O LUGAR E O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE EM UMA GRANDE METRÓPOLE
Por: GeovaneTito • 15/12/2017 • Trabalho acadêmico • 887 Palavras (4 Páginas) • 467 Visualizações
O LUGAR E O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE EM UMA GRANDE METRÓPOLE
A dinâmica de uma grande metrópole e um vilarejo é totalmente distinta. As relações de percepções de indivíduos desses espaços com o seu lugar se dão de maneira singular, em que a cultura é responsável pela percepção daquilo que consegue ter valor e afetividade para o ser. O lugar assume feição importante para compreensão da identidade do individuo, interferido na forma de ser das pessoas. Mas quais as propriedades que esse espaço detém que são responsáveis pela formação das características aprendida pelo sujeito? E ainda, quais as características que uma grande metrópole tem que a torna diferente no processo de construção da identidade?
No cotidiano de muitos indivíduos, localização e lugar detém mesmo significado. No entanto, na Geografia assumem papeis de estudo importante. Se tomarmos São Paulo como localização, pode ou não haver o sentido de lugar, mas nesse caso, representara apenas uma ligação de coordenadas ou um ponto qualquer no mapa. O sentido do conceito de lugar é muito mais amplo, sendo compreendido enquanto vínculo afetivo de pertencimento, com o espaço vivido, e produto das relações sociais. Ana Fani Alessandri Carlos 1996 caracteriza o lugar como “[...] a porção do espaço apropriável para vida – apropriada através do corpo – dos sentidos – dos passos de seus moradores, é o bairro, a praça, é a rua [...]”. Levando neste sentido, é no lugar que se dá a construção da identidade do individuo. A identidade é produto da história desse personagem
Kleber Cavalcante Gomes, ou simplesmente Criolo, compôs uma música, em que pode ser entendida como uma caracterização dos “sujeitos-indivíduos” da cidade de São Paulo. A música intitulada “Não existe amor em SP”, traz em seu verso que na grande metrópole “Os bares estão cheios de almas tão vazias, a ganância vibra, a vaidade excita [...]”. Dessa forma o compósito trata os moradores da cidade como indivíduos sem proximidade, sem afetividade, onde os sujeitos perderam a capacidade para o amor. Em uma biografia totalmente avessa na cidade de Santarém do Para, o fotógrafo Gilberto de Breyne, relata a vida de um ribeirinho e agricultor, uma pessoa simples, humilde e muito “humana” – Seu Sabá.
Diferente da cidade de São Paulo, onde as pessoas são vaidosas, gananciosas e vazias, em Santarém as pessoas vivem em harmonia. O Seu Sabá é feliz. O que pode ter em São Paulo que torna as pessoas incapazes para o amor?
São Paulo é usado como exemplo na musica, talvez por ser o maior símbolo de urbanização de nosso país. Os moradores dessa metrópole, não como singularidade, enfrentam uma intensa rotina de trabalho, além de fatores bastante desgastantes como o trânsito e a violência. Alguns trabalhadores, por exemplo, passam maior parte do tempo em engarrafamentos, e pela janela de carros, ônibus, metro etc..é possível ter a percepção da grande violência que circunda essa cidade.
É preciso lembrar-se de São Paulo também como grande receptor de migrantes, que saem de suas cidades para trabalhar, e não para viver-se-á esse espaço. Essa migração é o que pode causar uma tensão entre a identidade de um individuo que já não tem mais seu suporte, assim como explana Eric Dardel.
Em nossa relação primordial com o mundo, ao nos abandonarmos às virtudes protetoras do lugar, firmamos nosso pacto secreto com a terra, expressamos por meio de nossa própria conduta, que nossa subjetividade de sujeito se encolha sobre a terra firme, se assente, ou melhor, repouse. É desse lugar, base de nossa existência, que, despertando, tomamos consciência do mundo e saímos ao seu encontro, audaciosos ou circunspectos, para trabalhá-lo. (DARDEL, 2011, p. 40-41).
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