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Ensino Cartográfico nas Escolas da Rede Pública de Presidente Prudente: Desafios Sob a Perspectiva do Professor

Por:   •  22/3/2022  •  Monografia  •  5.095 Palavras (21 Páginas)  •  152 Visualizações

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Ensino Cartográfico nas Escolas da Rede Pública de Presidente Prudente: Desafios Sob a Perspectiva do Professor

Autor: Paulo Roberto Alves de Araujo Junior[1]

Resumo: O presente artigo tem como principal objetivo analisar se a alfabetização cartográfica nas escolas da rede pública de Presidente Prudente acontece da forma adequada, identificando quais são os principais fatores que influenciam nesse processo, tendo como foco a infraestrutura física das escolas, materiais didáticos utilizados e a formação do professor. Além disso, este artigo também visa analisar como que o processo de inclusão/exclusão socio espacial interferem no processo de ensino/aprendizagem.

Palavras-chaves: Alfabetização cartográfica; inclusão/exclusão socio espacial; anos finais; Cartorafia.

1- Introdução

A necessidade de representar o espaço sempre esteve presente nos seres humanos, desde seus primórdios, começando com as antigas civilizações que buscavam, através de símbolos e traços bem rudimentares, balizar o espaço em que viviam, como a apreensão do meio ambiente ao seu redor, demarcações de fatores geográficos como corpos d’água, além da representação de sua própria aldeia (HARLEY, 1991). Em algumas comunidades os mapas precedem até mesmo a linguagem matemática e a linguagem escrita. Com isso, podemos afirmar que a linguagem cartográfica pode ser considerada como uma das mais primárias formas de comunicação desenvolvidas pelo homem.  Atualmente isso não mudou muito, pois a linguagem cartográfica ainda é uma forma muito eficiente de comunicação e de transmissão de informações, sendo utilizada por diversos segmentos da sociedade, tanto de formas mais técnicas, como em universidades, quanto de forma mais coloquial, como na vida cotidiana das pessoas.

Dentro dos currículos escolares a Cartografia também possui grande importância, principalmente no que se refere aos conteúdos da matéria de Geografia, sendo, em muitos casos, fundamentais para que os alunos consigam compreender os principais conceitos e habilidades referentes a essa disciplina. Entendendo a grande importância que há em torno dos saberes relacionados à Cartografia, é correto imaginar que a alfabetização cartográfica aconteça de forma eficaz nas escolas da rede pública, e é justamente desta problemática que nasce este artigo, que é entender se o ensino cartográfico acontece de forma adequada nas escolas da rede pública de Presidente Prudente, ou seja, se acontece da forma como está previsto nos currículos que normatizam a educação brasileira e paulistana.

Outra grande preocupação do artigo em questão é identificar se existe concentração de resultados bons e ruins em certas áreas da cidade, o que pode mostrar se o nível de inclusão/exclusão socio espacial dos locais onde as escolas estão situadas interferem no nível de alfabetização de seus alunos. Para tanto, realizamos a espacialização das escolas da rede pública de Presidente Prudente segundo as suas notas em Geografia do SARESP 2009[2], comparando o produto cartográfico obtido com o mapa de exclusão socio espacial de Presidente Prudente.

Como a pesquisa ainda encontra-se em andamento, os resultados que serão expostos neste artigo ainda são preliminares, focando na discussão teórica do tema, principalmente no que se refere à análise dos currículos – PCN e Currículo Paulista  – e da importância da Cartografia para o ensino da Geografia, além de uma breve análise, tanto das entrevistas feitas com dois professores, quanto dos mapas já elaborados.

  1. A importância da cartografia para o ensino de Geografia

O objetivo deste tópico é analisar, mesmo que brevemente, como que os conteúdos relacionados à Cartografia, bem como as competências e habilidades desenvolvidas em decorrência desta, são importantes para a construção do conhecimento geográfico, isto é, o qual importante o ensino cartográfico é dentro do desenvolvimento desta disciplina.

Antes de mais nada, acredito que para entendermos melhor como que a Cartografia pode auxiliar no desenvolvimento dos conteúdos da Geografia, é necessário entendermos quais são os principais objetos de estudo da Geografia, tanto no que se refere à ciência geográfica, quanto no tocante a como esse conteúdo aparece dentro do currículo paulista, ou seja, como esse conteúdo aparece dentro das escolas. Essa revisão é importante pois facilitará na compreensão de como as competências e habilidades trabalhadas pela cartografia podem auxiliar no desenvolvimento do conteúdo geográfico.

Em Moraes (1999),  é trazida uma discussão muito interessante sobre qual é o objeto de estudo da Geografia, onde vemos que esta ciência é muito complexa e ampla, e é justamente essa amplitude que faz com que a sua definição pareça algo muito abstrato, além disso, outro fator responsável por essa aparente indefinição de seu objeto de estudo é o fato de o rótulo de Geografia ter sido incorporado ao vocabulário cotidiano, ou seja, praticamente qualquer pessoa pode trazer uma definição do que é essa ciência, o problema em si não é as pessoas arriscarem dizer o que é a Geografia, mas sim fazê-lo baseadas apenas no senso comum.

Uma das definições mais usuais de Geografia é “estudo da superfície terrestre”, esta definição apoia-se no significado etimológico do termo Geografia, que significa “descrição da terra”, dentro disso, podemos observar o quão abrangente ela é, cabendo à Geografia o estudo de todos os fenômenos que ocorrem no planeta, dentro desta linha de pensamento, a Geografia é uma ciência de síntese, ou seja, uma síntese de todas as outras. Estas constatações provêm das formulações de Kant,

Para este autor, haveria duas classes de ciências, as especulativas, apoiadas na razão, e as empíricas, apoiadas na observação e nas sensações. Ao nível das segundas, haveria duas disciplinas de síntese, a Antropologia, síntese dos conhecimentos relativos ao homem, e a Geografia, síntese dos conhecimentos sobre a natureza (MORAES, 1999, p.4)

Outras definições a coloca como sendo a ciência responsável pelo estudo da paisagem, se atendo apenas aos aspectos visíveis do real, uma variação desta definição é a que coloca a Geografia como sendo o estudo da individualidade dos lugares, ou seja, tomando como base esta definição, a ciência geográfica é responsável pelo estudo de todos os fenômenos presentes em uma dada área, mas o que podemos perceber é que dentro dessas duas definições o objeto da Geografia ainda permanece ligado aos conhecimentos provenientes de diversas outras áreas do conhecimento, o que a mantém como uma ciência de síntese.

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