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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de Geografia

Por:   •  17/8/2022  •  Resenha  •  3.907 Palavras (16 Páginas)  •  165 Visualizações

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Universidade de São Paulo

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Departamento de Geografia

        

Nome: David dos Santos Mendes

Nº USP: 12515372

Disciplina: Teoria e Método I

Docente: Prof(a) Dr(a) Carlos de Almeida toledo

        

Atividade: Resenha Crítica de um TGI

São Paulo

2021

Resenha Crítica de um TGI

Análise da segregação espacial na cidade de São Paulo

David dos Santos Mendes

Universidade de São Paulo

davidmendes@usp.com

MARIA, Isabella Beil. “A segregação socioespacial e a carência de moradias no centro de São Paulo”.  São Paulo: USP, 2016, p. 1-91.

Na obra intitulada “A segregação socioespacial e a carência de moradias no centro de São Paulo”, a geógrafa Isabella Maria explica o processo que deu origem a segregação espacial no principal centro urbano do Brasil, enfatizando a diferença que o poder político e econômico da população afeta nesse processo. Para a abordagem do tema, a pesquisa feita foi dividida em três partes, o estudo dos tipos de distribuições espaciais, com inspiração nos trabalhos de Pierre Monbeig, sobre o desenvolvimento das cidades, e abordando um pouco dos ideais de Henri Lefebvre. Após isso se deu início a um contexto histórico, partindo da criação da Lei de Terras, em 1850, e como isso influenciou a situação vista no presente. Por último foi buscado exemplos na atualidade, com foco na região de Santa Cecilia e no Hotel Lorde, que está ocupado pela Frente de Luta por Moradia.

A autora começa seu trabalho trazendo o seguinte raciocínio: “Para o geógrafo, a cidade é um ato de posse do solo por um grupo humano”. (MONBEIG, 1941).  A partir desse ponto de vista, ela traz como o pensamento padrão das pessoas em relação as cidades são mascaradas pela questão artificial, sempre sendo relacionada a grandes infraestruturas e modernização, e raramente sendo relacionada ao solo. Contudo, mesmo as questões naturais ficando em um segundo plano e sendo bem mais sutil de perceber sua manifestação em comparação com o meio rural ainda é necessário estudá-las para poder compreender a formação dos núcleos urbanos.  Um ponto de estudo utilizado por La Blache sobre essa questão é o duplo papel que o homem exerce, de ativo e passivo, já que embora a natureza possa influenciar enormemente o destino de uma sociedade, já que dependendo do entorno e da disponibilidade de recursos poderia definir o sucesso ou fracasso de um povo, o homem teria que ser ativo, para não deixar essas questões naturais tomarem conta de seu destino, contudo teria que ser em parte passivo, já que não se pode vencer totalmente a natureza (LA BLACHE, 1954). Dessa forma, é possível perceber as origens da relação sociedade-natureza, como afirmado pela própria autora:

A relação sociedade-natureza surge, desse modo, por uma questão de sobrevivência e reprodução em dois sentidos: um biológico e outro social. O primeiro ligado à sobrevivência, com um caráter de apropriação. Já a reprodução social tem por objetivo a reprodução do tipo de sociedade, dos tipos de relações sociais presentes, tendo um caráter de apropriação subjetiva, onde os elementos apropriados manifestam-se além da consciência. Todavia, a primeira está subordinada a segunda, no sentido de em que condições se realiza (MARIA, 2016, P. 11)

Quando se faz uma comparação dessa questão elaborada pela autora com o texto visto em sala de aula “A noção de gênero de vida e sua evolução” de Max Sorre é possível perceber alguns pontos importantes que não foram analisados no trabalho. Na obra de Max Sorre, embora ela seja feita a partir de uma argumentação possibilista que captura apenas os exemplos que confirme a sua proposta, é perceptível identificar elementos que esclarecem conteúdos que são vistos um pouco de forma superficial nesse trabalho, como por exemplo a questão da parte econômica que levou ao processo da segregação socioespacial, em que é vista a partir da expansão cafeeira na região e São Paulo. Já na obra de Sorre se é tratada a própria questão de como a riqueza é tratada como o Norte da evolução, possibilitando uma compreensão mais profunda de como a natureza humana começou a ser guiada para seguir principalmente aos fatores econômicos.

Desta maneira, para se estudar as cidades, se torna necessário observá-la a partir de um conjunto de fenômenos e não de uma maneira isolada, como é evidente no estudo de Monbeig, em que o conceito de complexo geográfico é dito como o conjunto da paisagem, que é definida pelos elementos naturais e pela ação do homem, que deve ser então analisado como cada recurso afeta o outro, entrelaçado cada elemento que forma as cidades, como o território, região, solo, rios etc.  Portanto, somente feita a análise da totalidade é que se torna possível que seja o estudo de algum caso isolado, para que dessa forma se possa compreender como esse caso isolado acabou daquela maneira.

Dialogando então com esse trecho, Sorre também percebe que o processo de urbanização não ocorre ao acaso, a partir de seu pensamento “A cidade não é somente um acidente da paisagem”, se torna então possível perceber que a análise da cidade tem que ser vista a partir de diversos pontos, algo que é claro de se ver no texto, já que ela abordou notoriamente questões políticas e sociais que levam ao fenômeno da segregação, explorando eles desde alguns séculos atrás, no início do processo de urbanização da cidade de São Paulo, até as suas consequências no presente.

Então, para se analisar a história de desenvolvimento urbano de São Paulo deve-se entender por que essa região foi escolhida em detrimento das outras.  Com isso, se dar o início do processo de estudo da colonização, para compreender tal fenômeno. Ela se deu início na faixa costeira do atual Estado de São Paulo, dois principais motivos os levaram a darem prioridade a atual cidade de São Paulo como foco do seu expansionismo de acordo com Caio Prado (1907). O primeiro seria definido ao planalto, que permitiu uma opção de povoamento mais viável, devido a condições favoráveis, como o clima temperado, um bom solo para a agricultura e fácil acesso a diversas tribos indígenas, que para os colonizadores se tratava de mão-de-obra. Já o segundo motivo se devia a facilidade de acesso, já que comparada ao entorno, a região de São Paulo apresenta um relevo mais suave, com uma topografia menos acidentada.

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