Brasil: território e sociedade no início do século XXI - Resenha
Por: Gabischw • 23/9/2018 • Resenha • 1.964 Palavras (8 Páginas) • 1.024 Visualizações
RESENHA. SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI; 9ª edição; Rio de Janeiro: Record, 2006. Capítulo XII - As diferenças no território.
Apresenta diversas categorias do território, de forma material e ou social, apresentando opostos, questionando-os, principalmente da forma de que se eles isoladamente, sem o oposto, podem agir e mudar, ou se necessitam do oposto e certas condições para que possam ser efetivos. Maria Laura Silveira é bacharel e licenciada em Geografia e trabalha com território, já Milton Santos é bacharel em Direito e Doutor em Geografia, defendendo uma nova abordagem à geografia, dando importância ao território e ao urbano, com uma visão crítica ao capitalismo e também à Nova Geografia. Com uma visão marxista, difundiu a ideia do “meio técnico científico informacional”, também comentado ao longo desse texto.
O capítulo abordado, intitulado “As diferenças de território” é dividido em 9 seções, sendo 5 em que cada uma apresenta duas definições/classificações sobre espaço, questionando se são antagônicos ou opostos complementares. Enquanto os dois últimos reúnem o conteúdo dado ao longo do capítulo, sobre o território e refletem sobre o território brasileiro a partir de todo esse conteúdo.
O capítulo inicia com o tema de “Novas desigualdades territoriais”, em que dá uma introdução geral ao que irá abordar ao longo, introduzindo de que forma as variáveis apontadas se complementam para que se tenha uma classificação e diferenciação territorial.
Já seguindo para a segunda parte, intitulada de “Zonas de densidade e rarefação”, começa então a introdução de dois tipos de classificação territorial, de densidade e rarefação, questionando o que é demografia e o que é ser denso. Apresenta a ideia de que ocorrem superposições nas densidades, seja contínuas ou descontínuas e que os traços mostrados podem ser atuais ou já substituídos e, a olho nu, a densidade vista exclui todo o processo evolutivo do resultado mostrado. Fala-se em diferentes densidades e sua aplicação, como a urbana, utilizando o perfil urbano ou número de cidades, calculada em função de diversos fatores e, faz uma ligação entre esse meio físico calculado para o meio informacional e técnico, informando que se pode encontrar uma maior ou menor presença, disponibilidade e uso. Assim, as formas herdadas afeta diretamente a redistribuição do território, o qual é mudado pela divisão territorial do trabalho, a qual cria uma hierarquia entre lugares, que é posto em camadas de desenvolvimento, podendo ser visto como um resultado final ou visto de acordo com as divisões de cada época.
Em “Fluidez e viscosidade”, comenta a necessidade de movimento do homem e de mercadorias e que os países se distinguem pelas possibilidades de fluidez. Há um interesse de melhoria dos espaços para que seja facilitado o trânsito comercial, principalmente se atinge além do interno, usando no texto como exemplo a Alemanha Ocidental investidora na Oriental e em outros países do continente Europeu e até o Brasil, para que os países tenham condições de circulação indispensáveis para a abertura externa. Comenta sobre os países com maior extensão, refletindo numa desigualdade regional e de renda, com um processo de fluidez seletivo e não igualitário. Divide-se a fluidez em virtual e efetiva, sendo necessário compreender um conjunto de fatores, visto que essas denominações não são autoexplicativas. Milton tem o olhar de um reflexo e condição da sociedade através de formas, fixas, e dos fluxos, reunindo todas as dimensões do espaço, sendo o econômico, político, social e cultural, para levar à reflexão dos fixos e dos fluxos.
Diferenciando os “Espaços de rapidez e da lentidão”, em que o de rapidez, materialmente, são os dotados de maiores números de vias, veículos privados e transportes públicos. Já socialmente, se tem uma maior rede de relações. É uma ideia que não se aplica ao Brasil.
Classificando, na quinta seção, os “Espaços luminosos, espaços opacos”, sendo luminosos os que mais acumulam densidade técnica e informacionais, ficando aptos a atrair atividades com maior conteúdo de capital, tecnologia e organização, sendo mais suscetíveis a participar de regularidades, em que há uma grande fluidez e uma industrialização, é o local em que as indústrias operam, se instalam e desenvolvem tecnologias. São espaços resultantes das forças externas, em que as demandas são aplicadas e supridas. Os subespaços em que essas características estão ausentes são os opacos, sem que se tenha o desenvolvimento industrial e a fluidez. Cita que talvez desse modo estejamos tendo uma visão preconceituosa de organização do espaço, pois é algo que interessa apenas um grupo limitado.
Questionando se a afirmação de “Espaços que mandam, espaços que obedecem”, na sexta seção, é válida, levantando a problemática de que há espaços em que há um acúmulo de funções enquanto, na maioria, há a falta. Sendo assim, como que um espaço pode comandar e outro obedecer, levando em conta o que tem em seu território, como os sistemas de engenharia e dos sistemas normativos de cada lugar, ou se essas decisões vêm do poder público/privado? A primeira opção por si só não dispõe de poder, retomando assim ao espaço como um conjunto indissociável. Sendo assim, há sim espaços que comandam e espaços que obedecem, entretanto vêm de um conjunto de condições e, não delas isoladamente.
Questiona as noções de centro e periferia na sétima seção, “Novas lógicas centro-periferia”, de como e onde são os centros e qual o papel do espaço geográfico para estabelecer normas. Fazendo uma ligação com o Estado oligárquico, o qual começa a cair na década de 30, em que as políticas, partindo de Vargas, começam a centralizar os poderes pois com as oligarquias dividia muito o poder do país.
Comenta que foi-se adquirindo novas significações, podendo-se dizer grosseiramente que teve três grandes períodos, sendo o primeiro deles durante a Segunda Guerra Mundial, anterior à unificação do território e mercado, um Brasil policêntrico, com um poder centralizador e com fraca capacidade de controle de território e uma economia fragmentada, virada para o externo, com cidades produtoras ligadas aos portos e com relações internas limitadas. Há a introdução de estradas de ferro no território, aumentando a dinâmica interna e criando bases para que se tenha um mercado interno mais organizado e conectado introduzindo o território à ordem mundial capitalista, mudando significamente a ordem. Cita Rio de Janeiro sendo a capital política, porém passando uma nova centralidade à Brasília, a qual se relaciona com a capital comercial, antigamente e até os dias atuais, São Paulo. Citando uma rivalidade entre Rio de Janeiro e Brasília, o fato de centrifugação, uma centralidade causadora de conflitos e questiona o papel dos centros, sendo São Paulo o núcleo do país.
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