FICHAMENTO: MOCAMBOS DE PALMARES: HISTÓRIAS E FONTES (SÉC. XVI – XIX)
Por: gabips • 12/6/2018 • Trabalho acadêmico • 1.955 Palavras (8 Páginas) • 377 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
MOCAMBOS DE PALMARES:
HISTÓRIAS E FONTES (SÉC. XVI – XIX)
Gabriela Puschiavo – 136.432 – Noturno – 1º Termo
Guarulhos
- Crítica Documental
Este trabalho tem como objetivo a análise de uma série de documentos do Brasil Colonial, especificamente sobre a questão dos quilombos e mocambos no nordeste brasileiro durante o século XVII. Os sete documentos analisados são cartas e acordos de câmaras presentes no livro Mocambos de Palmares: histórias e fontes (séc XVI-XIX).
Os primeiros documentos analisados e sintetizados relatam as medidas tomadas por governadores acerca do crescimento dos quilombos e da quantidade de escravos fugidos de fazendas, durante o final da década de 1660 e o inicio da década de 1670. Posteriormente, as cartas relatam os desejos e pedidos de governadores a corte portuguesa. Por fim, na década de 1690, os relatos narram episódios específicos sobre a guerra contra os Palmares, incluindo a morte do principal líder Quilombola, Zumbi dos Palmares.
Um dos primeiros documentos apresenta um acordo realizado entre duas Câmaras Municipais, a de Porto Calvo e Alagoas. As câmaras tinham como objetivo a administração pública e a solução de problemas relacionados á vila ou ao município, nas questões econômicas, politicas e administrativas.
Em todos os documentos há relatos, ordens e acordos de governadores, entre eles, cita-se: Cristóvão Lins, capitão e alcaide-mor de Porto Calvo, título recebido em 1600. Foi o fundador do município de Porto Calvo, a partir de terras doadas. Cristóvão Lins estabeleceu a atividade canavieira e os primeiros engenhos na região; Bernardo de Miranda Henrique, governador de Pernambuco durante três anos, de junho de 1667 a outubro de 1670; João da Cunha Sotto Maior, que governou Pernambuco de 1685 a 1688; Caetano de Melo e Castro, também governador de Pernambuco, de 1693 a 1699. É durante o seu governo que há grande repressão aos Palmares, principalmente pelo fato de contarem com a ajuda e trabalho de Domingos Jorge Velho, além da morte de Zumbi dos Palmares.
Os últimos documentos relatam a opressão, a guerra e a queda dos Palmares, além da morte de Zumbi dos Palmares. A partir da década de 1690, o governo de Pernambuco junto à corte portuguesa realizaram diversas investidas e expedições aos quilombos para a sua destruição. Para tanto, Domingos Jorge Velho, bandeirante paulista, é contratado com a tarefa de ajudar na campanha para o fim dos quilombos e da resistência. O bandeirante reuniu diversos homens, entre eles índios e homens brancos para cumprir tal missão. Entre vitórias e derrotas, em 1694 seu grupo ataca o quilombo dos Palmares. No ano seguinte, Zumbi dos Palmares, líder dos Palmares e grande influência, é morto pela expedição do capitão André Furtado de Mendonça.
- Síntese dos documentos
- Acordo entre as câmaras de Porto Calvo e Alagoas acerca da extinção dos Palmares [1668]
O documento refere-se a um acordo realizado na vila do Bonsucesso, em Porto Calvo, no dia 17 de dezembro de 1668, entre as câmaras de Porto Calvo e Alagoas. Escrito pelo escrivão da câmara Nicolau Gonçalves Figueira, o acordo previa a extinção dos negros e aos Palmares. Durante a vereação estavam presentes: alcaide-mor de Porto Calvo Cristóvão Lins e homens do governo, dois deputados de Alagoas, capitão Antônio Cabral de Vasconcelos, capitão Gaspar de Araújo e capitão-mor André Gomes.
Acordou-se uma união entre as vilas, sob o comando de um único governo, nas quais enviariam os melhores homens para a destruição de mocambos. Durante os atos, os enviados deveriam prestar assistência, preservar alimentos encontrados para sustento próprio, reprimir – com uso de pólvora e balas - os moradores dos mocambos. As presas capturadas seriam vendidas para fora de Pernambuco em um valor individual de 12 mil réis, aqueles menores de 12 anos poderiam ficar na capitania com o seu senhor. Além disso, negros corsários aprisionados nos mocambos, que de alguma maneira trabalhavam com morte ou roubo deveriam ser castigados com morte.
- Ordem do governador Bernardo de Miranda Henriques ao capitão-mor de Alagoas acerca dos pretos dos Palmares [1669]
O documento trata de uma ordem do governador de Pernambuco, Bernardo de Miranda Henriques, ao capitão-mor André Gomes. Escrita em março de 1669, por Pero Bezerra – escrivão da Câmara, a ordem remete a uma notificação que deveria ser feita aos moradores que possuíssem escravos (tanto homens quanto mulheres) que se tomaram nas entradas aos Palmares, para que os vendessem a outras capitanias. A venda deveria acontecer até trinta dias a partir do momento no qual a notificação foi recebida, caso não cumprido, a vila de Olinda tornaria-se responsável pelo uso e pela venda desses escravos.
Em 06 de abril, o ajudante do governador André Gomes, Gonçalo Rodrigues, foi o responsável por notificar aos moradores que possuíam negros dos Palmares sobre o cumprimento da ordem estabelecida pelo governador Bernardo de Miranda Henriques.
- Carta do governador Fernão de Souza Coutinho de sobre o aumento dos mocambos dos negros levantados nos Palmares [1671]
A carta escrita por Fernão de Souza Coutinho, em junho de 1671, relata seu desejo de extinguir os Palmares, além do sentimento de ameaça e de dano que lhe causa os mocambos. Inicialmente, relata que os negros trazidos de Angola para o trabalho em engenhos passam a formar esses povoados que ganham força e crescem cada vez mais. Em seguida, escreve sobre o seu desejo de passar, no verão, em Porto Calvo, seguir até Palmares, para, como escrito por ele “ser investidos e arrasadas suas povoações, continuamente até de todo se extinguirem e ficar livre esta capitania deste dano que tanto a ameaça”.
Sob a justificativa de que as dificuldades para realizar essa guerra são muitas, entre elas a falta de carruagens para os mantimentos, recorre ao príncipe regente D. Pedro
- Consulta do Governador de Pernambuco em que se dá conta dos novos excessos e tiranias que fazem os negros dos Palmares em todas aquelas capitanias [1685]
A carta escrita pelo governador João da Cunha Sotto Maior, em novembro de 1685, dirige-se ao Rei de Portugal. Nela, relata-se que o governador de Pernambuco castigou escravos moradores dos Palmares sob o pretexto de que os mesmos mataram, roubaram, além de levarem outros escravos para a região. Ainda é relatado que com muitas dificuldades, soltou e elegeu Fernão Carrilho, antes preso por não ter castigado negros, capitão-mor e cabo das tropas, este sendo responsável pela aniquilação de negros. Relata-se, ainda, o contado entre o governador e paulistas sertanejos que se filiaram á luta contra os Palmares.
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