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Resenha crítica do livro Breve Interpretação da História de Portugal

Por:   •  19/1/2017  •  Resenha  •  1.670 Palavras (7 Páginas)  •  977 Visualizações

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Resenha crítica do livro Breve Interpretação da História de Portugal

SÉRGIO, Antônio. Breve Interpretação da História de Portugal. 8ª Edição. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1978.

        Antônio Sérgio foi um dos mais marcantes pensadores do Portugal contemporâneo, com uma vasta obra que se estende da teoria do conhecimento, à filosofia política e à filosofia da educação, passando pela filosofia da história. Escritor, pensador e pedagogo português, nasceu em Damasco, na Índia em 1883, faleceu em Lisboa em 1969, manteve marcas da cultura não europeia. A sua vida foi dedicada à reforma educacional em Portugal. Filho de um almirante, em virtude de este ter sido Governador do Congo Português, passou a sua meninice em África, e só depois veio radicar-se em Lisboa (1893). Estudou no Colégio Militar e tornou-se oficial da Marinha de Guerra. Após a revolução de 05 de outubro de 1910 que acabou com a Monarquia em Portugal, Sérgio abandonou a Marinha. Para ele "conhecer" é "ter ideias"; é um idealista. Escreveu na Revista Águia, com pessoas como Fernando Pessoa; foi um dos diretores da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira; escreveu uma imensa obra pedagógica; introduziu o Cooperativismo em Portugal. Criticou a Educação baseada na memória. Foi um dos fundadores do movimento denominado Renascença Portuguesa, fundamentalmente voltado para as questões educacionais. Antônio Sérgio deve ser entendido como um político. Foi opositor do regime de Salazar, sendo obrigado a exilar-se em Paris, depois em Madrid, de onde regressou a Portugal depois de ter sido abrangido por uma anistia. Para ele o princípio básico da Democracia é desconfiarmos de quem nos governa.

        Seu livro Breve Interpretação da História de Portugal é constituído por 125 páginas, dividido em três épocas: a primeira INCORPORAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA METRÓPOLE, composta por quatro capítulos; a segunda EXPANSÃO MARÍTIMA E COLONIAL, composta por cinco capítulos e a terceira TENTATIVAS DE REMODELAÇÃO METROPOLITANA, composta por dois capítulos, em cada época, em cada capítulo, o autor aborda uma interpretação da história de Portugal, buscando compreendê-la, por meio da união de um fio de ideias que os selecionou que os ligou que os ordenou num determinado sistema.

        No capítulo I da primeira época, há uma breve explanação do período dos romanos, dos visigodos e dos maometanos, evidenciando que nunca se viu no sul do país (ao contrário da parte norte) a pequena propriedade e a cultura intensiva. Esclarecendo que o regime que a Coroa aí adotou não foi dos que auxiliam a colonização: foi o das grandes doações às classes privilegiadas. Assim, desde o início ali foi estabelecida, a propriedade latifundiária. Isso teria gerado dois problemas agrários nacionais: no Norte, o da excessiva divisão e parcelamento da propriedade, auxiliada pelo atual regime sucessoral; no Sul, o da insuficiência do número de proprietários médios e pequenos.

        No capítulo II o autor trata da fundação da nacionalidade caracteres da sociedade portuguesa medieval, demonstrando que um dos grandes males da nação foi que a fidalguia se não enraizou nos seus campos, não exerceu um verdadeiro papel civilizador – um papel de direção e proteção dos seus povos – antes se fez parasita do povo e do Poder Central. Os maus efeitos desse vício sentem-se ainda hoje no país.

        No capítulo III é abordado o desenvolvimento do Portugal medieval, mostrando que no reinado de D. Afonso III, foi conquistado o “reino do Algarve” e completada a nação sob o aspecto territorial. Foi um reinado prospero e graças ao prestígio do rei de Castela, Afonso o Sábio, sogro de Afonso III. Dinis foi entregue a mestres muito notáveis que cuidou de sua educação. Devido a tais circunstâncias e a sua capacidade d. Dinis foi um modelo de estadista. Fomentou a agricultura; incentivou a distribuição e circulação da propriedade; reorganizou a Marinha; resolveu habilmente os problemas dos Templários; Fundou a primeira Universidade portuguesa em Lisboa; mandou traduzir obras notáveis e ele próprio foi um dos poetas mais distintos da sua culta e aprimorada corte.

        No capítulo IV, refletindo sobre A Revolução de 1383-1385. Predomínio da Atividade do Transporte e da Burguesia Comercial-Marítima, Sérgio salienta que o rei de Castela apossou de Portugal. Diante de uma crise, a fidalguia decidiu-se pelo castelhano, ao passo que a burguesia comercial-marítima toma o caminho da revolução. Os partidários decididos da revolução eram no País uma minoria, mas tinham por si a organização e o dinheiro dos burgueses e o povo do litoral, bem como a fé e o talento de Nuno Álvares, o condestável.

        No capítulo I da segunda época, o autor aborda a Exploração do Comércio Africano e a Busca do Caminho Marítimo Para a Índia, destacando que o casamento de D. João I com uma filha do Lencastre contribuiu para modificar a corte e as classes dirigentes de Portugal. Os descobrimentos do século XV foram uma façanha de gente, muito precisa dos escopos práticos a que tendia, e do estudo minucioso dos meios adequados a tais escopos: nada semelhante ao aventuralismo com que a pintaram, depois os romântico do século XIX.        

No capítulo II, Sérgio trata da Exploração do Comercio do Oriente, enfatizando que desde que Bartolomeu dias passara a ponta meridional do continente de África, o problema do caminho da Índia – o problema náutico e geográfico –, era um problema resolvido. Agora, com efeito, já se não tratava de descobrir: pretendia-se organizar na Índia a compra e expedição das mercadorias, e negociar diplomaticamente, para esse efeito, com os soberanos orientais. O rei, por isso não escolheu um homem do mar para chefe da expedição, mas um nobre, capaz da categoria de seu enviado: Vasco da Gama. A missão de Vasco da Gama, completada pela de Cabral e João da Nova, fez de Portugal o intermediário máximo, e de Lisboa o empório do grande comércio, frequentado por enxames de navios e mercadores de todo o mundo.

No capítulo III, são debatidos os germes da decadência e as tentativas de reforma do regime colonial. Conforme o autor, a formação comunitária e a política do transporte fizeram do poder central o dispensador de todos os bens, o centro de aspiração das energias nacionais; Os problemas econômicos e financeiros anda ligada a questão dos judeus. A situação próspera do Judeu excitava a inveja, o despeito, a cobiça dos Cristãos. Nos domínios da cultura mental, a inquisição suprimiu a possibilidade de um pensamento criador, destruindo, pois, os germes de humanismo científico da grande época dos descobrimentos.

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