O SISTEMA TÉCNICO ATUAL

No capítulo sete, há uma reflexão sobre a técnica, onde nos é apresentado um histórico sistematizado de como olhar para a técnica tendo em conta a reflexão na geografia e no estabelecimento das diversas articulações do território.

O autor discute sobre o processo tecnológico e sua evolução, fundamentando aqui sua visão em três grandes períodos da história da humanidade. A revolução Neolítica, A revolução Industrial e a Revolução Cibernética. Cita também, diversos autores que identificam estes momentos de formas distintas, porém sempre em tríades das técnicas utilizadas nestes grandes momentos da humanidade. Conforme Ortega y Gasset (1939), a técnica do acaso, a técnica do artesão e a técnica do técnico, onde o método de cada período é feito consciente ou inconscientemente, destacando a técnica do artesão que é a primeiro método estruturado de passagem do conhecimento técnico ao aprendiz de ofício, mas é somente, no terceiro período,  que o modo analítico de pensar é instituído e vinculado a ciência moderna. Todos estes vinculados à sociedade e ao espaço.

O autor, cita também L. Munford (1934) que agrupa as técnicas em três momentos, sendo a primeira que utiliza a água e o vento, (até 1750), a segunda que se vale do ferro e do carvão (1750/1900) e o terceiro e inacabado momento da eletricidade e ligas metálicas, simplificando em três palavras estes momentos tripartites: Ferramenta, Máquina e Autômato, sendo a máquina na revolução industrial a grande responsável pela aceleração do processo de produção e de novos olhares sobre o território e sobre a paisagem.

Para Ronald Anderton (1971 p 117), a industrialização, também vem de uma divisão tripartite que está centrada, nos métodos fabris de manufatura, na produção de massas e na automação.

Para A.E. Anderson (1986), ainda existe uma quarta revolução que seriam marcados pelo multiuso da informação e da biotecnologia.

Neste contexto e não explicitado no texto, acredito particularmente que estamos no fim da quarta e adentrando a próxima revolução que será dada pela ascensão da inteligência artificial e da criação de algoritmos que se assemelham ao pensamento humano a qual, provavelmente no momento de nascimento do texto de Milton Santos aqui analisado, não estava tão evidente, porém, hoje acredito que esta seja uma nova forma das nações alterarem sua territorialidade com a ascensão de um novo modo de prever e produzir sob demanda, seja um novo medicamento, ou mesmo um simples calçado. Veremos a customização da produção em massa.

O autor avança e fala sobre o sistema técnico atual e cita “as épocas se distinguem pela forma de fazer, isto é, pelas técnicas”, estando nesta etapa atual o casamento de técnica e ciência que são o motor da globalização, algo chamado por Milton Santos de tecnociência. O conceito aqui é que determinada técnica se torna hegemônica em determinado período até o aparecimento de um novo conjunto de técnicas que venham a substituir o modelo atual e tomar seu lugar, existindo inclusive uma complementaridade entre as técnicas do período analisado.

No período atual a rapidez de difusão das inovações técnicas é marcante em relação aos períodos anteriores. Victor Scardigli (1983 pp 24-25) Cita cinco grandes categorias de produtos e serviços advindo da revolução técnica atual: 1) Rádio e TV; 2) Serviços de Rede3) Microcomputadores 4) Banco de dados/Video textos 5) Produtos que incorporam componentes eletrônicos (maquinas fotográficas; Jogos e aparelhos domésticos). Isto no livro está totalmente desatualizado, pois é citado Fax, Secretária Eletrônica, Máquinas Fotográficas.