A Reforma e as Guerras Camponesas
Por: 201510036 • 12/10/2015 • Resenha • 3.614 Palavras (15 Páginas) • 213 Visualizações
Capitulo 1 – Caracterização de um período | |
Bibliografia: Dreher, Martin Norberto, A Crise e a Renovação da Igreja no Período da Reforma; Editora Sinodal, São Leopoldo 2006. | |
Tipo de Fichamento: Citações. | |
p. 7 | “A exposição da história da crise e da renovação da igreja no período da Reforma sempre estará ligada a aspectos muito particulares da própria história do historiador eclesiástico ou do historiador da história profana.” “Antes a preocupação está em apresentar os segmentos populares, os processos econômicos, as mudanças sociais e mentais. Mesmo aqueles historiadores que ainda buscam apresentar a História da Reforma como história de Lutero não conseguem fugir à necessidade de se ocupar com as Guerras Camponesas e, com isso, estão se ocupando com História Social.” |
p. 8 | “Para entender o período da Reforma, é importante saber que, no início do século XVI, havia se formado na Europa ocidental uma série de grandes Estados nacionais. Na França, a coroa real soube se impor aos vassalos. Nas Ilhas Britânicas, a Inglaterra e a Escócia uniram-se em um reino. Diversos domínios ibéricos uniram-se para formar a Espanha dos tempos modernos.” |
p. 9 | “Distinta era a situação na Europa Central. Nem a Alemanha tampouco a Itália haviam conquistado uma unidade política. Ali existia uma infinidade de centros regionais de poder, todos subordinados ao poder imperial.” |
p. 10 | “A Reforma da igreja e os acontecimentos políticos estão intimamente relacionados.” |
p. 11 | “A Reforma também deve ser vista como uma parte da história da cultura. Parcialmente ela coincide com o Renascimento, iniciado na Itália já no século XIV. O século XVI é também período de humanismo. Grande parcela dos reformadores era humanista ou influenciada por esta corrente de pensamento.” |
p. 12 | “A mensagem da Reforma não pode ser deduzida do processo histórico. Com isso não estou negando que o processo histórico tenha sido importante no auxílio à redescoberta da mensagem evangélica. Como disse antes, a Reforma beneficiou-se do processo histórico. Por outro lado, sofreu as consequências do processo histórico.” |
p. 13 | “Em razão dos acontecimentos políticos e de seus aspectos culturais é possível fazer a afirmação de que a Reforma conseguiu seu espaço e seus objetivos. Mas é fato que o evangelho e a igreja, que pretendia ser reformada, sofreram grande desgaste. A igreja fragmentou-se em igrejas territoriais,” |
Capitulo III – O Traumatismo das Guerras Religiosas e Guerras de Liga (1560-1595) | |
Bibliografia: Ladurie, Emmanuel Le Roy. História dos Camponeses Franceses – vol. 1, Editora: Civilização Brasileira, 2007. | |
Tipo de fichamento: Citações | |
p.318 | “Claro, o ecossistema, em sua estrutura reconstituída na década de 1550, comporta variantes importantíssimas em relação à sua modalidade medieval anterior à peste, a modalidade anterior a 1348.” |
p. 319 | “A noção de equilíbrio, ou mais exatamente de reequilibrar secularmente o sistema, é inseparável do conceito de flutuação. Tudo que neste livro até aqui foi escrito sobre o mundo rural diz respeito à história de uma flutuação maior.” |
p. 320 | “É certo, entretanto, que a sociedade rural francesa foi afetada ou atravessada em seu período de maturidade e de equilíbrio, entre 1550 e 1720, por três grandes flutuações do segundo tipo: a que corresponde, em primeiro lugar, aos quarenta anos das guerras de Religião;” |
p. 321 | “A Reforma, com efeito, puxa as consequências da entrada do Ocidente na “galáxia de Gutenberg”: a difusão do papel, depois da impressão, multiplica as possibilidades de acumulação; os novos meios de comunicação tornam possível, entre os leitores e entre os ouvintes desses leitores, uma revolução cultural.” |
p. 322 | “Que o mundo rural tenha sido pouco receptivo às luzes do século XVI, ainda que reduzidas às luzes mínimas da alfabetização básica, é uma evidência.” “E, entretanto, mesmo nessa Normandia esclarecida, onde mais de um lavrador simpatiza com o calvinismo, ainda não se chegou, nos anos 1550-1570, no que concerne à alfabetização nos campos , até aquele patamar, até aquela massa crítica de leitores a partir da qual todas as ferramentas culturais se tornam possíveis.” |
p. 323 | “Essas ligações a Calvino se operam sob a influência cultural das elites urbanas, funcionários e artesãos, muito simpáticos ao protestantismo (em Meaux, por exemplo).” |
p. 325 | “No campo, em compensação, a derrelicção espiritual é mais completa: Os abades, priores e párocos também fogem à residência, deixando os encargos aos companheiros menores. Os sacramentos, dessa forma, são administrados por vigários, padres ignorantes que não entendem o que pronunciam.” |
p. 326 | “Dois grupos urbanos são mais abertos à adesão ao calvinismo. De um lado, a elite masculina de jovens, ricos, instruídos, estudantes ..... E, num outro bloco, os artesãos, igualmente pessoas de ofício que têm um tanto de espírito ousado.” “Só uma minoria da nobreza passou-se para o protestantismo. Ainda se trata, na maior parte das vezes de jovens de capa e espada: aqueles que também serão chamados os “viscondes,” |
p. 327 | “Além disso, em termos de estratégia político-social e revolucionária, a análise de Fourquevaux assinala a existência de uma nobreza oportunista e conciliadora, que busca agradar com todo o gosto a cabra huguenote e a couve papista.” |
p. 328 | “Carlos IX e Henrique III ordenaram essas vendas coma finalidade de recompor o Tesouro real, sangrado pela guerra: despojava-se a Igreja para melhor defendê-la.” “Afinal, constituem essas vendas, como depois de 1789 a alienação dos bens da Igreja tornados bens nacionais, um capítulo essencial da história das propriedades, da história territorial, portanto agrária e rural.” |
p. 330 | “o clero se desfez de uma porção de seu patrimônio ainda muito inferior a 1% do território nacional cultivado ..... A operação “bens da Igreja” teve portanto pouco impacto sobre a vida econômica real da segunda metade do século XVI:” “Os rancores que produziu entre os clérigos a contínua pressão à qual os submetia o poder real, afim de obrigá-los a vender algo de seu – para melhor defender a causa eclesiástica – levaram numerosos padres aos braços ou à cabeça das facções da Liga.” |
p. 335 | “No conjunto, 44,8% dos adquirentes têm ligações, mais próximas ou mais distantes, com o que se deve chamar com precisão de uma burguesia.” |
p. 337 | “Não desprezível também é a ofensiva do pequeno terceiro estado não elitista, mas não agrícola (adquirentes coletivos que se cotizam para comprar; artesãos, pequeno terceiro estado; ou seja, ao todo, 17,4% dos adquirentes: supra).” |
p. 342 | “as vendas dos bens temporais do clero, originadas pelas guerras religiosas, contribuíram verdadeiramente para desenvolver entre os burgueses franceses de todo tipo, tanto católico como protestante, o gosto imoderado dos negócios imobiliários,” |
p. 345 | “A luta contra o dízimo, ao contrário, foi muito mais um caso dos habitantes rurais. De certo modo, ela foi, verdadeiramente, o caso deles.” |
p. 348 | “Parece que se está , agora, diante de uma luta de classes desta vez claramente esboçada. De um lado, a Igreja e os fidalgos de velha cepa, tradicionais, que permanecem católicos: eles mantêm as senhorias. Do outro lado da barricada, em oposição, estão os homens do campo mais militantes.” |
p. 350 | “Entre as queixas antigreve assim recebidas no parlamento, 34 provinham de bispos, arcebispos ou cardeais: não há novidade nessa previsível abundância de queixas episcopais, uma vez que os prelados (beneficiados, cada um deles, dos dízimos em um grande número de aldeias) estavam ameaçados, com isso, de serem prejudicados por numerosas greves, ainda que puramente locais.” |
p. 353 | “O movimento antidizimista da gente do campo que permanece sempre, pelo menos na Bacia de Paris, mais contestador do que verdadeiramente violento, forja assim, contra si mesmo, de alto a baixo, a unidade do clero, desde os párocos até os prelados” |
p. 354 | “Em todas essas ocasiões, vê-se que os homens do mundo rural, apesar de tentativas interessantes, não desempenharam um papel muito importante entre as personagens que podem ser consideradas ativas e militantes, de um ponto de vista econômico e social, durante as guerras de Religião.” |
p. 355 | “As destruições, a paralisia do comércio, a desaparição de uma parte do gado, das coisas ligadas à lavoura ou produtoras de alimentos, por fim a falta de adubo contribuíram para quebrar a produção dos campos, tal como o dízimo reflete ou refracta.” |
p. 359 | “Não se pode dizer que seja uma catástrofe espantosa: isso foi suficiente, de qualquer forma, durante uma dezena de anos, para fazer os preços subirem e favorecer as crises de víveres” |
p. 363 | “Essa crise real representa o preço a pagar pelas novidades religiosas, políticas e sociais que, vindas do exterior, perturbaram a partir de 1560 o ecossistema do mundo rural.” |
p. 364 | “Dito isso, deve-se reconhecer um fato, com exatidão: os níveis mais baixos de produção, atingidos ao fim do período de queda, cerca de 1590, desabaram muito menos do que aqueles registrados um século e meio antes, durante os piores momentos das guerras de Cem Anos. Quanto as greves do dízimo durante os conflitos de religião, de alcance parcial ou amplas, quanto à má vontade geral dos obrigados a pagar dízimos que a pressão extra-econômica do Estado já não constrange tanto, essas coisas ainda contribuem para deprimir, para rebaixar artificialmente um nível de produção que, de um modo ou de outro, tinha tido realmente uma pequena queda (nada mais) em função dessas mesmas guerras religiosas e de Liga (1560-1594).” |
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