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As Intelectuais Negras

Por:   •  24/8/2023  •  Resenha  •  1.065 Palavras (5 Páginas)  •  75 Visualizações

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HOOKS, Bell. Intelectuais Negras. Tradução: Marcos Santarrita. Revista Estudos Feministas: v. 3, n. 2, 1995.

Estudo Dirigido

Bell Hooks é o pseudônimo adotado pela intelectual negra Gloria Jean Watkins, como forma de homenagear aos sobrenomes de sua mãe e também da avó. Assim como boa parte de sua vida é marcada pelo posicionamento político, a escolha do pseudônimo é escrita em letras minúsculas, pois segundo ela o nome não deve valer mais do que se pensa (atividade intelectual) e além de representar também uma crítica às convenções intelectuais preconizadas pela produção intelectual limitada a uma pequena parte de pensadores, que notadamente excluía mulheres e negros (mulheres negras), portanto, sexista e racista.

A ideia central de que o texto faz abordagem recai principalmente sobre os conceitos: de interseccionalidade das raças ou teoria interseccional, esta metodologia de abordagem pode ser usada para ajudar no entendimento de como a desigualdade e a injustiça se desenvolvem na sobreposição de outras identidades sociais, de capitalismo pautado no viés desenvolvimentista da ideia de progresso e de gênero, quando aponta a necessidade de uma produção intelectual de autoras negras no intuito de se quebrar com as contradições de visões sexistas existentes e procurando realizar uma transformação social. Bell Hooks expõe através dessa análise multidimensional a capacidade destes aspectos em produzir bem como perpetuar sistemas de opressão, dominação, exploração de uma identidade social sobre outra. Observamos também que a autora é influenciada por outros intelectuais da qual irá citar no corpo da obra e podemos sentir também aspectos da teoria pedagógica do brasileiro Paulo Freire.

É notório que as universidade ainda hoje não disponibilizem de bibliografias que pautem a vida das mulheres negras como construções desenvolvidas pelas mulheres negras e por tantos outros sujeitos até então invisibilizados. Ainda hoje é possível enxergar que pouco se consegue pontuar a presença de grandes lideranças, de grandes nomes da população negra por isso é preciso que se abra um novo viés de abordagem educacional na produção intelectual e que esses espaços abram portas para outras falas, para outras experiências do fazer intelectual, porque é a partir da inclusão desses outros sujeitos que nós poderemos abarcar de fato a chamada abordagem multidimensional de diferentes identidades sociais, tão desejada pela autora, mas que em termos concretos ainda esbarra em privilégios estipulados pelo racismo na sociedade brasileira.

Não cabe mais termos uma produção academia pautada em um currículo que se apresenta absolutamente eurocentrista, entrado como se fosse essa a única matriz da sistematização do conhecimento, portanto se propondo ser esse o único campo de episteme válido como normatização do fazer intelectual. Portanto para a Hooks, esse é um debate que nós devemos fazer com uma forma de posicionamento político de reconhecimento, pela política de publicação, pela citação do que a produção intelectual negra já sistematizou até o presente momento. Precisamos derrubar a biblioteca colonial ou imperialista que se instaurou pelas diversas formas de dominação sociais, culturais e de gênero para que tenhamos mais representações sociais numa sociedade tão disforme.

A princípio a Bell Hooks expõe que numa sociedade essencialmente anti-intelectual, torna-se difícil para os intelectuais comprometidos e preocupados com mudanças sociais radicais afirmar qual o impacto dos seus trabalhos numa sociedade capitalista, cuja validação se dá pelo viés progressista. Para a autora, é justamente essa desvalorização do trabalho intelectual que torna difícil para os indivíduos originários de setores marginalizados da sociedade a ideia de conceber o trabalho intelectual como uma atividade disposta de utilidade.

A autora pontua sua vida como abordagem metodológica expondo que, mediante o fato de ter parte da infância perseguida, tal evento corroborou para ela ter valorizado o trabalho intelectual, pois este oferece os recursos necessários para auxiliar na busca pela sobrevivência, manutenção das identidades e suas raízes bem com também o de propiciar o prazer pela vida. Por isso surge para ela a opção de se declinar para o trabalho intelectual quando se associa ao objetivo de sobreviver a uma das fases mais difíceis de sua vida quando criança numa realidade dolorosa. Seguindo esta perspectiva a autora acredita que era através desta forma que ela conseguiria dar sentido ao caos de sua realidade e ao mundo desleal em volta. Conforme dito, a autora aconselha nunca se pensar na atividade intelectual como um modo operante desvinculado da nossa realidade cotidiana.

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