Resenha Crítica O Conceito Romântico de Humanidade
Por: Fernanda Santos • 9/4/2021 • Resenha • 942 Palavras (4 Páginas) • 205 Visualizações
Resumo crítico dos textos: O conceito romântico de humanidade e sua influência nas críticas de Alexander von Humboldt à colonização espanhola na América & La Geografía Latinoamericanista de Élisée Reclus
Fernanda Pereira dos Santos
Givanildo de Oliveira Silva
Os artigos publicados "O conceito romântico de humanidade e sua influência nas críticas de Alexander von Humboldt à colonização espanhola na América" e “La Geografia Latinoamericanista de Élisée Reclus” de Antônio Carlos Vitte e Kalina Salaib Springer e Kent Mathewson, respectivamente, relatam uma interessante abordagem humanista e também romântica, dada por Alexander Von Humboldt e Élisée Reclus acerca da América Latina, seus povos, línguas, etnias e as peculiaridades naturais e civilizatórias da região.
Humboldt tem acumulado um vasto currículo de um preciso estudo, fruto de suas expedições pela América Latina e a minuciosidade de seus relatos. Tem em seu histórico de trabalhos tratativas sobre a escravidão, organização política e a colonização imposta aos países latinos. Assim como os problemas gerados a partir dessa expansão anglo-saxônica na América Latina, que perpassam por questões ambientais, cuja preocupação vem respaldada pela sua adesão ao movimento romântico, o qual os pressupostos orbitavam em torno da relevância às manifestações do humano, tais como a arte, as celebrações, as lendas, assim como as variantes diatópicas dos povos originários. Não obstante, tais questões transcenderam apenas a percepção, então, Humboldt problematizara a colonização nas Américas e via a escalada expansionista como perigo para os povos indígenas e seus saberes, justamente por seu caráter explorador das inúmeras geografias, o que para ele, culminaria num declínio da diversidade, como acreditavam os românticos. No que se refere ao geógrafo francês Elisée Reclus, que sofreu o exílio por coadunar com os ideais anarquistas e ter militado na Comuna de Paris, acumulou em duas visitas à América Latina materiais que, por um certo tempo foi bestializado e até ignorado no meio da Geografia, fora negligenciado justamente por ter um pensamento anárquico, anti-escravista, e por seu engajamento em tudo que envolve o anarquismo, considerado, naquela época, como radical na academia.
As ponderações de Alexander Von Humboldt trazidas por Kent Mathewson, são claramente colocadas e explicadas a partir da conexão humano e natureza, juntamente a contribuição dos pressupostos filosóficos de Kant, que embasou a sistematização do saber geográfico. Fica claro também que o tempo histórico vivido por Humboldt, do iluminismo e da revolução francesa, norteou seus pensamentos liberais (no que se refere à democracia liberal) e suas perspectivas de respeito às liberdades individuais.
Em suma, o artigo assinala como Alexander Von Humboldt fora influenciado por filósofos como Immanuel Kant (responsável pelas principais obras filosóficas da Modernidade), e, como Humboldt tinha um olhar matizado, fruto da forte influência moderna, sobre aquelas sociedades subjugadas pelo colonialismo.
Embora a história do geógrafo e militante anarquista francês Jean Jacques Élisée Reclus, em sua expedição pela América Latina, tenha sido marginalizada por conta de seu caráter anarquista, na história contemporânea Reclus é rememorado pela historicidade geográfica em dois momentos: na década de trinta, pela sua obra de ordem regionalista e, na década de sessenta ele ressurge em função de um aparente contexto global pós guerra, onde buscava-se teóricos anti-sistema para respaldar práticas mais radicalizadas em contraponto às práticas neoliberais impostas por países hegemônicos. Neste artigo de Kent Mathewson aborda o que chama de avivamento do pensamento de Reclus por teóricos contemporâneos sobre a América Latina.
Ao contrário de Humboldt que não pôde, por ordem da coroa portuguesa, entrar em terras brasileiras, a experiência de Reclus foi aqui, no Brasil em 1893 (pela primeira vez) para um encontro de geógrafos e acadêmicos. Entretanto, o artigo assinala que o trabalho de campo de Humboldt rendeu uma elaboração muito mais aprimorada que o de Reclus, embora parte desses escritos de Reclus podem ser usados para comentários sobre a conjuntura da geografia latino-americana, por ser adepto de um método descritivo e por ter bebido de fontes secundárias à sua própria literatura. Contudo outros artigos pontuam a importância do trabalho epistemológico de Reclus justificando a marginalização de sua obra, por conta de historiografias dominantes que rejeitavam ideais heterodoxos( no sentido ideológico), porque ia de encontro às cátedras oficiais.
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