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A Sociedades pré colombianas

Por:   •  26/6/2018  •  Exam  •  3.470 Palavras (14 Páginas)  •  293 Visualizações

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UFRGS – IFCH – DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA – HISTÓRIA DA AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA (HUM03326)

TURMA U (2018/1) – Profª. Silvia Moehlecke Cope

AVALIAÇÃO I – Andrew Navar Batista de Souza

1. Compare os argumentos (evidências paleoecológicas, ósseas/esqueletais, genéticas e arqueológicas) dos dois modelos (o modelo Clovis e o modelo pré-Clovis) existentes para explicar quando e como os grupos humanos chegaram ao continente americano e quem foram os primeiros americanos. Qual a hipótese é a mais plausível?

Há décadas as questões sobre como e quando ocorreu o povoamento das américas são tema de debate entre pesquisadores, dentre as diversas correntes, duas se destacam, o modelo Clovis e o modelo Pré-Clovis. Os vestígios arqueológicos apontam que a Beringia ocidental foi ocupada cerca de 32 mil anos atrás, a ocupação da Beringia ocidental mais avançada até 14 mil anos atrás, ao sul se encontra Clovis, com ocupações que datam-se, dependendo do estudo, há 10/11 mil anos atrás, e os sítios pré-Clovis de Monte Verde, Shcaefer e Hebior, datados em 14,6 mil anos atrás.

O modelo Clovis, ou Clovis-first, é um modelo que foi concebido muito antes, ao ser comparado com o modelo pré-clovis, e foi nomeado devido aos conjuntos de ferramentas de pedra próximos à restos de animais da fauna do pleistoceno, encontrados próximos à cidade de Clovis, no Novo México, no Estados Unidos. Os pesquisadores que defendem esta hipótese consideram que a povoação da américa ocorreu a partir de cerca de 9.500 a.C. a 8.900 a.C. e estes povos teriam migrado para a América através do estreito de Bering e estariam ligados à extinção da megafauna no continente. Os defensores deste modelo consideram que todas as populações da América têm a sua origem nestes povos originários e que os sítios datados em períodos anteriores são questionáveis, como o sítio Topper, na Califórnia do Sul, onde seguramente os sedimentos são de períodos anteriores à Clovis, porém põe-se em pauta se os objetos foram produzidos pelo homem ou naturalmente, pela fratura natural.

O modelo de ocupação Pré-Clovis, muito mais recente, surge a partir de pesquisas arqueológicas que datam sítios arqueológicos e objetos em períodos anteriores à cultura Clovis. Estas pesquisas foram recebidas pela comunidade acadêmica com uma rigorosa crítica, porém, após a maior aceitação de sítios como o de Monte Verde, se abriram espaços para pesquisas que demonstraram que a ocupação humana no continente era anterior ao exemplo de Clovis. Os pesquisadores que defendem esta tese especulam que a poucos séculos após a cultura Clovis já é possível encontrar vestígios de muitas culturas diferentes, segundo eles, culturas demais para período de tempo tão curto. O modelo Clovis requer que todos os sítios com datação anterior sejam ignorados ou negados, porém, com o número cada vez maior de sítios pré-Clovis, se torna menos plausível esta hipótese. Além disto, não responde a algumas questões que são postas por outras pesquisas, como a aparente contemporaneidade entre os sítios Clovis e alguns sítios arqueológicos na América do Sul. Nas duas últimas décadas, a partir da maior aceitação de sítios como o de Monte Verde, aumentou a procura por sítios pré-Clovis, hoje, um grande número de localidade na América do Norte são datadas até 2 mil anos antes de Clovis e aparentam gerar evidências importantes para a aceitação do modelo Pré-Clovis.

A partir das novas técnicas de pesquisa, novas evidências começaram a ser descobertas para suportar o modelo Pré-Clovis.  As evidências ósseo-esqueletais dos primeiros americanos, estudadas através de sua craniometria, supõe que houveram duas migrações de locais ou tempos diferente e que a segunda, substituiu a primeira. No entanto, a genética molecular têm tido resultados em mostrar que todas as populações indígenas americanas compartilham a descendência em uma mesma população, sendo as diferenças ósseo-esqueletais fruto da deriva genética ou pura seleção natural, porém os sítios pré-Clovis ainda são escassos, diminuindo a eficácia dos estudos. Os estudos genéticos ambientais apontam que a rota pelo estreito de Bering, suportada pelo modelo Clovis só poderia ter sido usada a partir de 12.600 anos atrás, devido à escassez de material genética animal nos sedimentos do período anterior, o que aponta para a hipótese do uso de uma rota diferente, pelo oeste, através da costa do pacífico, hoje submersa.

Embora seja difícil tomar um “lado”, devido aos pontos levantados por ambos os modelos, acredito que a hipótese do modelo Clovis tem limitações e que o avanço dos métodos de pesquisa certamente está, e continuará, provando que a ocupação humana do continente ocorreu anteriormente à cultura Clovis, é a substituição de um modelo arraigado no estudo arqueológico do continente, naturalizado como correto por muito tempo, por um novo modelo, livre de grande parte de seu conservadorismo, levando em consideração as técnicas atuais de pesquisa.

2. Compare a organização socioeconômica das sociedades caçadoras e coletoras pleistocênicas e holocênicas com a organização das sociedades agricultoras quanto aos estereótipos existentes sobre as formas de aquisição de plantas e da caça e as informações arqueológicas sobre a dieta alimentar.

Dentro do campo da pesquisa sobre a vida das sociedades caçadoras e coletoras, principalmente diante do desenvolvimento da agricultura e das sociedades agricultores, foram consolidados diversos estereótipos referentes à sua forma de vida, estes têm sido, aos poucos, desmantelados pelas evidências arqueológicas e etnográficas. Os conceitos típicos das sociedades caçadoras e coletoras se desenvolveram dentro do contexto da adoção de teses evolucionistas, em que a agricultura seria a “invenção” que revolucionaria a vida dos humanos pré-históricos e melhoraria sua qualidade de vida e sua capacidade de sobreviver, o modo de vida dos caçadores era visto com desprezo, como primitivo.

Os caçadores e coletores teriam uma grande carga de trabalho para a obtenção de alimentos, além de uma grande precariedade, eles teriam conhecimentos mínimos sobre o seu habitat, teriam pouco tempo e poucos modos de lazer, com a vida limitando-se a dormir, jogar e seus rituais e ritos. Brookfield usa os agricultores da nova guiné de exemplo para demonstrar que havia pouco esforço na produção de alimentos.

Ao analisar as evidências, no entanto, é possível superar muitos destes estereótipos, por exemplo, há sedentarismo na sociedade caçadora-coletora, grandes construções, estratificação social, excedentes socialmente aproveitáveis, cestaria, cerâmica, intercâmbio de longa distância, etc. A forma de vida da sociedade agricultora não significou, necessariamente, uma melhor qualidade de vida, evidências arqueológicas de esqueletos mostram um grande aumento na anemia, desnutrição e nas lesões causadas por um trabalho desgastante, além de uma intensa redução na estatura de tanto homens, como mulheres, ambos perdendo cerca de 20 cm em sua altura média.

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