Resumo da Geografia Agraria

Conversa Inicial

Nesta aula, vamos trabalhar o histórico do desenvolvimento de um ramo da ciência geográfica: a Geografia Agrária. Para tanto, vamos analisar e desvendar o início deste ramo da Geografia que estuda o espaço agrário, indo a autores clássicos que auxiliaram na construção da mesma. Temos que ter consciência, também, de que é preciso conhecer a diversidade de métodos existentes no que tange ao estudo do espaço agrário. Sem conhecermos os métodos, não conseguimos entender como os autores chegaram até suas conclusões, como e por que delimitaram seus objetos de estudo. A partir dos métodos, surgem correntes de pensamento em todas as ciências. Estas são importantes também, pois, sem isto, não conseguimos analisar ou entender como se constrói a ciência como um todo, seja nas suas similitudes, seja nas diferenças. Por fim, traçamos um panorama da Geografia Agrária na atualidade, apresentando os principais temas estudados.

Tema 01: O início da Geografia Agrária

A Geografia, enquanto ciência, se institucionalizou tardiamente – somente na terceira metade do século XIX, especificamente em 1871, na então recém unificada Alemanha, como afirma Capel (1981). A Geografia Agrária surge já no final do século XIX. De início, ela tinha como objetivo descrever a apresentar as paisagens do campo, passando, somente depois de duro embate epistemológico, a tratar da relação da humanidade com o espaço agrário. Para tanto, precisamos perceber uma mudança tanto no conceito central, de paisagem para espaço, quanto no método, de descritivo para analítico, crítico ou não. Na Europa, a Geografia Agrária começa na França e na Alemanha, descrevendo o campo e a produção agrícola de ambos os países. No Brasil, a Geografia Agrária desenvolve-se em seu nascimento especialmente na Universidade de São Paulo. O historicismo (idealista), o empirismo lógico (positivista) e o materialismo dialético (marxista) são os métodos utilizados.

Tema 02: Métodos da Geografia Agrária

Os métodos são vitais para a ciência. Eles servem de "motor" para o objetivo final da pesquisa realizada. A Geografia Agrária teve, já na sua origem, três métodos muito distintos de análise. Aqui, vamos buscar entendê-los. Em primeiro lugar, temos o empirismo lógico, de cunho positivista, o qual parte da realidade, descreve-a e, por fim, traz uma reflexão sobre o objeto descrito. Em segundo lugar, temos o historicismo, de ancoragem idealista. Parte-se do ideal, da ideia, para tentar entender o real. O objeto de estudo é moldado por e a partir do ideal. Por último, temos o materialismo histórico, marxista, que parte do real, passa pelo pensamento e chega ao fim com a práxis, a mescla do real com o pensar. Tais métodos são ferramentas para tentar entender a realidade, cada uma tendo uma maneira de funcionar e podendo chegar a diferentes interpretações desta realidade. Por isso, a importância de se entender e conhecer os diferentes métodos.

Tema 03: As correntes teóricas da Geografia Agrária

São diversas as correntes teóricas dentro do ramo geográfico que pesquisa o espaço agrário. Algumas delas estão ancoradas no empirismo, outras no idealismo e ainda há aquelas que estão baseadas na teoria crítica. De modo geral, o Brasil tem suas particularidades em relação à Geografia Agrária. Temos, dentro de um só método, 3 correntes de pensamento que se distinguem bastante, especialmente no tocante aos sujeitos sociais do campo, como é o caso dos materialistas. Temos, também, correntes que se atentam a analisar não os sujeitos, mas sim elementos que os afetam, como políticas públicas etc., utilizando-se de métodos empiristas. Outra corrente que ganha força é a da perspectiva descolonial, a qual tenta entender o campo latino americano por e partir da própria América Latina. Por fim, destacamos os estudiosos embasados no antipositivismo, que tentam entender tanto os sujeitos quanto o Estado a partir das ideias, e não somente do real.

Tema 04: A Geografia Agrária na atualidade

Na atualidade, a Geografia Agrária vive um momento no qual tem muita força e importância dentro da Geografia como um todo. Vemos isso através de eventos e revistas científicas voltadas para a área. As preocupações e temáticas são diversas, mas podemos nos ater a algumas: a reforma agrária, a educação do campo, as políticas públicas, a preservação ambiental e a relação entre campo e cidade. Esses cinco temas são os que se fazem mais presentes tanto em artigos científicos quanto em mesas de debate nos dois eventos nacionais dos estudos do espaço agrário: O Encontro Nacional de Geografia Agrária (ENGA) e o Simpósio Internacional de Geografia Agrária (SINGA). Indo além, vemos que os grupos de pesquisa sobre o tema ganham força e número em todo o país, contanto com um contingente muito grande de pesquisadores, os quais se fazem presentes nos mais diversos métodos e correntes, dando, assim, uma diversidade grande à geograficidade do campo.

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