DISCURSO DE ANGOSTURA: O projeto “revolucionário” de Simón Bolívar
Por: vmbenatti • 9/7/2019 • Pesquisas Acadêmicas • 2.167 Palavras (9 Páginas) • 260 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA[pic 1] INSTITUTO DE HISTÓRIA GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA | |
NOME: VALENTINA MORETTO BENATTI | MATRÍCULA: 11611HIS020 |
TURMA: MATUTINO | |
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA AMÉRICA I | PROFA. DRA. ANA PAULA SPINI |
DISCURSO DE ANGOSTURA: O projeto “revolucionário” de Simón Bolívar
- INTRODUÇÃO
No século XVI, o território correspondente às colônias espanholas tinha como única função a obtenção de riquezas para o império espanhol, que se mantinha com base no controle dos cargos políticos e administrativos, da Igreja e elite local; e o controle era centralizado pelo mesmo, assim sua única função era gerar lucro e atender as demandas da metrópole. Surge um cenário de instabilidade política no século XVIII, com a substituição do rei da Espanha, Carlos IV, por José Bonaparte, ação coordenada por seu irmão, Napoleão Bonaparte, o que causou questionamento da legitimidade do governo. Além de influências externas, como a independência das treze colônias da América Inglesa, ideias iluministas e Revolução Francesa. A partir de então se inicia o nascimento de uma resistência por parte dos criollos[1], que viam na independência uma possibilidade de ascensão política e comercial, tendo em vista o pacto colonial[2] à que eram submetidos. Apesar de liderado por criollos, a independência da América Espanhola tem a participação de negros, índios, mestiços e toda a população marginalizada, que aderiram a ideia na esperança de mudar sua realidade de explorados.
O processo de independência toma força no início do século XVIII, com a fragilidade do império espanhol devido a invasão napoleônica. E então cada região do território colonial inicia seu processo individual de independência, dando origem aos países Argentina, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Chile, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, com guerras de independência em momentos distintos.
A participação de Simón Bolívar começa a ser notada neste contexto. Ele acreditava que a conquista da independência não seria desfrutada em sua totalidade se domínio espanhol continuasse atuando em qualquer parte do continente. Em discurso na sala de sessões da Sociedade Patriótica[3], em 1811, ele diz: “E o que dizem? Que devemos começar por uma confederação, como se todos não estivéssemos confederados contra a tirania estrangeira.”.
- QUEM FOI SIMÓN BOLÍVAR
Simón José Antonio de la Santíssima Trinidad Bolívar y Palacios Ponte-Andrade y Blanco, nascido em Caracas, na Venezuela, no dia 24 de Julho de 1783, foi o líder político e militar que recebeu o título de “Libertador” por sua participação no processo de independência da América Espanhola.
No livro “Simón Bolívar, O Libertador”, de Augusto Mijares e Manuel Pérez Vila, o embaixador da República Bolivariana da Venezuela, Julio García Montoya diz a respeito de Bolívar:
“Para a maioria dos venezuelanos, e me atrevo a envolver os irmãos latino-americanos nestas palavras, o Libertador Simón Bolívar representa a essência de nossa história, um ideal de justiça e libertação. Nele se conjuga o mais brilhante pensador, o homem de ação, o militar e estadista, o estudioso e o visionário. Bolivar é uma parte de nós mesmos, sem dúvida a melhor delas.” (MONTOYA, 2007, apresentação).
Seu pai era descendente da rica aristocracia espanhola, teve seu filho, que perdeu o pai aos três, e a mãe aos nove anos. Órfão, Bolívar foi criado por seu tio, Dom Carlos Palacios, que em torno dos dezesseis anos o mandou à Espanha para continuar seus estudos. Em 1802 casa-se com Maria Tereza, é então que voltam à Venezuela e Bolívar fica viúvo, febre amarela leva sua esposa à morte. Em 1803 volta à Espanha, de onde é expulso por suspeita de atividades revolucionárias, considerado traidor, e se refugia em Paris, quando lhe é apresentado discursos ativistas de personalidades da vida política e intelectual da região. Em 1806 retorna à Venezuela e passa a ser um dos principais dirigentes da luta pela independência por sua bagagem teórica e prática acerca do assunto.
Simón Bolívar foi uma ideal de ação, era uma pessoa estudada, viajada, e rica que se guiava pela noção de liberalismo social que possuía, de acordo com sua vivência, sofrendo influência das ideias iluministas quando na Europa. A participação do Libertador no processo de independência se inicia na Venezuela, mas se estende presencialmente em pelo menos cinco países, sendo eles Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, além da participação indireta em tantos outros.
Durante o processo de independência da América Espanhola, no ano de 1815 foi escrita a Carta da Jamaica, ou Carta Profética, por Simón Bolívar. Este momento era de extrema dificuldade para os guerreiros da resistência, já que o império espanhol havia se fortalecido e mandado tropas para toda a região que se movimentava contra o regime absolutista. Nela Bolívar procura apoio de países Europeus, além dos Estados Unidos para fortalecer a luta pela independência que naquele cenário estava sem perspectivas, já que os patriotas estavam sendo perseguidos e se encontravam refugiados. Bolívar enxergava a as guerras que aconteceram na América Espanhola no século XVIII como mais um episódio da disputa entre progressistas e conservadores.
“Seguramente, a união é o que nos falta para completar a obra de nossa reconstrução. Entretanto, nossa divisão não é estranha, porque é a característica das guerras civis formadas geralmente entre dois partidos: “conservadores e reformadores”. Os primeiros são, comumente, mais numerosos, porque o império dos costumes produz o efeito da obediência aos poderes preestabelecidos; os últimos são sempre menos numerosos, ainda que mais veementes e ilustrados. Dessa forma, a massa física equilibra-se com a força moral e a contenda prolonga-se sendo seus resultados muito incertos. Por sorte, no nosso caso, a massa seguiu a inteligência.” (BOLÍVAR, 1815, f.22).
- O PROJETO DE SIMÓN BOLÍVAR NO DISCURSO DE ANGOSTURA
Além do rompimento com a Espanha, Simón via outro fim para a América Espanhola, que consistia em um projeto que unificaria o continente americano. No chamado “Discurso de Angostura”[4], Bolívar apresenta uma proposta aos representantes do povo venezuelano ali reunidos.
O Libertador acredita em um regime democrático, porém ele diz que o fracasso do mesmo é a continuação de um mesmo indivíduo no poder, porque, segundo ele, a população se submete à receber ordens da autoridade estabelecida e ela, por sua vez, acostuma-se a mandar, o que faz necessário as periódicas eleições. Ele diz ainda que por mais que outras regiões, quando obtiveram a independência formaram diferentes nações, para América não seria o melhor caminho, já que até então sua existência política havia sido nula e sua passividade imensa.
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