Resenha: A Poética da História
Por: Italo Maciel • 17/4/2017 • Resenha • 1.875 Palavras (8 Páginas) • 192 Visualizações
Universidade de Brasília – UnB
Instituto de Ciências Humanas
Departamento de História – HIS
Disciplina: Teoria da História
Professor: Arthur Alfaix Assis
Estudante/ Matrícula: Ítalo Maciel Ouriques – 12/0051575
Resenha do Texto:
WHITE, Hayden. 2008. “Introdução: A Poética da História”. In: Meta-história: a imaginação histórica do século XIX. São Paulo: EDUSP. pp. 17-56.
Hayden White é professor emérito da Universidade da Califórnia, Santa Cruz. Recentemente se aposentou da posição de professor de literatura comparada na Universidade de Stanford. O historiador estadunidense defendeu seu mestrado e doutorado na Universidade de Michigan, respectivamente nos anos 1952 e 1955. White é um historiador que dialoga com a tradição da crítica literária, e tem por mais famosa a sua obra chamada, Meta-história: A imaginação histórica na Europa do século XIX, publicada no ano de 1973. Tendo em vista a análise da consciência histórica na Europa do século XIX, White aponta para uma discussão do conhecimento histórico a partir das obras de alguns dos mais notáveis nomes da historiografia tais como Tocqueville, Michelet, Ranke e Burckhardt; chamando atenção também para os filósofos do período como Hegel, Nietzsche, Marx e Croce. Dessa forma, White vale-se do auxílio de instrumentos conceituais da linguística e da crítica literária.
Por conseguinte é importante salientar em qual debate historiográfico o autor está inserido e a relevância do estudo da produção de tal autor para o debate em sala de aula. Chris Lorenz ressalta que White rompeu com uma ligação positivista da época com a obra Meta-história (1973), ao pôr em evidência a questão da autonomia da narrativa histórica. Tal momento marca o que é chamado de “virada linguística” (linguistic turn). Ainda assim, Lorenz sinaliza que a partir de então ocorreu o início de uma nova fase na teoria da história (LORENZ, 2011). À vista disso, é necessário ressaltar que foi Arthur C. Danto que representou a transição entre o período analítico e o narrativo, com a obra Filosofia Analítica da História (1965) (LORENZ, 2011). Frank Ankersmit, Paul Ricouer e Jörn Rüsen também seguiram essa abordagem da filosofia narrativista, porém com outras fontes filosóficas como base (LORENZ, 2011). Isto posto, é interessante mostrar que Hayden White insere-se no contexto da reflexão sobre o papel da narrativa na configuração do conhecimento histórico, dessa forma como está explicitado na ementa deste curso, será discutido se e o quanto o entendimento da proximidade entre história e ficção prejudica a pretensão da historiografia de ceder conhecimento válido e confiável sobre o passado humano. Para além de White, posteriormente, estudaremos autores como: Frank Ankersmit, Louis Mink, Luiz Costa Lima e Jörn Rüsen.
“A poética da história” é a introdução do livro, Meta-história: A imaginação histórica na Europa do século XIX. Uma obra acadêmica destinada não só aos estudiosos do campo da História, mas também àqueles que possuem interesse no debate da narrativa histórica. A introdução está dividida em oito partes, ao passo que na primeira parte o autor faz algumas ressalvas ao leitor para que possa, finalmente, partir para seu objeto de estudo no qual elucida os temas propostos. Por conseguinte o argumento principal do autor é de que, tendo em vista a análise que faz da consciência histórica na Europa do século XIX e da proposta de uma discussão do conhecimento histórico a partir de historiadores – Tocqueville, Michelet, Ranke e Burckhardt – e filósofos – Hegel, Nietzsche, Marx e Croce. White expõe, na introdução, os princípios interpretativos no qual se baseia o trabalho. Uma vez que considera o trabalho histórico como uma narrativa e, dessa forma, identifica três tipos de estratégias que os historiadores podem usar para obter diferentes tipos de “impressão explicativa”, aspecto dado a narrativa pelos historiadores. Essas estratégias podem ser por argumentação formal (formismo, organicismo, mecanicismo e contextualismo), por elaboração de enredo (estória romanesca, comédia, tragédia e sátira) e por implicação ideológica (anarquismo, conservantismo, radicalismo e liberalismo). E nos autores que White estuda, identifica quatro estilos retóricos (tropos) considerados como estratégias poéticas para a construção dos textos: metáfora, metonímia, sinédoque e ironia (SUTERMEISTER, 2009).
Após fazer uma introdução acerca do que se trata o livro, o autor passa a explicar a “teoria da obra histórica”. Nessa parte deixa claro que é necessário esclarecer em que consiste a estrutura típico-ideal da “obra histórica”. Crônica, estória, modo de elaboração por enredo, modo de argumentação e modo de implicação ideológica, são os níveis de conceptualização na obra histórica que White passa a discernir. Ainda ressalta que a “obra histórica” representa uma tentativa de mediação entre o campo histórico, o registro histórico não processado, outros relatos históricos e um público. Os elementos do campo histórico são organizados numa crônica pelo arranjo dos acontecimentos que serão tratados na ordem temporal de sua ocorrência. E depois a crônica é organizada numa estória. Por fim faz uma diferenciação entre estória e crônica, ao passo que as estórias históricas reconstituem as sequências de eventos que conduzem dos inícios aos términos de processos sociais e culturais. Já as crônicas não fazem, aliás tem finais em aberto, não se identifica um início.
Na parte seguinte, “explicação por elaboração de enredo”, White ressalta que essa explicação tem o propósito de dar “sentido” a uma estória através da identificação da modalidade de estória que foi contada. Uma vez que a elaboração de enredo é a via pela qual uma sequência de eventos modelados numa estória gradativamente se revela como sendo uma estória de um tipo determinado. Dessa forma, podemos identificar quatro modos pelo qual é feito essa elaboração: a estória romanesca, a tragédia, a comédia e a sátira. Assim sendo, vale a pena caracterizar, de modo simples, esses quatro tipos. A estória romanesca é fundamentalmente um drama de auto-identificação simbolizada pela figura do herói; já a sátira é o oposto disso, mas é um drama da disjunção, drama dominado pelo temor de que o homem é um cativo no mundo; na comédia, o autor explicita que a esperança do temporário triunfo do homem sobre seu mundo é oferecida pela perspectiva de reconciliações ocasionais nos mundos social e natural; por fim, na tragédia há sugestões de estados de divisão entre os homens ainda mais terríveis.
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