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A Historiografia Catarinense

Por:   •  19/11/2017  •  Resenha  •  875 Palavras (4 Páginas)  •  157 Visualizações

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UNIVILLE – UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE

Disciplina: História de Santa Catarina

Aluno: André Bardini

WOLFF, Cristina Shceibe. Historiografia catarinense: uma introdução ao debate. Revista Santa Catarina em História. Florianópolis. UFSC – Brasil, v. 1, n. 1, p. 52-61, 2009.

“Enquanto para o paradigma tradicional “a história diz respeito essencialmente à
política, a
nova história interessa-se em princípio por toda atividade humana.” (p. 53)

“A história tradicional é pensada como uma narrativa dos acontecimentos. Já a
nova história preocupa-se com uma análise, seja de estruturas, de processos, ou
dos próprios acontecimentos.” (p. 53)


Tradicionalmente a história tem sido vista de cima, ou seja, “tem se
concentrado nos grandes feitos dos grandes homens, estadistas, generais ou ocasionalmente eclesiásticos”. 4 Muitos dos novos historiadores, entretanto, têm se preocupado com a
história vista de baixo, privilegiando a experiência das pessoas comuns. (p. 53)


O paradigma tradicional da história privilegia a utilização de registros oficiais, emanados do Estado e guardados em arquivos, negligenciando a utilização de outros tipos de evidência aos quais a nova história tem recorrido com freqüência, como a história oral, as fontes iconográficas, acervos particulares etc., que muitas vezes permitem ao historiador uma visão menos centrada nas ações do Estado e das elites. (p. 53)

“A nova história tem aberto o leque de perguntas que um historiador pode fazer,
preocupando-se não só com atuações individuais, mas também, e talvez
principalmente, com movimentos coletivos.” (p. 54)

“Para o paradigma tradicional a história deve (e pode) ser objetiva. “A tarefa do
historiador é apresentar aos leitores os fatos, ou, como apontou Ranke em uma
frase muito citada, dizer ‘como eles realmente aconteceram.” (p. 54)

Nosso olhar de historiadores está sempre colocado em
uma perspectiva, em uma convenção determinada por nossa cultura, língua, posição social e política. Além disso, os próprios documentos nos apresentam visões parciais dos acontecimentos do passado. (p. 54)

“As principais sínteses da história estadual seguem esta orientação básica, dividindo
a história catarinense em três períodos: Colônia (até 1822), Império (1822 a 1889) e
República (1889 em diante), de acordo com a periodização política nacional.” (p. 55)

Esta abordagem historiográfica remete-nos mais uma vez às características da chamada história tradicional, acima descritas, e muitas vezes tem sido uma história vista de cima, embora circunscrita a um âmbito local. É nestas histórias que aparece a figura do fundador da cidade, ou das principais famílias, muitas vezes presentes ainda na economia e na política. Há geralmente certa preocupação com a Toponímia – origem dos nomes dos lugares a que se refere -, e com a genealogia das principais famílias. (p. 57)

“Os volumes de memórias e notícias, narradas por Oswaldo Rodrigues Cabral sobre Nossa Senhora do Desterro, são exemplos magistrais deste tipo de história, que tem servido de alimento e de estímulo a vários novos historiadores.” (p. 57)

“Nota-se também em várias cidades do Estado uma certa retomada e valorização de fatos do passado a partir de questões bem presentes, como as que dizem respeito ao turismo.” (p. 57)

A delimitação de objetos temáticos de estudo histórico, que fogem ao padrão tradicional estabelecido pelas divisões políticas nacionais, estaduais e municipais, é a tendência mais atual na pesquisa de historiadores do século XVIII, foi retomada com grande impulso e novas abordagens a partir da chamada Escola dos Annales, iniciada por Marc Bloch e Lucien Febvre em 1929. (p. 58)

“Assim, esta proposta, chamada por muitos de nova história, tem em comum mais a
negação dos métodos tradicionais do que uma unidade metodológica.” (p. 58)

Há pelo menos uma obra neste sentido na historiografia de Santa
Catarina, a
Evolução histórico-econômica de Santa Catarina – estudo das alterações estruturais (século XVIII – 1960), realizada sob a coordenação do professor Américo Souto. (p. 58)

“Também preocupados com uma análise centrada na estrutura econômica, alguns
estudiosos marxistas têm contribuído muito para a historiografia catarinense.” (p. 58)

“No campo sociológico, não se pode deixar de citar o trabalho sobre Cor e Mobilidade Social
em Florianópolis, realizado por Fernando Henrique Cardoso e Octávio Ianni.” (p. 59)

Durante a década de 70, a grande moda na história, em nível mundial, foi a utilização de métodos estatísticos e demográficos para estudos os mais diversos, inclusive para a chamada história das mentalidades, iniciada de maneira bastante diferenciada por Lucien Febvre. (p. 59)

Novos trabalhos têm procurado mostrar grupos antes mencionados apenas de passagem, sua participação e os mecanismos de sua exclusão como, por exemplo, o livro Negro em terra de branco, trabalho coletivo coordenado pela professora Joana Maria Pedro, sobre a escravidão e o preconceito racial em Desterro no século XIX. (p. 60)

“Para que estes grupos de excluídos da história, utilizando a expressão de Michelle
Perrot, possam constituir objeto de análise, foi preciso valorizar o cotidiano como lugar de história, confrontando a noção tradicional de
fato histórico.” (p. 60)

“Outra fonte importante tem sido a história oral, que, pelo menos para uma história mais recente e principalmente para uma história que diz respeito à cultura, ao modo de vida de grupos que raramente têm acesso à escrita, constitui-se como fundamental.” (p. 60)

“A partir de instituições como as igrejas, também se tem realizado análises que
abrem janelas para a heterogeneidade cultural de Santa Catarina e suas configurações históricas.” (p. 61)

“Muito tem sido pesquisado e escrito, mas pouco tem chegado até os bancos
escolares do primeiro e segundo graus, nosso grande canal de divulgação do conhecimento histórico.” (p. 61)

“Uma história mais próxima do cotidiano poderá, talvez, fazer-se mais próxima para as pessoas, possibilitando uma leitura crítica do presente.” (p. 61)

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