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Resenha dos Textos: O Atlântico escravista: Açúcar, escravos e engenhos - O Trabalho de Crianças escravas na cidade de Salvador 1850-1888; Negro na Amazônia: Recuperando sua história

Por:   •  31/1/2018  •  Resenha  •  3.049 Palavras (13 Páginas)  •  1.294 Visualizações

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Resenha dos Textos: O Atlântico escravista: Açúcar, escravos e engenhos; O Trabalho de Crianças escravas na cidade de Salvador 1850-1888; Negro na Amazônia: Recuperando sua história

Por Ronny da C. Costa

Resumo: O presente trabalho é embasado em três artigos de abordagens e autores diferentes, entretanto, com a mesma temática, “O negro, e a cultura Afro Brasileira”. Partindo de um aparato de informações sobre o negro, desde a sua forma de vida na África, antes de ser sequestrado para as terras brasileiras, após, fazendo uma descrição dos fatos que ocorreram com a sua chegada no Brasil Colônia, onde ele foi explorado inicialmente, que tipos de trabalho eram destinados aos negros, e por fim, fortalecido de um acervo de fontes escritas e orais, para mostrar que houve sim presença negra na Amazônia, e que essa presença, apesar de ter sido ignorada pela historiografia brasileira até então, foi bastante relevante, e assim como no restante do país, deixou várias heranças culturais.

O Atlântico escravista

Um texto de Joseph C. Miller, Professor de história na Universidade da Virgínia desde 1972. Tem estudos sobre a história precoce da África, especialmente Angola, o comércio de escravos do Atlântico, Mulheres e escravidão, e escravidão infantil. Em o Atlântico escravista, Miller retrata a África no seu contexto histórico, mais especificamente, o escravo Africano, como se desencadeou a escravidão naquele continente, com quais propósitos os seres humanos de pele negra foram escravizados, e quais foram as consequências da exploração desta mão de obra.

Os escravos participaram da formação do mundo atlântico como fornecedoras de mão-de-obra escrava para as regiões produtoras do Novo Mundo, promovendo a acumulação de riquezas na Europa. O comércio de escravos africanos integrou ao mundo atlântico vários estados soberanos e até regiões distantes do litoral. Os avanços tecnológicos fizeram com que a navegação abandonasse o modo costeiro de navegar, e passassem a enfrentar o alto-mar, o que estabeleceu relações comerciais entre a Europa, América e África. Outrossim, aumentar as oportunidades de viagens acidentais de descoberta, a navegação marítima entre o Mediterrâneo e o norte do Atlântico, em especial porque envolvia navios de grande porte, propiciou a difusão de técnicas de construção naval. O transporte de pessoas em grande quantidade nas viagens a alto mar e de longa duração, foi uma inovação da tecnologia marítima europeia.

Em 1650 os africanos representavam a maioria dos novos colonos no mundo atlântico contemporâneo, isso ocorreu devido à escassez da mão de obra no Novo Mundo que definiu a maior corrente migratória da época. Com a falta de capital como consequência, os comerciantes europeus incorporaram, desse modo, a escravidão e o comércio de escravos com a plantação de cana de açúcar.  Possibilidade de navegação entre os continentes e a existência de mão de obra barata, ou seja, mão de obra escrava, tornou viável o cultivo da cana de açúcar no Novo Mundo, uma vez que os mercados consumidores da Europa e os fornecedores de escravos na África tornaram-se relativamente próximos.

O avanço das navegações acarretou assim, no início da formação do mundo Atlântico na metade do século XVI, navegadores europeus que haviam começado a compreender os ventos e as correntes do Atlântico, estabeleceram um sistema de navegação que uniu a Europa, a África e as Américas em um sistema único de comércio. Mas, se os poderosos da Europa dominavam o comércio marítimo, na África foram incapazes de dominar a costa e a navegação costeira.

“Os caminhos através dos quais o comércio de escravos e a escravidão gradualmente acabaram por sustentar o açúcar e as plantações do Atlântico – e, na África, promover a formação de estados e a exportação de mercadorias – revelam, por conseguinte, os mecanismos de financiamento das periferias, numa economia mercantil mundial em expansão, centrada na Europa e carente de grandes investimentos em dinheiro no comércio ou na produção. A riqueza foi deste modo, acumulada nos centros capitalistas do sistema”. (MILLER, 1997, p. 35). A crescente capacidade financeira da Europa e as novas formas de organização dos negócios permitiram aos portugueses, com a assistência dos holandeses, desenvolver o comércio de escravos a um elevado volume e a uma escala transatlântica, em finais do século XVI, o que levou os holandeses a expandir o seu envolvimento neste negócio cada vez rentável durante o século XVII.

Ademais, também ajudaram os ingleses a desenvolver, no mesmo período, seu comércio para além de suas primeiras estratégias, subsidiadas e violentas, na medida em que o complexo da plantation, lentamente desenvolvido, se transformou na forma clássica que prevaleceu na Jamaica e em Saint Domingue, no século XVIII, um momento que muitos historiadores arbitrariamente cristalizaram no tempo como sendo “clássico” do sistema de plantação.

A descrição destas mudanças ilustra a importância de se colocar o passado e o presente, em perspectiva, em termos de processo, verdadeiramente como história, pois é evidente que em toda área de conhecimento sobre o Atlântico. Uma atenção maior ao aspecto cumulativo e processual da história, servindo-se de uma narrativa do passado aparentemente conhecida para ilustrar a facilidade como, até mesmo historiadores mestres do gênero, podem colocar de lado os conceitos de tempo e mudança, o que deixa um buraco na historiografia africana.

As crianças escravas em Salvador 1850-1888

Em seu texto, Maria Cristina Luz Pinheiro relata uma realidade vivida na cidade Salvador que foi a segunda maior e mais importante cidade para o império, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro.

O século XIX foi uma época de intenso movimento decorrido do comércio internacional que ebulia o porto, que era fragmentado por centenas de embarcações que transportavam várias mercadorias, como o açúcar e escravos africanos que eram o maior recurso de alimento da prosperidade para os senhores de engenho.

Primeiramente, o trabalho escravo foi utilizado nas propriedades rurais, expandiu-se para os centros urbanos tornando-se não somente fonte de riqueza e capital, mas esteio da sociedade. A mão de obra escrava era utilizada em todos os setores do trabalho urbano, propiciando inclusive certas especializações a alguns escravos, fato este que ia de encontro a ideia de que os cativos fossem incapazes de realizar atividades mais complexas. E claro, entre os trabalhadores escravizados estavam as crianças, um grupo específico ainda pouco estudado, e com base em dados relativos a Salvador entre 1850 e 1888, discute-se neste texto o trabalho da criança escrava.

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