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Resenha: Documentário Morro dos Prazeres

Por:   •  29/1/2016  •  Resenha  •  1.147 Palavras (5 Páginas)  •  800 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE DIREITO

JOSÉ NEY PEDREIRA SANTOS

RESENHA DO DOCUMENTÁRIO: MORRO DOS PRAZERES

(Maria Augusta Ramos)

Macaé

2016

O documentário Morro dos Prazeres retrata a vida numa comunidade um ano após a implantação da UPP, e logo no início do filme, pode-se perceber a brincadeira das crianças, que nada mais é, do que um retrato fiel do que eles presenciam no seu convívio social. Uma criança que encontra prazer e alegria, retratando a cena de um policial extorquindo mais um morador da comunidade, o qual, ele classifica-o como bandido, e logo em seguida, a situação inversa, de um bandido que consegue dominar o policial e faz ameaças de morte, caso o mesmo volte à comunidade.

Logo em seguida vê-se uma moradora que vai até a Unidade de Polícia Pacificadora para registrar uma ocorrência de uma agressão de um policial contra um morador, mas a mesma  não encontra amparo diante do pouco caso que o policial trata o caso.

Mas afinal qual a finalidade da UPP?

Segundo o que está no sítio da Secretaria de Segurança Publica, o conceito de norteia  a UPP é o de construir uma “policia da paz”, apresentada como “importante arma do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Segurança para recuperar territórios perdidos para o tráfico e levar a inclusão social à parcela mais carente  da população”.

Contraditoriamente, com a implantação da UPP, esperava-se uma proteção e segurança, mas  ao longo do tempo ficou configurado uma inversão desses valores, a insegurança e o medo constante, haja vista que essa proteção que tinha como fonte primordial, foi se diluindo ao longo do tempo.

 A segurança que existia dentro da comunidade antes da respectiva UPP, dominada pela cultura opressora do tráfico, pois não tolerava quaisquer irregularidades, até mesmo um pequeno furto, pois tinha como compensação  a própria vida ceifada, deixou de prevalecer, pois agora a idéia é que a comunidade esteja amparada pela Segurança Pública do Estado.

Mais uma vez, o filme mostra o total despreparo do judiciário, onde prevalece e somente se aceita, os fatos narrados pelos policiais, e até mesmo a Juíza menciona que não é possível duvidar da versão apresentada pelos policias, pelo fato de os mesmo terem fé pública.

Fica evidenciado a diferença entre o que o texto diz e o real tratamento que a juíza tem com o infrator. Podemos deduzir que nem sempre é possível tratar o infrator com carinho e benevolência.

Tem que haver a punição, mas se a nossa legislação é branda demais com os menores que cometem atitudes ilícitas, os nossos representantes do poder acabam tendo uma postura um pouco mais impositiva, até mesmo agressiva, assim como faz a juíza, para tentar disciplinar o menor infrator e fazer com que o mesmo consiga viver harmoniosamente e respeitando o convívio em sociedade.

Torna-se, de certa forma, uma transgressão por parte dos operadores do direito, haja vista, que essas formas de aplicabilidade da justiça, não é a forma adequada, e que na pratica não se vê uma redução significativa desses delitos cometidos por menores infratores, até mesmo uma reinserção dos mesmo na sociedade.

Portanto, o poder-dever de punir do Estado, que tem como principio basilar a imparcialidade diante dos fatos, não se vê na prática. E todos esses fatores, acabam por eclodir na pratica constante de delitos praticados por esses mesmos infratores, como se pode vê no documentário, a tentativa de reeducar o transgressor, não surtiu nenhum efeito, a partir do momento que os mesmo não conseguem se distanciar, até mesmo acabar com a vida do crime e do uso constante de entorpecentes.

Mas diante de uma carência detectada no morro dos prazeres, pela ausência de uma política publica séria, e capaz de levar o lazer, a cultura, o teatro, fazendo com que  todos dentro dessa comunidade passem a ter uma vida social mais digna e capaz de minorar consideravelmente essas desigualdades encontradas ao longo de todo esse período de pacificação no morro, encontra-se pessoas de bem, com um espírito evoluído e levando a esperança num lugar outrora esquecido pelos nossos governantes.

É o caso do carteiro que depois da sua exaustiva jornada diária, ainda encontra fôlego, força e prazer em ensinar as meninas da comunidade a jogar bola, que na verdade, transcende o esporte em si, pois é um momento de ensinar valores morais que foram perdidos e esquecidos pelos seus pais educadores.

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