Embargo de Cuba
Por: paulocesarctp • 1/6/2016 • Artigo • 2.481 Palavras (10 Páginas) • 369 Visualizações
O PAPEL DO BRASIL NO PROCESSO DE ABERTURA ECONÔMICA DE CUBA
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RESUMO
O Brasil tem atuado diretamente para que as relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos sejam reestabelecidas, visando um mercado promissor com potencial de crescimento que poderá surgir na ilha caribenha após o fim do bloqueio econômico, financeiro e comercial impostos pelos norte-americanos, o Brasil tem feito inúmeros investimentos, como o porto de Mariel e a reforma do aeroporto de Havana, com intuito de conseguir relações privilegiadas com o governo cubano.
Palavras-chave: Embargo Cubano. BNDES. Brasil.
INTRODUÇÃO
Atualmente muitas discussões têm sido levantadas sobre a importância do fim do bloqueio econômico imposto a Cuba pelos EUA em fevereiro de 1962. Visto que o embargo acarretou uma série de problemas socioeconômicos que impediram o desenvolvimento e levou a estagnação econômica da ilha. Dentro desse contexto, o Brasil é inserido com um importante papel de reaproximação entre os dois países, fazendo investimentos por meio do BNDES para manter uma relação de mercado em destaque.
O papel do Brasil no processo de abertura econômica de Cuba
Cuba, 7 de fevereiro de 1962, dar-se início ao embargo econômico, comercial e financeiro submetido pelos Estados Unidos, liderado pelo então presidente norte-americano John F. Kennedy, em resposta a uma série de medidas tomadas pelo governo ditatorial da ilha na época. Com isso iniciou-se em Cuba um dos momentos mais tenebrosos e incertos de sua história econômica. O objetivo do embargo era asfixiar a economia, acreditando assim, levar ao enfraquecimento do regime ditatorial em vigência e vislumbrando o surgimento de uma democracia na ilha caribenha. Porém não foi bem o que aconteceu, a ditadura se fortaleceu e os Estados Unidos passaram a ser culpado por todas as desgraças da ilha, fazendo com que esse embargo perdurasse por mais de meio século chegando aos dias atuais.
Figura 01: Representação política entre Cuba e EUA.
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Fonte: <http://www.criacionismo.com.br/2014/12/papa-intermedeia-acordo-historico-eua.html>. Acesso em: 09 Mai. 2016.
No entanto, nem todas as relações comerciais entre os dois países foram proibidas pela vigência do embargo, que se tornou lei em 1992, 1995, e ainda foi ampliado em 1999, pelo então presidente norte-americano o democrata Bill Clinton, desde 2000 foi autorizado à exportação de alimentos para a ilha sob condições de pagamento a vista e antecipado. Ainda em outros momentos, como é o caso de alguns desastres naturais, como o furacão Michelle em 2001, os norte-americanos se mostraram solidários enviando ajudas humanitárias para a ilha caribenha.
O dilema interno causado em Cuba foi muito grande visto que na época da Guerra Fria, quando o mundo era dividido em dois blocos, um capitalista e outro socialista, a ilha recebia inúmeros investimentos por parte da União Soviética, outro dos principais fatores que impulsionou o bloco capitalista liderado pelos Estados Unidos a impor tais sansões a mesma. Assim qualquer banco ou nação estrangeira que concedesse o crédito, investisse ou mante-se relações comerciais com Cuba receberia sansões por parte do país norte-americano, principal mercado consumidor do mundo e consequentemente por seus aliados.
Foi a famosa expressão:
‘’Negociou com Cuba, não negocia comigo’’. (Autor desconhecido)
As importações e exportações da ilha caíram drasticamente, aumentando o desemprego, e o turismo; uma das principais fontes da economia foi seriamente prejudicada, principalmente porque cidadãos americanos foram proibidos de viajar para Cuba, sob pena de 10 anos de reclusão e pagamento de multas milionárias. Porém os prejuízos não foram apenas econômicos, mas também sociais. A ilha possui um excelente sistema de saúde e bons médicos, porém passou a enfrentar grandes dificuldades para organizar as estruturas de hospitais e clínicas públicas, visto que possui dinheiro, mas não encontra vendedores de equipamentos, dispostos a enfrentar todas as sansões impostas pelos Estados Unidos e quando encontra o custo fica mais bem elevado que o comum.
Os Estados Unidos atrapalham ainda o comércio exterior de Cuba, com medidas que proíbem a entrada em território americano de qualquer produto que tenha sido fabricado ou tenha recebido matéria prima da ilha caribenha, ao exemplo disso temos o caso da montadora japonesa Nissan que se fabricar um veiculo usando níquel extraído em Cuba esse carro não poderá ser vendido nos Estados Unidos. Do mesmo modo nenhuma bebida poderia ser vendida se usasse o açúcar cubano. Tudo isso, asfixia a economia e acarreta sérios problemas socioeconômicos, fortalecendo a desigualdade e impedindo seu desenvolvimento econômico e social, visto que, nenhum país é capaz de se desenvolver sem alianças diplomáticas.
Segundo o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2005, estima-se que desde a criação do embargo até o mesmo ano, houve um prejuízo superior a 89 bilhões de dólares para o país Caribenho. Para a ONU, que condenou inúmeras vezes o bloqueio caracterizando-o como ato de guerra não civil, mas econômica, o fim ao bloqueio econômico representaria uma nova abertura comercial para os Estados Unidos em relação a toda América latina, e para Cuba possibilitaria um novo caminho para a construção de uma economia mais diversificada e globalizada, melhorando o desenvolvimento socioeconômico do país. Já segundo o jornal Adital, o custo passa da casa de 1 quatrilhão de dólares em prejuízos para os cofres da ilha.
Ainda muito se questiona por qual razão esse embargo continua em vigor por tanto tempo, o qual perdura por mais de 50 anos. E mesmo sendo condenado e repudiado por 99% da comunidade internacional, ainda não perdeu a sua veracidade.
Fernando Morais, em seu livro “Os últimos soldados da Guerra Fria” explica as razões:
Nenhum presidente americano havia chegado à Casa Branca sem antes se submeter ao beija-mão dos chefões da diáspora cubana em Miami. A cada quatro anos, um Comitê de Ação Política […] irrigava com doações que chegavam a 10 milhões de dólares as campanhas eleitorais de cerca de 400 candidatos a deputado federal e senador […]. Bastava que defendessem os pontos de vista da diáspora cubana, que fossem comprometidos com a manutenção do bloqueio a Cuba e com todas as formas de luta para pôr fim ao regime comunista que imperava na ilha. Segundo a unanimidade dos observadores políticos, o poder do lobby cubano no congresso só perdia para o multimilionário AIPAC [lobby pró-Israel].
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