Resenha "A Redescoberta da Natureza"

RESENHA: SANTOS, Milton. 1992: A redescoberta da natureza. São Paulo: Serviço de artes gráficas- FFLCH/USP,1992. Estudos Avançados, 6(14), 95-106.

Milton Almeida dos Santos (1926-2001) foi um geógrafo, escritor, cientista, jornalista, advogado e professor universitário brasileiro. Bacharel em Direito, Universidade Federal da Bahia (1948). Doutor em Geografia, Universidade de Strasbourg (1958). Milton Santos ganhou o prêmio Vautrin Lud, em 1994, o de maior prestígio na área da geografia. O prêmio é considerado "o Nobel da geografia".

Destacou-se por seus trabalhos em diversas áreas da geografia, em especial nos estudos de urbanização do Terceiro Mundo. Foi um dos grandes nomes da renovação da geografia no Brasil ocorrida na década de 1970. Também se destacou por seus trabalhos sobre a globalização nos anos 1990. A obra de Milton Santos caracterizou-se por apresentar um posicionamento crítico ao sistema capitalista, e seus pressupostos teóricos dominantes na geografia de seu tempo.

O texto é constituído de quatro partes, e tem por objetivo abordar e analisar as transformações que culminaram nessa redescoberta da natureza, por meio do processo da globalização, em que o autor retrata as diferentes naturezas e como o processo de globalização pôde alterar e modificar um determinado espaço e sua sociedade, o homem a cada dia redescobre essa natureza. O autor fala ainda desta globalização e redescoberta da natureza e as descreve distintamente essas mudanças e transformações.

Na primeira parte intitulada ‘‘Da natureza amiga à natureza hostil’’ como cita o autor, “a história do homem sobre a terra é uma história de ruptura progressiva com o seu entorno. ” Anteriormente o homem tirava da natureza o necessário para o sustento da espécie usando as técnicas primitivas. Com a inserção do processo da globalização, nas palavras do autor, o homem se descobre como individuo, consequentemente passou a desenvolver várias habilidades e técnicas “melhores”, com isso iniciou-se o processo da mecanização do planeta para dominá-lo. Essa crescente dominação do homem sobre a natureza gerou “crises” quanto ao espaço habitado.

O autor ainda expõe que essas relações antrópicas causaram diversos efeitos por conta desse modo vida adotado pela humanidade, causando problemas de convívio social e principalmente problemas que envolvem a sociedade e a natureza.

Na segunda parte denominada Natureza Abstrata, de acordo com Milton Santos, a natureza abstrata vai ser uma “imitação do natural”. O autor ainda cita que os objetos que nos servem são, cada vez mais, objetos técnicos criados para principalmente atender as finalidades da indústria, dos grandes produtores, do comercial, por meio das técnicas de mecanização que substituíram os processos naturais.

Na terceira parte que fala sobre a Natureza da mídia, de acordo com o autor a mídia age de acordo com seus próprios interesses, tendo o poder das técnicas e o poder de espalhar notícias de forma sensacionalista, favorecendo as grandes indústrias, o processo de industrialização e de globalização, que seriam voltadas principalmente ao interesse pelo capital.

Na quarta e última parte que retrata, sobre a universidade e a ordem atual das coisas, o autor faz uma reflexão do papel da universidade nessa busca pelo conhecimento. Segundo Milton Santos, um fato que é perceptivo dentro das universidades, principalmente com quem trabalha com o conhecimento, investimento, com processos científicos, com processos voltados principalmente de saberes populares, onde o conhecimento cientifico tecnificado acaba sendo mais útil para a sociedade, segundo a percepção de políticos, economistas, e administradores, portanto percebe-se que muitas vezes a tecnificação do conhecimento acaba se sobressaindo por conta dos investimentos que elas recebem. Outro ponto importante é que o autor destaca o conhecimento histórico e ter o conhecimento dos povos que antecederam o pensamento atual.