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Resenha do texto “Problemas, Doutrina e Método” do autor Pierre George.

Por:   •  11/1/2016  •  Resenha  •  1.428 Palavras (6 Páginas)  •  908 Visualizações

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Introdução

Pierre George é um dos grandes nomes da geografia francesa, e teve um papel fundamental nas transformações que essa sofreu a partir da segunda metade do século XX, introduzindo nos debates da geografia francesa os problemas urbanos e as paisagens industriais.

O texto “Problemas, Doutrina e Método” é dividido pelo autor em três partes, onde ele desenvolve a partir da história da geografia, passa pela definição da geografia, o seu objeto e seus métodos e termina na competência e a responsabilidade do geógrafo a partir da análise e da síntese.

I- Os Antecedentes

Declarando que “o progresso da geografia acompanhou o da descoberta da Terra” (P.9), Pierre George explica a evolução do pensamento geográfico e nota-se que em um primeiro momento a geografia era precisa com elaborações de mapas, descrições de viagens e expedições marítimas sendo utilizada como justificativa de missões realizadas, de tomadas de posse e de guias de circulação para viagens ulteriores. Desta geografia descritiva decorrem duas orientações de pesquisa: a em relação de causalidade e a utilitária.

A primeira orientação de pesquisa apresenta as relações de causalidade com o objetivo de formular leis da geografia, tendo como finalidade guiar os homens na sua adaptação às condições do meio e na sua intervenção sobre este meio. A aplicação do racionalismo radical e o desenvolvimento do pensamento científico na Europa Ocidental resultaram no determinismo geográfico, que exclui os fatores históricos e sociológicos da relação homem-natureza. A escola geográfica francesa, vagando entre o determinismo geográfico e o materialismo histórico, forma a geografia explicativa onde os elementos históricos são analisados para elaborar os princípios da geografia humana, com a mera função de explicar os fatos e fenômenos sem manifestar-se como justificativa política.

A segunda orientação de pesquisa é uma corrente utilitária que, segundo o autor, consiste em reunir elementos de conhecimento do mundo para facilitar operações de finalidade várias, utilizando-se da geografia econômica, geografia militar e da geopolítica que serviram para a expansão europeia por meio da geografia colonial.

Pierre George afirma que desde o principio da geografia há uma dualidade entre uma geografia explicativa que defende o compromisso utilitário, e uma geografia prática posta a serviço da posse do território pelos aparelhos militares.

Com essa dualidade, surgiram debates relacionados à necessidade de afirmar a geografia como conhecimento útil e aplicável, os questionamentos sobre a competência e a responsabilidade do geógrafo e a função do geógrafo, que para ele deve ser um homem de síntese, em relação aos projetos técnicos nos laboratórios de geografia.

II- O Objeto e os Métodos da Geografia

Nessa parte do texto, o autor relata que a geografia é uma ciência humana, onde afirma que o espaço é objeto da geografia porque ele é o meio de vida para os homens, mas enfatiza que o geógrafo ao estudar o espaço se diferencia dos cientistas naturais pelo fato de estes estudarem os fenômenos que acontecem no meio e não o conjunto de fatores que constituem este meio. O geógrafo deve analisar os processos para entender as relações que ocorrem no espaço em função das atividades humanas, já que “a conjuntura humana não vivem em contato com cada um dos elementos de seu quadro de existência, mas com todos ao mesmo tempo”. E, assim, a geografia aparece como uma ciência do espaço, em função daquilo que ele oferece aos homens.

A geografia reparte, com as ciências da terra, a característica de ciência do espaço, mas não tem os mesmos objetivos que elas. Ela faz balanços do que representa o espaço para os homens que aí vivem a partir da análise de todas as peças e de todos os processos que constituem este espaço e seu dinamismo. É necessário que o geografo tenha conhecimento das inúmeras ciências inter-relacionadas, como a geologia, climatologia, hidrologia e biologia. Desta maneira, segundo Pierre George, o geógrafo deve ter uma grande capacidade de síntese, o que lhe dá uma superioridade de concepção e de iniciativa de ação em relação aos especialistas das áreas mencionadas.

Pierre George também afirma que a geografia é o resultado e o prolongamento da história, onde ele relaciona a ação humana ás ações naturais no qual o homem tem o maior poder de modificação do espaço em curto prazo. E o conhecimento histórico do desenvolvimento desigual das técnicas, esclarece a constatação da diversidade atual em relação das técnicas econômicas, condições sociais e etc. Somente a história assegura a compreender, em escala local, o que ocorreu numa situação passada, com uma herança de dados concretos.

O geógrafo deve prosseguir os estudos do historiador, caracterizando-se, assim, como o “historiador do atual”. O estudo histórico se baseia no tempo e espaço, fazendo um levantamento de uma região por documentos e arquivos em quanto que o estudo geográfico, principalmente o regional, faz um laço entre o passado e o futuro buscando continuidade, fazendo uso das demais ciências buscando uma pesquisa coletiva. É necessária a utilização dos seus métodos próprios, já que o seu método se difere profundamente dos métodos do historiador. O seu estudo parte para o conhecimento completo de uma porção de espaço escolhida como tema de pesquisa e a carta é essencial nesse aspecto, já que ela serve para mostrar as relações de causalidade comprovadas naquele espaço representado.

O autor afirma que “o objetivo da aplicação dos métodos geográficos é o conhecimento de

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