Resenha - O Livre Arbítrio, Santo Agostinho
Por: ROMULO AUGUSTO JUCHEM SCHNEIDER • 23/8/2019 • Resenha • 930 Palavras (4 Páginas) • 366 Visualizações
UFFS – UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL
HISTÓRIA – 2ª FASE
INTRODUÇÃO À PRÁTICA CIENTÍFICA
PROF. DR. FERNANDO VOJNIAK
SANTO AGOSTINHO. O Livre Arbítrio. 1 ed. Tradução, introdução e notas de Nair de Assis Oliveira. Ver. de Honório Dalbosco. São Paulo: Paulus, 1995.
RÔMULO AUGUSTO JUCHEM SCHNEIDER
Santo Agostinho nasceu em 354 na cidade de Tagaste, Numídia (província romana no norte da África), atual Souk Ahras, Argélia. Filho de mãe berbere e de pai púnico. Foi educado em latim. Aos onze anos fora enviado a Maduro (atual M’Daourouch). Seis anos mais tarde, graças a um amigo, muda-se para Cartago, para estudar retórica.
Aos 20 anos se torna professor de retórica em Tagaste, mas perturbado com o comportamento dos alunos decide fundar uma escola em Roma em 383. Em 384 vira professor de retórica da corte imperial em Mediolano. Até 386 era maniqueísta, convertendo-se neste ano à cristandade. Em 391 é ordenado bispo de Hipona, um dos motivos pelo qual é conhecido como Agostinho de Hipona. Morre em 430 durante o cerco vândalo a Hipona e fora canonizado e reconhecido como Doutor da Igreja em 1289 pelo papa Bonifácio VIII.
Cerca de 20 anos antes de sua morte, acontece o saque à Roma, que abala a fé dos cristãos, Santo Agostinho escreve então algumas obras afim de restaurar a fé cristã, entre elas estão Confissões, Cidade de Deus, Trindade e Sobre a Livre Escolha da Vontade, traduzido também como “O Livre Arbítrio”, sendo este último, mais precisamente seus capítulos iniciais, o objeto de análise desta resenha.
Quando lemos Agostinho, precisamos mergulhar na meditação de seu pensamento, neste momento a busca por conhecimento se torna inenarravelmente grande. Engana-se quem pensa que esta leitura é ultrapassada, uma vez que Santo Agostinho é fé, razão, questionamento, inquietação e desejo de saber. A leitura dessa obra nos transporta para um lugar obscuro dentro de nós mesmos, num limite fronteiriço entre fé e razão.
O Livre Arbítrio é um convite ao conhecimento, nos proporcionando conhecimento interior, é essencialmente filosofia e nos confere certas questões como: Deus é mal? Deus é o autor do mal? Porque existe sofrimento se Deus é bom? Agostinho as analisa a exaustão, não nos deixando a sós e nos responde a mesma medida que nos questiona, sendo tão astuto instrutor que nos leva ao centro de nós mesmos, nos mostrando que todo homem/vida é único/única.
De acordo com Agostinho, o homem é dotado de racionalidade e de uma vontade pessoal de liberdade, sendo esta, um bem impalpável, podendo seguir dois caminhos: indo atrás do Bem Supremo/Deus alcançando então a beatitude; ou então se afastando d’Ele, que leva o homem a má moral e pecados, aproximando-se da infelicidade humana. Validamente as vontades humanas são livres, cabe a cada um a escolha de ser bom ou mal, aproximar-se ou afastar-se de Deus, sendo o Próprio que deu esta liberdade de contestá-lo e confrontá-lo.
Em suma, de acordo com a filosofia agostiana, o livre arbítrio é o sujeito moral, nessa dimensão de autonomia cabe ao homem responsabilizar-se por seus atos. Assim, Deus seria apenas um dos fatores constitutivos da natureza humana, assim como as Trevas que o opõem.
Sendo, portanto, o mal um dos caminhos ao qual a liberdade pode se encaminhar – porém, não no sentido que existam coisas más a se escolher – uma vez que tudo que existe é uma criação divina, sendo assim bom.
Ainda que pecar seja um fato essencial do livre arbítrio, uma vez que Deus o deu para que o homem vivesse retamente. De maneira que, se o homem não é livre, não pode pecar, logo não tem a possibilidade de agir corretamente, nem de seguir ou não as leis divinas; este não teria a possibilidade de buscar a Verdadeira Felicidade, nem a renegar, não podendo também enfrentar a justiça divina.
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