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Carta para irmã sobre ida ao Brasil

Por:   •  29/11/2018  •  Ensaio  •  701 Palavras (3 Páginas)  •  234 Visualizações

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UFMA Campus Codó

Alunoª: Ruana Sthefany Silva Santos

Profª: Liliane Faria Correa Pinto  

Licenciatura em Ciências Humanas/Historia

Carta do Brasil a Itália – século XIX

Caxias do sul (19 de novembro de 1878)

Minha cara irmã, Giorgia Benedetti,

Me perdoe por custar a te enviar isso, sei como deves estar preocupada, deve ter custado mais ainda chegar aí. Dois meses? Chegamos bem ao Brasil tem tempo, já arrumamos casa por cá e um serviço nas plantações de uva e café, trabalhar de comercio por aqui é duro. Você sabe o amor que eu tenho pela minha terrinha, e sabe o quão foi difícil largar tudo e vir para cá, mas eu faço por você irmã minha. Eu quero trabalhar e te dar a vida que tínhamos antes, herdei as terras de nosso pai quando este faleceu, foi injusto toma-la de nós. Era nossa por direito e papel passado!!!

Foi uma bela oportunidade poder vir com tudo pago, é realmente péssimo ceifar o trigo, mas nunca provar do pão branco; cultivar a videira, mas não beber do vinho; criar animais, mas não comer a carne. Não dá para morar numa terra onde não se consegue viver do próprio trabalho. Quando não isso, ir para à guerra, decerto que lutei orgulhosamente pelo meu país, mas tive sorte de voltar vivo e inteiro. Agora somos Reino de Itália, tu bem sabes.

Como não houve tempo em nosso país, vou contar-te como foi chegar até aqui. O primeiro desafio foi chegar até o porto de embarque, em Nápoles. Não tinha outro jeito então quando me despedi de você ainda em Positano, eu estava certo em dizer que não suportarias a viagem, me encontrei com um grupo grande de andarilhos e então seguimos juntos. O inverno estava horrível e perdemos muitos e depois de passar fome e andar por dias acabamos por chegar na data errada. Malditos agentes de má-fé, mancomunados com taberneiros e estalajadeiros, que logo trataram de abusar dos preços!! Fiquei num cubículo por dois dias que quase me custou tudo que tinha, entretanto a maioria de nós se virou pela rua. Uma vez dentro do navio, enfrentar uma viagem naval terrível, com duração entre 21-30 dias, amontoados como passageiros de terceira classe. Não eram raros os envenenamentos por comida estragada, mortes por epidemias e ondas de furtos. Ouvi boatos que 52 pessoas morreram de fome.

Ah, minha Giorgia, o Brasil! Nada que eu escrever será fácil de se imaginar, então tens que ver com seus próprios olhos. O verde intenso! A beleza exuberante! Me perguntei por vezes se não tinha morrido de fome no navio e aquilo era o céu, pois não podia ser mais bonito. Os homens e as belas mulheres de pele escura perambularam pelo porto quando cheguei, falavam alto batiam palma e riam da vida. O Brasil é um país alegre!! Ademais, as notícias de que o clima no Brasil meridional era suficientemente semelhante ao italiano para assegurar o cultivo de produtos, foi o que me fez decidir vir, então aqui estou num estado sulino com o clima temperado igual ao de Gênova minha irmã! Chama-se Caxias do Sul. Saibas que me esbarrei com muitos alemães que gozam sua vinda anterior e em “possuir as melhores terras”, nojentos. Felizmente moramos numa colônia distante da deles e tem um detalhe engraçado, as casas de madeira tem telhado inclinado para facilitar o deslizamento de uma neve que não virá mais. Aqui pode ser a região mais fria do Brasil, mas ainda é quente.

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