas do mundo da arte dizem que é arte). Com isso a definição de Dickie acaba restringindo a arte àquilo que está em exposição em museus e fechando a possibilidade de que se possa produzir algo fora destes espaços, que também possa vir a ter o estatuto de ‘candidato à apreciação”. Além de violar as regras da lógica clássica, por ser um argumento circular.
Noeli Ramme afirma em seu texto A Teoria Institucional e a definição da arte (2011) que a definição proposta por Dickie não trabalha com a noção de observadores ideais, mas que o público precisa de certa maneira estar familiarizado com a teoria e história da arte para poder compreender uma obra de arte quando esta é apresentada:
Não existe na TI a figura do espectador
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